Ocorrência de dengue e sua relação com medidas de controle e níveis de infestação de Aedes aegypti em uma cidade do sudeste brasileiro

Autores

  • Francisco Chiaravalloti Neto Departamento de Epidemiologia. Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo.
  • Gerson Laurindo Barbosa Divisão de Orientação Técnica. Superintendência de Controle de Endemias. Coordenadoria de Controle de Doenças. Secretaria de Estado da Saúde. I
  • Thiago Santos Mota Departamento de Bioestatística. Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista. Botucatu.
  • Bruno Galli Imagem Sistemas de Informação. São José dos Campos. São Paulo
  • Liciana Vaz de Arruda Silveira Departamento de Bioestatística. Instituto de Biociências. Universidade Estadual Paulista. Botucatu.

DOI:

https://doi.org/10.57148/bepa.2020.v.17.33972

Palavras-chave:

Dengue, Aedes aegypti, Controle, Entomologia, Análise espacial

Resumo

Introdução: Vários autores têm apontado limitações nas medidas adotadas para o controle de Aedes aegypti e da dengue. Além disso, há falta de evidência sobre a relação entre níveis de infestação por Ae. aegypti e ocorrência de dengue. Este trabalho objetivou avaliar a relação entre ocorrência de dengue e medidas de controle e infestação por Ae. aegypti em uma cidade do sudoeste brasileiro no período de 2001 a 2006. Métodos: A razão de incidência de dengue (variável dependente) e a cobertura das atividades de controle e índices de infestação (covariáveis) foram calculadas usando unidades espaciais e os anos. Foi ajustado um modelo de Poisson espaço-temporal Inflado de Zeros, considerando os seguintes períodos: Setembro de 2001 a Agosto de 2006 e Setembro de 2003 a Agosto de 2006. Resultados: Atividades de rotina para o controle do vetor (com visita regular a todos os imóveis) foram consideradas fator protetor para ocorrência de dengue. Porém, para controlar fetivamente a ocorrência de casos, estas atividades necessitariam ser realizadas com cobertura quinzenal. O Índice de Breteau mostrou uma fraca correlação direta com ocorrência de dengue. Conclusões: Atividades de rotina estão entre as mais importantes medidas de controle aplicadas para evitar a dengue no Brasil. Apesar disto, estas medidas vêm sendo desenvolvidas sem interrupção e com elevado custo aplicado para o controle da dengue, e se mostram ineficientes por causa da alta cobertura necessária para o seu efetivo controle da dengue. Assim, a reavaliação do programa de controle da dengue no Brasil requer urgência para se tornar mais eficiente. O resultado do Índice de Breteau foi atribuído à falta de ajuste do modelo em relação aos diferentes níveis de imunidade para os sorotipos circulantes na área de estudo, tanto no espaço como no tempo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

1. Nunes MRT, Faria NR, de Vasconcelos JM, Golding N, Kraemer MU, de Oliveira LF et al. Emergence and potential for spread of Chikungunya virus in Brazil. BMC Med. 30 de abril de 2015;13(1):102.
2. Faria NR, Azevedo R do S da S, Kraemer MUG, Souza R, Cunha MS, Hill SC et al. Zika virus in the Americas: Early epidemiological and genetic indings. Science. 15 de abril de 2016;352(6283):345-9.
3. Brasil P, Pereira JP, Moreira ME, Ribeiro Nogueira RM, Damasceno L, Wakimoto M et al. Zika Virus Infection in Pregnant Women in Rio de Janeiro. N Engl J Med. 15 de dezembro de 2016;375(24):2321-34.
4. Organização Panamericana de Saúde. Diretrizes relativas à prevenção e ao controle da dengue e da dengue hemorrágica nas Américas: Relatório de Reunião sobre Diretrizes para a Dengue. 1991.
5. Farinelli EC, Baquero OS, Stephan C, Chiaravalloti-Neto F. Low socioeconomic condition and the risk of dengue fever: A direct relationship. Acta Trop. abril de 2018;180:47-57.
6. Chiaravalloti Neto F. Descrição da colonização de Aedes aegypti na região de São José do Rio Preto, São Paulo. Rev Soc Bras Med Trop. agosto de 1997;30(4):279-85.
7. Mondini A, Bronzoni RV de M, Nunes SHP, Chiaravalloti Neto F, Massad E, Alonso WJ et al. Spatio-Temporal Tracking and Phylodynamics of an Urban Dengue 3 Outbreak in São Paulo, Brazil. PLoS Negl Trop Dis [Internet]. 26 de maio de 2009 [citado 3 de fevereiro de 2020];3(5). Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2682200/
8. Rocco IM, Silveira VR, Maeda AY, Silva SJ dos S, Spenassatto C, BISORDI I et al. Primeiro isolamento de Dengue 4 no Estado de São Paulo, Brasil, 2011. Rev Inst Med Trop São Paulo. fevereiro de 2012;54(1):49-51.
9. Chiaravalloti-Neto F. Estudo da ocorrência de dengue em cidade de porte médio do estado de São Paulo. Tese de Livre docência. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. 2010.
10. Heintze C, Velasco Garrido M, Kroeger A. What do community-based dengue control programmes achieve? A systematic review of published
evaluations. Trans R Soc Trop Med Hyg. abril de 2007;101(4):317-25.
11. Senior K. Dengue fever: what hope for control? Lancet Infect Dis. outubro de 2007;7(10):636.
12. Barreto FR, Teixeira MG, Costa M da CN, Carvalho MS, Barreto ML. Spreadpattern of the first dengue epidemic in the city of Salvador, Brazil. BMC Public Health. 7 de fevereiro de 2008;8(1):51.
13. Morrison AC, Zielinski-Gutierrez E, Scott TW, Rosenberg R. Defining challenges and proposing solutions for control of the virus vector Aedes aegypti. PLoS Med. 18 de março de 2008;5(3):e68.
14. Regis L, Monteiro AM, Melo-Santos MAV de, Silveira Jr JC, Furtado AF, Acioli RV et al. Developing new approaches for detecting and preventing Aedes aegypti population outbreaks: basis for surveillance, alert and control system. Mem Inst Oswaldo Cruz. fevereiro de 2008;103(1):50-9.
15. Esu E, Lenhart A, Smith L, Horstick O. Effectiveness of peridomestic space spraying with insecticide on dengue transmission; systematic review. Trop Med Int Health TM IH. maio de 2010;15(5):619-31.
16. Horstick O, Runge-Ranzinger S, Nathan MB, Kroeger A. Dengue vector-control services: how do they work? A systematic literature review and country case studies. Trans R Soc Trop Med Hyg. junho de 2010;104(6):379-86.
17. Gubler DJ. Dengue, Urbanization and Globalization: The Unholy Trinity of the 21(st) Century. Trop Med Health. dezembro de 2011;39(4 Suppl):3-11.
18. Achee NL, Gould F, Perkins TA, Jr RCR, Morrison AC, Ritchie SA et al. A Critical Assessment of Vector Control for Dengue Prevention. PLoS Negl Trop Dis. 7 de maio de 2015;9(5):e0003655.
19. Fares RCG, Souza KPR, Anez G, Ez G, Rios M. Epidemiological Scenario of Dengue in Brazil. BioMed Res Int. 30 de agosto de 2015;2015:e321873.
20. Teixeira MG, Barreto ML. Diagnosis and management of dengue. BMJ. 18 de novembro de 2009;339:b4338.
21. Bowman LR, Runge-Ranzinger S, McCall PJ. Assessing the relationship between vector indices and dengue transmission: a systematic review of the evidence. PLoS Negl Trop Dis. maio de 2014;8(5):e2848.
22. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Programa Nacional de Controle da Dengue. 2002.
23. Mondini A, Chiaravalloti Neto F, Gallo Y, Sanches M, Lopes JCC. Spatial analysis of dengue transmission in a medium-sized city in Brazil. Rev Saúde
Pública. junho de 2005;39(3):444-51.
24. Rue H, Martino S, Chopin N. Approximate Bayesian inference for latent Gaussian models by using integrated nested Laplace approximations. J R Stat Soc Ser B Stat Methodol. 2009;71(2):319-92.
25. Bangliardo M, Cameletti M. Spatial and Spatio-temporal Bayesian Models with R - INLA | Wiley [Internet]. Wiley.com. [citado 18 de outubro de 2019]. Disponível em: https://www.wiley.com/en-us/Spatial+and+Spatio+temporal+Bayesian+Models+with+R+INLA-p-9781118326558
26. R: a language and environment for statistical computing [Internet]. [citado 18 de outubro de 2019]. Disponível em: https://www.gbif.org/pt/tool/81287/r-a-languageand-environment-for-statistical-computing
27. Szklo M, Nieto FJ. Epidemiology: Beyond the Basics. Jones & Bartlett Publishers; 2014. 530 p.
28. Rigau-Pérez JG, Clark GG. Cómo responder a una epidemia de dengue: visión global y experiencia en Puerto Rico. Rev Panam Salud Pública. abril de 2005;17:282-93.
29. Kyle JL, Harris E. Global Spread and Persistence of Dengue. Annu Rev Microbiol. 2008;62(1):71-92.
30. McCall PJ, Lenhart A. Dengue control. Lancet Infect Dis. janeiro de 2008;8(1):7-9.
31. Harris AF, McKemey AR, Nimmo D, Curtis Z, Black I, Morgan SA et al. Successful suppression of a field mosquito population by sustained release of engineered male mosquitoes. Nat Biotechnol. setembro de 2012;30(9):828-30.
32. Lacroix R, McKemey AR, Raduan N, Wee LK, Ming WH, Ney TG et al. Open Field Release of Genetically Engineered Sterile Male Aedes aegypti in Malaysia. PLOS ONE. 27 de agosto de 2012;7(8):e42771.
33. Frentiu FD, Zakir T, Walker T, Popovici J, Pyke AT, Hurk A van den et al. Limited Dengue Virus Replication in Field-Collected Aedes aegypti Mosquitoes Infected with Wolbachia. PLoS Negl Trop Dis. 20 de fevereiro de 2014;8(2):e2688.
34. Axford JK, Ross PA, Yeap HL, Callahan AG, Hoffmann AA. Fitness of wAlbB Wolbachia Infection in Aedes aegypti: Parameter Estimates in an Outcrossed Background and Potential for Population Invasion. Am J Trop Med Hyg. março de 2016;94(3):507-16.
35. Stoddard ST, Morrison AC, VazquezProkopec GM, Paz Soldan V, Kochel TJ, Kitron U et al. The role of human movement in the transmission of vector-borne pathogens. PLoS Negl Trop Dis. 21 de julho de 2009;3(7):e481.
36. Stoddard ST, Forshey BM, Morrison AC, Paz-Soldan VA, Vazquez-Prokopec GM, Astete H et al. House-to-house human movement drives dengue virus transmission. Proc Natl Acad Sci U S A. 15 de janeiro de 2013;110(3):994-9.
37. Ghouth ASB, Amarasinghe A, Letson GW. Dengue outbreak in Hadramout, Yemen, 2010: an epidemiological perspective. Am J Trop Med Hyg. junho de 2012;86(6):1072-6.
38. Chiaravalloti-Neto F, Pereira M, Fávaro EA, Dibo MR, Mondini A, Rodrigues-Junior AL et al. Assessment of the relationship between entomologic
indicators of Aedes aegypti and the epidemic occurrence of dengue virus 3 in a susceptible population, São José do Rio Preto, São Paulo, Brazil. Acta Trop. 1º de fevereiro de 2015;142:167-77.

Downloads

Publicado

2020-03-31

Como Citar

1.
Neto FC, Barbosa GL, Mota TS, Galli B, Silveira LV de A. Ocorrência de dengue e sua relação com medidas de controle e níveis de infestação de Aedes aegypti em uma cidade do sudeste brasileiro. Bepa [Internet]. 31º de março de 2020 [citado 28º de março de 2024];17(195):3-19. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/33972

Edição

Seção

Artigo Original

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)