Resumen
A participação social consiste em um dos pilares constitucionais do direito à saúde no Brasil e da organização do Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, houve um incremento de instituições participativas nos anos 2000, com expansão da participação e do controle social no âmbito das políticas públicas e de inovações no campo das interações socioestatais. No setor saúde, especialmente na área da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), esse processo de institucionalização da participação social contribuiu para a inclusão de mecanismos participativos neste campo, a exemplo das consultas públicas. Este trabalho objetiva discutir aspectos referentes a avanços, limites e potencialidades da consulta pública como ferramenta de gestão e participação social no processo de ATS no SUS, tendo como pano de fundo a experiência da participação institucionalizada na Conitec. Entre os principais avanços, destacam-se os ganhos relacionados à transparência ativa, às formas de inclusão das contribuições dos cidadãos ao processo decisório, bem como à inserção de estratégias metodológicas para abordagem desses dados. Como limites, podem ser apontadas questões relativas à inclusividade e à representatividade da população consultada, o que abre perspectivas para a mobilização da consulta pública também como instrumento de gestão e de aprofundamento democrático das relações Estado-sociedade no campo da saúde.
Citas
1. Brasil, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 [internet]. Brasília (DF); 1988 [acesso em 12 abr 2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7646.htm
2. Barbosa H, Hayashi MCPI, Rigolin CCD. Comunicação, tecnologia e interatividade: as consultas públicas no programa de governo eletrônico brasileiro. EQ [internet]. 2011 [acesso em 13 abr 2024]; 17(1):143-60. Disponível em: https://seer. ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/16388
3. Di Pietro MSZ. Direito Administrativo. São Paulo: Forense; 2021.
4. Dias TF, Sano H, Medeiros MFM. Inovação e tecnologia da comunicação e informação na administração pública [internet]. 2019 [acesso em 10 abr 2024]. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/4284
5. Bezerra CP, Almeida DR, Lavalle AG, Dowbor M. Entre a desinstitucionalização e a resiliência: participação institucional no governo Bolsonaro. Dados [internet]. 2024;67(4):e20220118. Doi: 10.1590/dados.2024.67.4.339
6. Paim JS, Participação social em saúde no Brasil: avanços e retrocessos do SUS 10 anos depois das Jornadas de Junho. Cad. Ibero Am. Direito Sanit. [internet]. 2023 [acesso em 13 abr 2024];12(3):45-62. Disponível em: https://www.cadernos. prodisa.fiocruz.br/index.php/cadernos/article/view/1129
7. Esperidião MA. Controle social do SUS: conselhos e conferências de saúde. In: Paim JS, Almeida-Filho N, organizadores. Saúde coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Meedbook; 2014. p.245- 259.
8. Brasil. Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011. Dispõe sobre a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e sobre o processo administrativo para incorporação, exclusão e alteração de tecnologias em saúde pelo Sistema Único de Saúde - SUS, e dá outras providências. Diário Oficial da União [internet]. 21 dez 2011. [acesso em 10 abr 2024]. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7646.htm
9. Brasil. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial da União. 15 ago 2018; Seção 1:59-64. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm
10. Sampaio RC, Maia RCM, Marques FPJA. Participação e deliberação na internet: um estudo de caso do orçamento participativo digital de Belo Horizonte. Opin Publica [internet]. 2023 [acesso em 28 mar 2024];16(2):446–77. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-62762010000200007
11. Guzmán VH. Democracia como significación. Los foros participativos regionales de consulta pública en Argentina. CS [internet]. 2017 [acesso em 26 mar 2024]. (22):83-104. Disponível em: https://doi.org/10.18046/recs.i22.2376
12. Mendonça RF, Amaral EF de L. Deliberação online em consultas públicas? O caso da assembleia legislativa de Minas Gerais. Rev Sociol Polit [internet]. 2014 [acesso em 30 mar 2024]; 22(49):177–203. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-44782014000100010
13. Losco LN, Sacramento AP, Almeida AO, Portugal CM, Ramos MSB, Souza AB, et al. Caracterização dos respondentes dos formulários de experiência e opinião das consultas públicas abertas pela Conitec entre 2015 e 2021. JAFF [internet]. 2023 [acesso em 23 abr 2024]; 8(1): 13-22. Disponível em: https://ojs.jaff.org.br/ojs/index.php/jaff/article/view/146
14. Castro R, Elias FTS. Envolvimento dos usuários de sistemas de saúde na avaliação de tecnologias em saúde (ATS): uma revisão narrativa de estratégias internacionais. Interface (Botucatu) [internet]. 2018;22(64):97–108. Doi:10.1590/1807-57622016.0549
15. Facey K, Single ANV, Hansen HP, editors. Patient Involvementin HTA. Springer Singapore; 2017.
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Derechos de autor 2024 Andrija Oliveira Almeida, Clarice Moreira Portugal, Andrea Brígida de Souza, Adriana Prates Sacramento, Melina Sampaio de Ramos Barros