Arquitetura da loucura: uma leitura arqueológica do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (Belo Horizonte – MG)
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Palavras-chave

Arqueologia da arquitetura
Hospital de Neuropsiquiatria Infantil
espacialidade
poder disciplinar

Como Citar

Brandão, J. (2017). Arquitetura da loucura: uma leitura arqueológica do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (Belo Horizonte – MG). Cadernos De História Da Ciência, 13(1), 27–55. https://doi.org/10.47692/cadhistcienc.2017.v13.33850

Resumo

Uma vez que as construções arquitetônicas são ambientes artificialmente construídos, pensados e projetados por seres humanos, por que não as considerar artefatos arqueológicos ou, conforme denominado por algumas arqueólogas e arqueólogos, como superartefato? É desse modo que abordamos o antigo Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (HNPI), de Belo Horizonte, Minas Gerais, que funcionou entre os anos de 1947 e 1980.
Partindo dos pressupostos da Arqueologia da Arquitetura, mostramos, ao longo deste artigo, como a materialidade do HNPI, para além de um imperativo de saúde mental, apresentava discursos de poder, tendo funcionado como um verdadeiro controlador social ao tirar de circulação
uma gama de “pequenos indesejáveis”. Sua disposição espacial permite-nos pensar alguns discursos não verbais materializados na instituição, os quais atuaram como estratégias de disciplinamento, controle e cura daqueles considerados loucos ou problemas sociais.

https://doi.org/10.47692/cadhistcienc.2017.v13.33850
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