Resumen
Este estudo se propõe a refletir a respeito da repercussão de campanhas contrárias à doação de esmolas a pessoas em situação de
rua, que vêm se tornando frequentes em algumas cidades brasileiras. Nosso objetivo é identificar quais as principais teses defendidas pelos segmentos responsáveis por essas campanhas e pelas pessoas que as apoiam. Para isso, vamos tomar como corpus alguns cartazes que foram publicados no Instagram do Padre Júlio Lancellotti e os comentários de internautas a favor das campanhas, publicados no mesmon Instagram. Para a descrição e análise dos dados recorremos aos pressupostos da Teoria Semiolinguística do Discurso, o que nos permitiu, a partir da descrição dos principais procedimentos associados aos
modos de organização enunciativo, descritivo, narrativo e argumentativo, propostos por Charaudeau (2008)1, identificar os imaginários representados nos discursos em questão. A partir das análises, constatamos que os discursos contrários às esmolas se fundamentam em valores de ordem ética e pragmática pautados na tese de que as doações são diretamente responsáveis pela manutenção das pessoas na rua e por todos os prejuízos que isso pode causar.
Citas
Charaudeau P. Linguagem e discurso : os modos de organização. São Paulo: Contexto; 2008.
Lancelotti J. Ajude não ajudando. Sua boa intenção pode estar contribuindo com a criminalidade [...] [internet], 05 mar 2022 [acesso em 13 out 2022]. 1 figura. Instagram:@padrejulio.lancellotti. Disponível em: http://instagram.com/p/Cat2i10O4R9
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pnad contínua: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios [internet]. 2022 [acesso em 17 nov 2022]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-mensal.html?=&t=destaques
Natalino M. Estimativa da população em situação de rua no Brasil (2012-2022). Brasília (DF): Ipea; 2022.
Rede Rua. Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua [internet]. 2009c [acesso em 13 jul 2021]. Disponível em http://www.rederua.org.br/pub/polnac_inclsoc.pdf
Nielson JG, Wermuthz MAD. Os higienistas estão voltando: biopolítica, classes subalternizadas e ocupação do espaço urbano no Brasil. Revista de Direito da Cidade. 2018; 2(10): 596-619.
Cor tina A. Aporofobia: a aversão ao pobre, um desafio para a democracia. Febre D, tradutor. São Paulo: Contracorrente; 2020.
Melo MSS. Da polêmica aos discursos de ódio: um estudo da recepção no twitter sob a perspectiva semiolinguística.
Revista de Estudos da Linguagem 2020 [acesso em 15 out 2022]; 4(28):1959-1982. Disponível em: http://www.periodicos. letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/16694/pdf_1
Mello RFL. Economia da esmola e subdesenvolvimento sustentável: a Legião da Boa Vontade (1950-2001) [tese]. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP;2008.
Beltrami A. A esmola: o banco mais vantajoso e infalível. São Paulo: Matyria; 2017.
Bíblia. Nova Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus; 2014.
Pontifício Conselho de Justiça e Paz. Compêndio da doutrina social da igreja. São Paulo: Paulinas; 2005.
Bonatto FRO, Ribeiro DC, Salles JC, Stoppa LM, Freitas R. Dar e receber esmolas e processo de subjetivação. Psicologia em Revista. 2007; 2(13):339-62.
Charaudeau P. Os estereótipos, muito bem: os imaginários, ainda melhor. Entrepalavras. 2017; 7(1): 571-591.
Piza MV. O fenômeno Instagram: considerações sob a perspectiva tecnológica. Brasília: Universidade Federal de Brasília, 2012. Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Ciências Sociais.
Recuero R. O capital social em rede: como as redes sociais na internet estão gerando novas formas de capital social. Contemporânea,
comunicação e cultura. 2012; 3(10): 597-617.
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Derechos de autor 2023 Mônica Santos de Souza MeloI