Resumen
Ao assumir o trono em 1840, D. Pedro II comprometeu-se a consolidar um país novo e repleto de problemas, que incluíam os cuidados à saúde de sua crescente população. Dentre os flagelos presentes estava a varíola. Possivelmente originária da Índia, em sua marcha galopante a doença alcançara o Novo Mundo a bordo de caravelas e galeões. Vitimou a população colonial brasileira em surtos recorrentes que se perpetuaram durante o período imperial. A despeito da descoberta da vacina e dos esforços governamentais, a varíola foi uma das responsáveis pelos altos índices de morbi-mortalidade brasileira durante o século XIX. Insinuou-se no flagelo de uma seca avassaladora no Ceará; matou em São Paulo, que vivenciava através da comercialização do café, um progresso jamais experimentado; e contribuiu para um panorama ainda mais triste nos sangrentos campos da Guerra do Paraguai. A luta contra a varíola mostrou-se inglória no Brasil Império. A grande extensão territorial e conseqüentes dificuldades de comunicação, além de uma grande resistência popular, contribuíram para o fracasso da vacinação, cujas repercussões seriam sentidas no século XX.
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