Resumo
O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento da esperança de vida ao nascer após a eliminação dos óbitos relacionados às doenças infecciosas e parasitárias, do aparelho circulatório, do aparelho respiratório, neoplasias e a causas externas, no Brasil, entre 1980 e 2010. Para alcançar os objetivos propostos utilizaram-se os dados dos Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010 e do Sistema de Informação de Mortalidade para os respectivos anos. As análises se concentraram nas fases da transição em que ocorre diminuição dos óbitos por doenças infecciosas, seguidos após um tempo de elevação e posterior declínio da importância de mortes por doenças do aparelho circulatório e crescimento da incidência de óbitos devido às neoplasias. Foram calculadas as tábuas associadas de decremento único entre os anos de 1980 e 2010, buscando mensurar os impactos na expectativa de vida sob um cenário no qual inexiste cada uma das mencionadas causas de mortalidade. Os resultados indicam que as causas de óbitos relacionadas a doenças infecciosas e parasitárias têm se tornado cada vez menos importantes, ao passo que causas externas e neoplasias têm apresentado maior incidência com o passar dos anos no Brasil. A partir do entendimento do processo de transição epidemiológica pode-se elaborar um planejamento adequado das políticas públicas em saúde.
Referências
2. Agostinho, C. S.; Queiroz, B. L. Estimativas da mortalidade adulta para o Brasil no período 1980/2000: uma abordagem metodológica comparativa. In: Anais do 16. Encontro Nacional de Estudos de População, 2008; Caxambú, BR. Campinas: ABEP; 2008.
3. Agostinho, C.S. Estudo sobre a mortalidade adulta, para Brasil entre 1980 e 2000 e Unidades da Federação em 2000: uma aplicação dos métodos de distribuição de mortes [tese de doutorado]. Belo Horizonte: Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG; 2009.
4. Baptista EA. Mortalidade por doenças cardiovasculares na população adulta: um estudo têmporo-espacial e demográfico para as microrregiões brasileiras entre 1996 e 2010 [tese de doutorado]. Belo Horizonte: Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG; 2015.
5. Chiang CL. Introduction to stochastic process in biostatistics. New York; John Wiley; 1968. (Wiley Series in Probability and Mathematical Statistics).
6. Frenk J, Bobadilla JL, Sepulveda J, Cervantes ML. Health transition in middle– income countries: new challenges for health care. Health Policy Plan. 1989; 4(1): 29-39.
7. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro; 2001. [acesso em 20 jul 2015]. Disponível em: www.ibge.gov.br
8. Lima EEC, Queiroz BL. Evolution of the deaths registry system in Brazil: associations with changes in the mortality profile, under-registration of death counts, and ill-defined causes of death. Cad Saúde Pública. 2014;30:1721-1730.
9. Ministério da Saúde.. Sistema de Informações sobre Mortalidade. Brasília (DF);2015. [acesso em 15 jul 2015]. Disponível em: www.datasus.gov.br.
10. Omran AR. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population change. Milbank Q. 1971;49:38-74.
11. Preston SH, Heuveline P, Guillot M. Demography: measuring and modeling population process. Massachusets;Wiley– Blackwell; 2000.
12. Schramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, Gadelha AMJ, Portela MC, et al. Transição epidemiológica e o estudo da carga de doenças no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2004; 9 (4): 897-908.
13. Shryock H, Siegel S, Jacob S. The methods and materials of demography. New York: Academic; 1976.
14. Vallin J, Meslé M. Convergences and divergences in mortality: a new approach to health transition. Demographic Research. 2004; 2:11-44.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2015 Paulo Henrique Viegas Martins, Leonardo Azevedo Pampanelli Lucas