Resumen
A visibilidade de mulheres lésbicas tem suscitado questões pertinentes à saúde desse grupo. A literatura aponta que valores hegemônicos de masculinidade e feminilidade atravessam discursos e interferem nas ações de cuidado. A saúde sexual, compreendida como direito, deve ser pensada incluindo-se aspectos socioculturais como determinantes para a qualidade da atenção dispensada. Este artigo tem por objetivo discutir como a inserção de métodos de proteção às DST é problematizada na relação e as estratégias preventivas que são efetivadas na parceria lésbica. Pautada em vertente qualitativa, utilizou-se entrevistas semiestruturadas e anotações em diário de campo para obtenção dos relatos. Entrevistou-se nove mulheres lésbicas ou bissexuais entre 19 e 46 anos, residentes na cidade de São Paulo, no ano de 2011. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas. Os resultados vislumbram a relação entre construções de gênero e o cuidado dispensado à saúde sexual. Valores relativos à feminilidade hegemônica podem operar vulnerabilizando mulheres quanto à exposição às doenças sexualmente transmissíveis. Discursos sobre sexo seguro entre lésbicas são praticamente inexistentes, dificultando o uso de quaisquer métodos de proteção na cena sexual. A vulnerabilidade ao adoecimento sexual, remete à estrutura de organização dos serviços de saúde, que reiteram expectativas de gênero e às lacunas programáticas.
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