Resumo
O objetivo deste estudo foi descrever o perfil dos usuários que realizaram testagem para o HIV nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Estado de São Paulo entre 2000 e 2007 e analisar as associações entre as características sociodemográficas e comportamentais frente à positividade para o vírus. As estimativas dos riscos (odds ratio) para HIV+ foram estudadas para as variáveis: sexo, idade, escolaridade, estado civil, categoria de exposição/vulnerabilidade, sífilis, hepatites. Realizou-se análise bivariada com nível de significância estatística de 5%. Os resultados mostram que foram realizadas 107.569 testagens para o HIV, com uma proporção de soropositivos de 7,5%. Dentre os sujeitos testados, 53% eram homens, 42% tinham entre 20 a 29 anos, 46% tinham 8 a 11 anos de estudo, 52% eram solteiros, 65% declararam ser heterossexuais, 3,2% realizaram testagem para sífilis, 4,4% para hepatite B e 16,5% para hepatite C. Foram identificadas associações entre a positividade para HIV e o sexo masculino (OR bruto=2,62; 2,49-2,76), 30 a 39 anos (OR 2,75; 2,00-3,81), viúvo (OR 1,90; 1,66-2,18). A escolaridade de 8 a 11 anos de estudo revelou fator protetor (OR 0,62; 0,52-0,74). Para a categoria de exposição homens que fazem sexo com homens (HSH) observou-se OR= 8,08 (7,63-8,57). Para a sífilis registrou-se OR= 6,01 (5,54-6,52), hepatite B (OR 5,75; 5,14-6,43) e hepatite C (OR 7,10;5,17-9,73). Os resultados chamam a atenção para o risco acrescido de HIV entre HSH e portadores de sífilis e hepatites. Essas informações são importantes para direcionar ações de prevenção e de assistência, sobretudo em populações mais vulneráveis.
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