Patologização da adolescência e alianças psi-jurídicas: algumas considerações sobre a internação psiquiátrica involuntária
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Palavras-chave

Medicalização da infância
internação involuntária
patologização

Como Citar

Vicentin, M. C. G., Gramkow, G., & Matsumoto, A. E. (2010). Patologização da adolescência e alianças psi-jurídicas: algumas considerações sobre a internação psiquiátrica involuntária. Boletim Do Instituto De Saúde - BIS, 12(3), 268–272. Recuperado de https://periodicos.saude.sp.gov.br/bis/article/view/33763

Resumo

Apesar de mudanças significativas ocorridas nas políticas sociais dirigidas às crianças e aos adolescentes, identificam-se processos crescentes de medicalização/patologização, bem como de obtenção do cuidado por ações judiciais. Percebe-se retomada de internações involuntárias de crianças e adolescentes
e crescimento do encaminhamento de adolescentes autores de atos infracionais para perícias psiquiátricas e avaliações psicológicas. Nota-se que algumas composições psi-jurídicas produzem discursos de cuidado e proteção das crianças e dos adolescentes valendo-se de práticas orientadas por lógica tutelarcorrecional e uma perspectiva de defesa social. A instalação de um continuum psi-jurídico e da ideia de proteção como pretexto para o controle social arbitrário de adolescentes configura uma resistência à nova ordenação jurídica e produz práticas de fixação dos adolescentes a espaços de exclusão, na mesma medida em que se reduzem as políticas sociais a eles dirigidas.

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Copyright (c) 2010 Maria Cristina Gonçalves Vicentin, Gabriela Gramkow, Adriana Eiko Matsumoto

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