Resumo
Este artigo é fruto das reflexões desenvolvidas no contexto da pesquisa mais ampla intitulada Homens nos serviços públicos de saúde: rompendo barreiras culturais, institucionais e individuais, realizada em três capitais brasileiras de regiões distintas (Recife/PE, São Paulo/SP e Florianópolis/SC). Neste artigo, apresentamos as análises de entrevistas realizadas com gestores e profissionais de saúde que atuam na Região Metropolitana de Recife. Tomando por base a perspectiva feminista de gênero, procuramos discutir os homens e as masculinidades no contexto dos serviços públicos de saúde, construindo um percurso histórico e político no campo, mediante a articulação entre gênero, feminismo, homens, masculinidades e políticas de saúde. Em seguida, situamos metodologicamente este trabalho, adotando
um recorte de uma pesquisa mais ampla, por meio da análise dos discursos de profissionais da saúde. Na análise dos resultados, refletimos sobre sentidos e práticas que estruturam teórica e politicamente os homens e as masculinidades nos serviços públicos, em geral inscritos como secundários ou estratégia intermediária à saúde das mulheres. Por fim, atentamos que ainda é preciso avançar nos sentidos e práticas na saúde para modificar as configurações e relações de gênero rumo à transformação social, inspirados pela perspectiva feminista de gênero.
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