ANÁLISE CRÍTICA DO DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA: AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS TESTES DE RIFI E ELISA REALIZADOS COM AMOSTRAS PAREADAS DE SORO E ELUATO SANGÜÍNEO

Resumo

Durante décadas de operacionalização do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral(PCLV), vários estados brasileiros utilizaram a estratégia de coleta de sangue em papel filtro para a realização dos inquéritos sorológicos caninos. Em São Paulo, ainda hoje, adota-se o mesmo procedimento. O presente estudo objetivou avaliar o desempenho dos testes ELISA e RIFI em amostras pareadas de soro e eluato sangüíneo. De 393 cães de Presidente Prudente foram coletadas amostras de sangue em tubo seco para obtenção de soro sangüíneo e papel filtro Whatman 1 para os eluatos. Os testes foram realizados no Laboratório Regional do Instituto Adolfo Lutz/Presidente Prudente-S.Paulo, com a utilização de kits BioManguinhos/FIOCRUZ, sendo seguidas todas as orientações da bula dos produtos. Em todos os testes foram utilizadas amostras controle positiva e negativa. Os resultados foram analisados quanto à sensibilidade e especificidade frente aos resultados obtidos na RIFI realizada com soro, considerado o teste de referência. Calculou-se a taxa de concordância entre os testes e o índice Kappa. Positividade observada foi de: 10,7% na RIFI soro; 3,3% na RIFI eluato; 4,1% no ELISA soro 61,3% no ELISA eluato. Em relação ao teste de referência os valores de sensibilidade e especificidade foram respectivamente de 14,3% e 98,0% na RIFI eluato; 20,0% e 98,0% no ELISA soro e, de 82,5% e 32,7% no ELISA eluato. Os valores de concordância entre o teste de referência e o RIFI eluato e o ELISA soro foram semelhantes, respectivamente 89,1 e 89,6%; no ELISA eluato apenas 38,4%. O índice Kappa revelou fraca relação de concordância entre todos os testes e a RIFI soro. Com base no presente estudo é possível reconhecer a existência de problemas relacionados à sensibilidade, com o registro de resultados de falso negativos na RIFI eluato e no ELISA soro e, em relação à especificidade com muitos resultados falso positivos no ELISA eluato, o que fragiliza a credibilidade do PCLV.