Resumo
A interrupção intencional da gravidez é indiscutivelmente um problema de saúde pública, pois, apesar das restrições legais existentes no Brasil,
milhares de mulheres se submetem a ela. No aborto provocado, tanto pelo acesso a procedimentos seguros para realizá-lo quanto para a tomada de decisão, são evidentes as iniquidades econômicas, de gênero e de cor/raça. Objetivando ampliar a discussão sobre o tema e dar maior concretude às pessoas envolvidas, foram selecionadas falas de homens e mulheres do estudo O aborto numa perspectiva étnica e de
gênero. Os resultados mostram que as decisões não são lineares e dependem de uma rede de relações sociais complexas. As mulheres escutadas não tiveram a possibilidade de escolher livremente. Elas optaram pelo aborto, sob condições nas quais tinham pouco controle, o que representou mais uma ausência de poder do que um exercício de liberdade reprodutiva.
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