Resumo
A mulher presa é abandonada por familiares e pelo Estado. “Esquecimento” esse alicerçado pela argumentação de que a população carcerária feminina é inferior à masculina. Uma das transgressões da mulher no sistema penitenciário é a ruptura com o modelo patriarcal, no qual ela deveria ser frágil, dócil e cuidadora da família. Os estabelecimentos penais destinados às mulheres, em sua maioria, não são adaptados às necessidades biológicas e psicológicas femininas e tampouco oferecem possibilidades para a ressocialização. O aumento do encarceramento feminino ocorre ao lado da feminização da pobreza, haja vista que as mulheres têm menos oportunidade de acesso à propriedade de capital produtivo e ao trabalho remunerado ou capacitação. A problematização desses contextos coloca a saúde frente à necessidade de reconhecer que marcadores de desigualdade como gênero, raça e classe social barram o acesso e aumentam a vulnerabilidade dessas mulheres a adoecimentos.
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