Resumo
O presente artigo aborda analiticamente a crise político-institucional conhecida como o Caso Butantan, que tem como uma de suas figuras centrais o médico Afrânio do Amaral, então diretor do Instituto Butantan (IBu). Esse episódio, na história dessa instituição, evidencia conflitos de natureza interna ocorridos entre as décadas de 1920 e 1940, período em que o Butantan passou por profundas transformações, buscando uma nova institucionalidade e conflitos de natureza externa que revelam questões concernentes a mudanças na relação entre Estado, comunidade científica, mercado e instituição. Os referenciais teóricos utilizados para análise foram o conceito de dependência de trajetória de Paul Pierson e o conceito de campo científico de Pierre Bourdieu. Para a análise, utilizamos bibliografia específica e fontes documentais externas e internas: relatórios de gestão, cartas e depoimentos, artigos de jornais e entrevistas. Nas considerações finais, são apresentadas discussões ligadas ao tema do capital científico entre lideranças, reconstruindo mudança de poder e trajetórias e ao papel dos institutos públicos e privados na área de produção de imunobiológicos e medicamentos. Uma síntese feita a partir das análises do artigo, de certa forma, desmonta a visão de que as decisões que envolvem os institutos científicos e a saúde pública em São Paulo são tomadas apenas por atores institucionais ou seus pares, mas são influenciadas por visões dos dirigentes paulistas das diferentes esferas administrativas e de governo, polarizadas por outros interesses e motivações aqui apenas evocados por um enfoque mais específico do IBu.
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