Vigilância epidemiológica de agravos causados por cães, área de abrangência da Supervisão de Vigilância em Saúde de Vila Maria/Vila Guilherme, município de São Paulo, período 2009 a 2012
Resumo
Apesar dos aspectos positivos da interação dos seres humanos com os cães, há situações indesejáveis, tais como as agressões, que são um grave problema de saúde pública em todo o mundo. As mordeduras podem levar a infecções secundárias, traumas psicológicos, lesões que requerem cirurgias reconstrutivas e hospitalizações, e até à morte da vítima. Uma das doenças que podem ser transmitidas por meio dessas agressões é a raiva, considerada uma das zoonoses de maior importância em saúde pública, não só por sua evolução letal, mas também por seu custo social e econômico. Estudos sugerem que haja dezenas de milhões de lesões por ano causadas por cães no mundo. Tal situação sugere a necessidade de se criarem instrumentos de investigação e implantar ações de vigilância epidemiológica que permitam esclarecer quais as circunstâncias e características dessas agressões, de modo a fornecer bases para o planejamento de ações e medidas de intervenção que visem à redução do risco de novos agravos. Com o objetivo de analisar e caracterizar as agressões causadas por cães, o perfil das vítimas e dos animais agressores e as circunstâncias de ocorrência desses agravos, este estudo observacional descritivo, que teve início em abril de 2009 e término em dezembro de 2012, foi realizado nos distritos administrativos de Vila Guilherme, Vila Maria e Vila Medeiros, no município de São Paulo. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas das vítimas de agressões e preenchimento da Ficha de Vigilância de Agressões. Foram feitas as distribuições de frequências das variáveis, associação entre variáveis duas a duas, análise de correspondência simples e múltipla, e análises espaciais. A maior parte dos agravos ocorreu nas proximidades do local de residência da vítima; a maior proporção de agressões no sexo masculino ocorreu na faixa etária de 13 a 17 anos (66,2%); teve como região do corpo mais atingida os pés (63,3%); teve a maior proporção de lesões profundas (60,0%); teve como raça referida do cão agressor SRD ou mestiço (57,8%); a vítima não tinha nenhum contato com o cão agressor (63,0%). A maior proporção de agressões no sexo feminino foi causada por cães esterilizados (66,1%) e ocorreu na intenção de separar brigas dos animais (67,4%). A maior proporção de agressões na faixa etária de 18 a 59 anos causou lesões superficiais (49,6%). A maior proporção de agressões nas mãos foi causada por cães machos (34,8%) e sem histórico de agressões anteriores (35,7%). Concluiu-se que há que se reconhecer a relevância dos agravos causados por cães e a importância da investigação desses casos em âmbito municipal e, até mesmo em âmbito estadual ou federal; a investigação dos casos de agressões causadas por cães e o planejamento de ações, com vistas à redução dos riscos e agravos causados por esses animais, devem ser incorporadas às ações de promoção e vigilância em saúde.
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Copyright (c) 2014 Adriana Maria Lopes Vieira, Ricardo Augusto Dias (orientador)

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