Abstract
"O homem é um animal social"
(Aristóteles, Política, III, séc. IV).
O ser humano cria códigos para estabelecer comunicação, repletos de significados e que transmitem aos demais sua percepção objetiva e subjetiva de tudo, expressando suas emoções, sentimentos, experiências.
Como diria Piaget (1969) , pensar é falar para si mesmo; como diz Humberto Eco (1981) , comunicar-se é estabelecer contato com os outros.
Pode-se dizer que o processo de "humanização" do ser humano derivou de sua capacidade e necessidade de viver em grupo; de estar e se relacionar com seus semelhantes.
Estamos subjetivamente e objetivamente enredados em um universo simbólico. Construímo-nos e atuamos no mundo a partir das percepções e representações que temos desse "casulo". Pautamos nossas emoções e condutas individuais e coletivas nesse conjunto abstrato que nos envolve e, com ele, vamos "tecendo" jeitos, reações, estratégias, re-alinhando "nortes"; enfim, vivendo física e psiquicamente.
Não seria, portanto, diferente com relação à Saúde, que, como qualquer dimensão social, está "arraigada" nos planos da cultura e da subjetividade.
Esta edição do BIS vem, assim, contribuir com noções conceituais e temáticas referentes a Cultura e Subjetividade, com intenção de produzir reflexões sobre o ser humano e suas condições e modos de vida, suas formas únicas de entender e lidar com a saúde. Busca "abrir portas" para que agucemos o nosso "olhar" teórico-metodológico e, também, prático-tecnológico, facilitando o planejamento e a ação no trato das pessoas e de suas formas de subjetividade.
Os artigos procuram trazer "cor", "calor" e "maleabilidade" à tendência cotidiana de "coisificação" e de racionalidade "dura" expressa nas abordagens puramente matemático-médico-biologizantes que predominam na área, reforçando a importância das Ciências Humanas e suas contribuições teóricas (históricas, sociológicas, antropológicas, psicológicas, pedagógicas e filosóficas), bem como o enfoque multidisciplinar, como fundamentais para a concretização da Saúde.
Cabe a todos que atuam nesta área perceber o ser humano integralmente, como um ser múltiplo e ao mesmo tempo único. As práticas de saúde são indissociáveis das condições e modos de vida dos sujeitos.
Somos e queremos "comida, diversão e arte"...
(Arnaldo Antunes, Comida, Õ Blésq Blom, 1989).
1 PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1969. [ Links ]
1 ECO, H. O signo. Lisboa: Editorial Presença, 1980. [ Links ]
References
1 ECO, H. O signo. Lisboa: Editorial Presença, 1980. [ Links ]
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Copyright (c) 2007 Pesquisadoras do Instituto de Saúde e Editoras responsáveis por essa edição, Regina Figueiredo