Resumen
Este estudo teve como objetivo conhecer como os profi ssionais de enfermagem em equipes de Saúde da Família realizam o acolhimento a usuários com queixas relacionadas ao uso problemático de álcool. Para tanto, com o auxílio de uma abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 15 profi ssionais de enfermagem que atuavam em equipes de Saúde da Família de uma Unidade Básica de Saúde de Campinas– SP. A análise foi baseada na técnica de análise de conteúdo. As queixas relacionadas ao uso de álcool estiveram presentes de diversas formas na rotina do acolhimento, sendo percebidas como problemas e como fatores relevantes pelos profi ssionais entrevistados. Contudo, esses profi ssionais também apresentaram o argumento de não haver muito a oferecer para o usuário de álcool na Unidade Básica de Saúde. Essa concepção resulta no encaminhamento dos casos detectados a outros profi ssionais ou serviços especializados. As enfermeiras mostraram, ainda, preocupação em relação à falta de treinamentos e capacitações para a equipe, destacando que é dado um enfoque grande às doenças crônico-degenerativas em detrimento de outras áreas, como a da dependência química. Também não houve, nos relatos, menção a estratégias do serviço de busca ativa dos casos. Conclui-se que, para a realização do potencial da equipe no acolhimento dos casos de abuso de álcool, é necessário que se estabeleça um programa continuado de treinamento que vise à capacitação dos acolhedores para detectar problemas relacionados ao consumo de bebida alcoólica e que os oriente nas eventuais difi culdades que venham a enfrentar, por meio de uma metodologia que favoreça a participação ativa e o diálogo.
Citas
2. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.
3. Bradley KA, Epler AJ, Bush KR, Sporleder JR, Dun CW, Cochran NE et al. Alcohol-related discussions during general medicine appointments of male VA patients who screen positive for at-risk drinking. J Gen Intern Med. 2002; 17(5):315-26.
4. Caetano R, Mills B, Pinsky I, Zaleski M, Laranjeira R. The distribution of alcohol consumption and the prevention paradox. Brazil Addic. 2012;107(1):60-68.
5. Campos CJG, Turato ER. Análise de conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia clínico-qualitativa: aplicação e perspectivas. Rev Latino-Am Enferm. 2009; 17(2): 259-64.6. Carvalho SR, Campos GWS. Modelos de atenção à saúde: a organização de Equipes de Referência na rede básica da Secretaria Municipal de Saúde de Betim, Minas Gerais. Cad Saúde Públ [periódico na internet]. 2000 [acesso em 15 maio 2013];16(2):507-515. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/csp/v16n2/2100.pdf
7. Fonseca FF. Conhecimentos e opiniões dos trabalhadores sobre o uso e abuso de álcool. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2007;11(4):599 - 604.
8. Fontanella BJB, Demarzo MMP, Mello GA, Fortes SLCL. Alcohol drinkers, primary health care and what is “lost in translation”. Interface – Comunic Saude, Educ.2011;15(37):573-85.
9. Franco TB, Bueno WS, Merhy EE. O acolhimento e os processos de trabalho em saúde: o caso de Betim, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Públ. 1999; 15(2):345-53.
10. Laranjeira R, Pinsky I, Zaleski M, Caetano R. I Levantamento nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Brasília (DF): Secretaria Nacional Antidrogas; 2007.
11. Laranjeira R, Pinsky I, Sanches M, Zaleski M, Caetano R. Alcohol use patterns among Brazilian adults. Rev Bras Psiquiatr [periódico na internet]. 2010 [acesso em 20 maio 2013];32(3):231-41. Disponível em: http://inpad.org.br/lenad/divulgacao-cientifi ca/artigos-em-breve/
12. Machado AR, Miranda Paulo SC. Fragmentos da história da atenção à saúde para usuários de álcool e outras drogas no Brasil: da Justiça à Saúde Pública. Hist Cienc Saude-Manguinhos [periódico na internet]. 2007 [acesso em dia 10 set 2012]; 14 (3): 801-21. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/hcsm/v14n3/06.pdf
13. Martins ERC, Corrêa AK. Lidar com substâncias psicoativas: o signifi cado para o trabalhador de enfermagem. Rev Latino-am Enferm. 2004;12(n.esp.):398-405.
14. Matumoto S. O Acolhimento: um estudo sobre seus componentes e sua produção em uma unidade da rede básica de serviços [dissertação de mestrado]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo;1998.
15. Meloni JN, Laranjeira R. Custo social e de saúde do consumo do álcool. Rev Bras Psiquiatr [periódico na internet]. 2004 [acesso em 26 jul 2013];26(suppl.1):7-10. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v26s1/a03v26s1.pdf
16. Minayo MCS. Pesquisa social: teoria método e criatividade. 26.ed. São Paulo: Vozes; 2010.
17. Ministério da Saúde. Portaria Nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o incentivo fi nanceiro de investimento para construção de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades de Acolhimento [portaria na internet]. 2002 [acesso em 10 dez 2011]. Disponível em: www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/legislações/8122-336.html?q=
18. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Álcool e redução de danos: uma abordagem inovadora para países em transição. Brasília (DF); 2004a.
19. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva, Secretaria de Atenção a Saúde. Relatório de gestão 2011. Brasília (DF); 2012a.
20. Morais MLS, Pavão MTB. Consumo de álcool na Baixada Santista. In: Escuder MML, Monteiro PHN, Pupo, LR, organizadores. Acesso aos serviços de saúde em Municípios da Baixada Santista. São Paulo:Instituto de Saúde; 2008. p.97-106. (Temas em Saúde Coletiva, 8)
21. Moretti-Pires RO, Corradi-Webster CM, Furtado EF. Consumo de álcool e atenção primária no interior da Amazônia: sobre a formação de médicos e enfermeiros para assistência integral. Rev Bras Educ Méd. 2011; 35(2): 219-228.
22. Rehm J, Mathers C, Popovaf S, Thavorncharoensap M, Teerawattananon YPJ. Global burden of disease and injury and economic cost attributable to alcohol use and Alcohol-use disorders. Lancet. 2009;373 (9682): 2223 – 33.
23. Ronzani TM. Estigmatización y práctica de profesionales de laAPs referentes al consumo de alcohol. Psicol: Ciênc Prof. 2012;32(3): 648-61.
24. Souza LM, Pinto MG. Atuação do enfermeiro a usuários de álcool e de outras drogas na Saúde da Família. Rev. Eletr. Enf. [periódico na internet]. 2012 [acesso em 17 set 2013];14(2):374-83. Disponível em: http://dx.doi. org/10.5216/ree.v14i2.11245.
25. Souza MLP. Expansão do PSF e identifi cação dos problemas relacionados ao abuso de álcool no Brasil. Rev Bras Psiquiatr. 2005;27(4):342-3.
26. Takemoto MLS, Silva EM. Acolhimento e transformações no processo de trabalho de enfermagem em unidades básicas de saúde de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Públ. 2007;23(2):331 – 40.
27. Turato ER. Tratado da metodologia da pesquisa clínico qualitativa. Petrópolis: Vozes; 2003.
28. Vargas D. Atitudes de enfermeiros de hospital geral frente às características pessoais do paciente alcoolista. Rev Bras Enferm [periódico na internet]. 2010 [acesso em 20 maio 2013]; 63(6):1028-34.Disponível em: http://www. scielo.br/pdf/reben/v59n1/a09v59n1.pdf
29. World Health Organization. Global status report on alcohol and health, 2011 [monografi a na internet]. [acesso em 13 maio 2011]. Disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/msbgsruprofi les.pdf