Dificuldades de profissionais de saúde do Estado de São Paulo com o preenchimento da ficha de notificação compulsória dos casos de violência sexual contra mulheres
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Palavras-chave

Violência contra mulheres; Violência sexual; Notificação compulsória

Como Citar

Ferreira Bento, S., de Sousa, M. H., Duarte Osis, M. J., & Faúndes, A. (2014). Dificuldades de profissionais de saúde do Estado de São Paulo com o preenchimento da ficha de notificação compulsória dos casos de violência sexual contra mulheres. Boletim Do Instituto De Saúde - BIS, 15(1), 29–35. https://doi.org/10.52753/bis.v15i1.37398

Resumo

Investigou-se a experiência de profissionais de serviços de saúde do estado de São Paulo com o preenchimento da notificação compulsória da violência sexual contra mulheres. Realizou-se um estudo qualitativo do tipo estudo de casos em seis municípios, em serviços públicos de saúde que atendiam mulheres que sofrem violência sexual. Entrevistaram-se 45 profissionais utilizando um roteiro semiestruturado. Em todos os municípios, havia pelo menos um serviço em que a ficha de notificação sempre era preenchida. Nos serviços visitados, em geral eram profissionais de enfermagem que preenchiam a ficha de notificação, e as dificuldades enfrentadas relacionavam-se a três aspectos: 1) contexto em que a ficha estava inserida no serviço: uma tarefa a mais a ser realizada e não institucionalização do atendimento às mulheres que sofrem violência sexual; 2) formato e conteúdo da ficha: perguntas constrangedoras repetidas várias vezes a mulheres muito fragilizadas; e 3) interação dos profissionais da saúde com as mulheres que sofrem violência sexual: despreparo para abordar a questão da violência. O preenchimento da ficha de notificação dos casos de violência sexual é um procedimento fundamental para orientar ações de prevenção e combate a esse problema. Evidenciou-se a necessidade de capacitação dos serviços e dos profissionais para inserirem o preenchimento dessa ficha como parte da atenção integral às mulheres que sofrem violência sexual.

https://doi.org/10.52753/bis.v15i1.37398
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