Resumo
Recentemente, pesquisadores da Universidade de São Paulo propuseram a NOVA, uma classificação de alimentos que dá grande importância para a extensão e o propósito do processamento empregado antes do consumo dos alimentos pelos indivíduos. Nessa classificação, os alimentos são classificados em quatro grupos: 1 – Alimentos in natura ou minimamente processados; 2– Ingredientes culinários processados; 3– Alimentos processados; 4– Alimentos ultraprocessados. Estudos de diversos países utilizando dados de pesquisas de compras de alimentos, inquéritos de consumo individual e análises de produtos de supermercados descreveram que os alimentos ultraprocessados apresentam mais densidade energética, açúcar, gordura total, saturada e trans e menos fibras e diversas vitaminas e minerais do que o conjunto dos outros alimentos. Estudos realizados no Brasil indicam associações significativas do consumo de alimentos ultraprocessados com a síndrome metabólica em adolescentes, dislipidemias em crianças e obesidade em todas as idades. O enfrentamento da obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis reclama ações que busquem impedir a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados e suas preparações culinárias por alimentos ultraprocessados. As evidências e as considerações feitas acima possuem implicações para o monitoramento dos padrões de consumo alimentar da população e para o delineamento de políticas públicas.
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Copyright (c) 2015 Maria Laura da Costa Louzada, Renata Bertazzi Levy, Carlos Augusto Monteiro