Palabras clave
Saúde mental
Análise psicossocial
Cómo citar
Resumen
Este ensaio discute teoricamente as implicações na/da saúde mental da população em situação de rua, considerando suas especificidades, condições de vida e os possíveis encadeamentos. Dialogando com Ignacio Martín-Baró, que apresenta a saúde mental como a materialização do caráter humanizador ou alienante das relações sociais e históricas na sociabilidade vigente, é possível compreender o contexto atual de vida dessa população e os atravessamentos que se constituem como fatores de risco e/ou proteção à saúde mental. A desigualdade social vivida por essa população molda estereótipos e fomenta preconceitos que desumanizam as relações sociais, cristalizam relações de poder e perpetuam violências: estes são os elementos que geram os fatores de risco. Não obstante, origina-se desse mesmo cenário a organização e mobilização coletiva que possibilita a reconstrução de novos modelos de identificação, a reivindicação de direitos e o fortalecimento do tecido social e comunitário, sendo os elementos que, contraditoriamente, emergem como fatores protetivos. Por fim, o debate acerca da saúde mental da população em situação de rua, numa ótica psicossocial, tem natureza dialética, portanto, convoca a refletir sobre os processos de opressão e libertação presentes no emaranhado de fios que formam a complexa teia da realidade da vida nas/das ruas.
Citas
1. Silva MLL. Trabalho e população em situação de rua no Brasil. São Paulo: Cortez; 2009.
2. Mendes KT, Ronzani TM, Paiva FS. População em situação de rua, vulnerabilidades e drogas: uma revisão sistemática. Psicol Soc [internet]. 2019;31:e169056. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-0310/2019v31169056.
3. Krein JD, Colombi APF. A reforma trabalhista em foco: desconstrução da proteção social em tempos de neoliberalismo autoritário. Educ Soc [internet]. 2019;40:e0223441. Disponível em: https://doi.org/10.1590/ES0101-73302019223441.
4. Ahmed N, Marriott A, Dabi N, Lowthers M, Lawson M, Mugehera L. A desigualdade mata: a incomparável ação necessária para combater a desigualdade sem precedentes decorrente da Covid-19. São Paulo; 2022 [acesso em 20 fev 2024]. Disponível em: https://encr.pw/GOYwl.
5. Natalino M. Estimativa da população em situação de rua no Brasil (2012-2022). Nota técnica. Brasília (DF); 2022 [acesso em 17 jan 2024]. Disponível em: https://acesse.one/1I9ax.
6. Brasil. Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 24 dez 2009; Seção 1:16.
7. Sen A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras; 2010.
8. Moura Júnior JF, Ximenes VM, Sarriera JC. Práticas de discriminação às pessoas em situação de rua: histórias de vergonha, de humilhação e de violência em Fortaleza, Brasil. Rev de Psicología [internet]. 2013;22(2):18-28. Disponível em: https://doi.org/10.5354/0719-0581.2014.30850.
9. Esmeraldo Filho CE, Ximenes VM. Pobreza e pessoas em situação de rua: uma revisão sistemática. Psic em Pesquisa [internet]. 2021;15(3):1-27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.34019/1982-1247.2021.v15.30064.
10. Menchise RM, Ferreira DM, Álvarez ALF. Neoliberalismo, políticas públicas e desigualdade: uma análise principalmente do Brasil. Dilemas, Rev Estud Conflito Controle Soc [internet]. 2023;16(1):1-21. Disponível em: https://doi.org/10.4322/dilemas.v16n1.49274.
11. Valle FAAL, Farah BF, Carneiro Junior N. As vivências na rua que interferem na saúde: perspectiva da população em situação de rua. Saúde debate [internet]. 2020;44(124):182–92. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-1104202012413.
12. Fernandes MA, Ribeiro AAA. População em situação de rua e o direito de acesso aos serviços de saúde. Rev Inter de Dir Humanos [internet]. 2022;10(1):129-3. Disponível em: https://doi.org/10.5016/ridh.v10i1.124.
13. Sicari AA, Zanella AV. Movimento nacional de população de rua: a complexa luta por direitos. Rev Psicol [internet]. 2020;26(3):1058-1079. Disponível em: https://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2020v26n3p1058-1079.
14. Moreira APG, Guzzo RSL. Situação-limite e potência de ação: atuação preventiva crítica em psicologia escolar. Estud Psicol (Natal) [internet]. 2016;21(2):204-2015. Disponível em: https://doi.org/10.5935/1678-4669.20160020.
15. Costa PHA, Mendes KT. Saúde mental em tempos de crise e pandemia: um diálogo com Martín-Baró. Rev Psicol Saúde [internet]. 2021;13(1):217-231. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v13i1.1367.
16. WHO - World Health Organization. Constitution of the World Health Organization [internet]. 1948 [acesso em 10 fev 2024]. Disponível em: https://apps.who.int/gb/bd/PDF/bd47/EN/constitution-en.pdf.
17. Cantillo KV, Jiménez JEL, Marín AP, Vega LJG. Salud mental en contextos de violencia: de la liberación hacia la transformación. Rev Psicol Am Lat [internet]. 2020 [acesso em 10 abr 2024];(33):43-51. Disponível em: https://encr.pw/ZN8tR.
18. Martín-Baró I. Guerra y salud mental. Revista de Psicología de El Salvador [internet]. 1990 [acesso em 10 abr 2024];9(35):71-88. Disponível em: https://uca.edu.sv/iudop/wp-content/uploads/3.pdf.
19. Martín-Baró I. Crítica e libertação na psicologia: estudos psicossociais. Petrópolis: Vozes; 2017. O psicólogo no processo revolucionário; p. 25-29.
20. Escorel S. A saúde das pessoas em situação de rua. In: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (BR). Rua: aprendendo a contar: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua [internet]. Brasília (DF); 2009 [acesso em 12 mar 2024]. p. 111-138. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/Rua_aprendendo_a_contar.pdf
21. Brito C, Silva LN. População em situação de rua: estigmas, preconceitos e estratégias de cuidado em saúde. Ciênc Saúde Colet [internet]. 2022;27(1):151-160. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232022271.19662021.
22. Vale AR, Vecchia MD. UPA é nós aqui mesmo: as redes de apoio social no cuidado à saúde da população em situação de rua em um município de pequeno porte. Saude Soc [internet]. 2019;28(1):222–34. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902019180601.
23. Euzébios Filho A, Souza IBP. As multideterminações do viver nas ruas e o olhar psicossocial: ideologia, preconceito e humilhação social. In: Ximenes VM, Esmeraldo AFL, Esmeraldo Filho CE, organizadores. Viver nas ruas: trajetórias, desafios e resistências. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora; 2022. p. 379-394.
24. Martín-Baró I. O papel do Psicólogo. Estud Psicol (Natal) [internet]. 1997;2(1):7–27. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-294X1997000100002.
25. Sawaia BB. Psicologia e desigualdade social: uma reflexão sobre liberdade e transformação social. Psicol Soc [internet]. 2009;21(3):364–72. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-71822009000300010.
26. Dobles I, Arroyo H. Neoliberalismo y afectos: derivaciones para una praxis psicosocial liberadora. San José: Arlekín; 2020.
27. Kunz GS, Heckert AL, Carvalho SV. Modos de vida da população em situação de rua: inventando táticas nas ruas de Vitória/ES. Fractal, Rev Psicol [internet]. 2014;26(3):919–42.Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-0292/1192.
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Derechos de autor 2024 Nilson de Jesus Oliveira Leite Junior, Matheus Rios Silva Santos, Antonio Euzébios Filho