Resumo
A Secretaria de Estado da Saúde deMinas Gerais notificou aoMinistério da Saúde, de 2004 a 2006, o número mais alto de pacientes com leishmaniose visceral americana grave no Brasil. De 2000 a 2006, foram confirmados 2.727 casos humanos, com 246 óbitos e letalidade média de 9,0%.1O controle da LVA preconiza: ações de vigilância epidemiológica, diagnóstico e eutanásia dos cães sororreagentes e medidas entomológicas específicas. Dos entraves identificados na execução dessas ações, o diagnóstico sorológico da LVA canina configurava grande viés. Os laboratórios particulares utilizavam kit Elisa, registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mas não validado pelo MS, como teste de triagem e confirmatório. A rede pública utilizava kits produzidos pela Fiocruz/Biomanguinhos: Elisa como triagem e reação imunofluorescência indireta (RIF) como confirmatório. Este estudo objetivou: organizar os serviços de diagnóstico sorológico público e privado para LVA canina em Minas Gerais. Realizou-se: integração das instituições co-responsáveis, supervisões, capacitações, ajustes de condutas, padronização de técnicas, formulários e resultados, introdução na rede particular da RIF e do controle de qualidade externo mensal das amostras pelo Lacen-MG/Funed. Tais ações resultaram em: padronização das requisições e emissões de resultados; implantação da RIF como confirmatório na rede privada, com publicação da Resolução 324/CRMV-MG; redução nas divergências entre resultados dos laboratórios públicos e privados; diminuição nas reclamações de consumidores e profissionais; maior controle dos exames pelo Lacen-MG; implantação de critérios para habilitação de laboratórios particulares; inibição da prestação de serviços diagnósticos com kits sem registro no MAPA e conhecimento da positividade de LVA canina na rede particular. A organização do diagnóstico sorológico para LVA canina induziu confiabilidade, minimizou interferência sobre o serviço da vigilância e na efetividade das ações de controle LVA.
Referências
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