Características dos usuários e fatores associados à soropositividade para o HIV em usuários de Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) no Estado de São Paulo, 2000 a 2007

Autores

  • Norma Farias Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.
  • Mariza Vono Tancredi Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.
  • Karina Wolffenbüttel Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids.
  • Ângela Tayra Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids

Palavras-chave:

testagem para o HIV, aconselhamento, populações vulneráveis

Resumo

O objetivo deste estudo foi descrever o perfil dos usuários que realizaram testagem para o HIV nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Estado de São Paulo entre 2000 e 2007 e analisar as associações entre as características sociodemográficas e comportamentais frente à positividade para o vírus. As estimativas dos riscos (odds ratio) para HIV+ foram estudadas para as variáveis: sexo, idade, escolaridade, estado civil, categoria de exposição/vulnerabilidade, sífilis, hepatites. Realizou-se análise bivariada com nível de significância estatística de 5%. Os resultados mostram que foram realizadas 107.569 testagens para o HIV, com uma proporção de soropositivos de 7,5%. Dentre os sujeitos testados, 53% eram homens, 42% tinham entre 20 a 29 anos, 46% tinham 8 a 11 anos de estudo, 52% eram solteiros, 65% declararam ser heterossexuais, 3,2% realizaram testagem para sífilis, 4,4% para hepatite B e 16,5% para hepatite C. Foram identificadas associações entre a positividade para HIV e o sexo masculino (OR bruto=2,62; 2,49-2,76), 30 a 39 anos (OR 2,75; 2,00-3,81), viúvo (OR 1,90; 1,66-2,18). A escolaridade de 8 a 11 anos de estudo revelou fator protetor (OR 0,62; 0,52-0,74). Para a categoria de exposição homens que fazem sexo com homens (HSH) observou-se OR= 8,08 (7,63-8,57). Para a sífilis registrou-se OR= 6,01 (5,54-6,52), hepatite B (OR 5,75; 5,14-6,43) e hepatite C (OR 7,10;5,17-9,73). Os resultados chamam a atenção para o risco acrescido de HIV entre HSH e portadores de sífilis e hepatites. Essas informações são importantes para direcionar ações de prevenção e de assistência, sobretudo em populações mais vulneráveis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

Centers for Diseases Control and Prevention - CDC. Pneumocystis pneumonia – Los Angeles. MMWR.1981;30:250-2.

Wood E, Montaner JSG, Chan K, Tyndall MW, Schechter MT, Bangsberg D et al. Socioeconomic status, access to triple therapy, and survival from HIV-disease since 1996. Aids. 2002;16:2065-72.

Brito AM, Castilho EA, Szwarcwald CL. Aids e infecção pelo HIV no Brasil: uma epidemia multifacetada. Rev Soc Bras Med Trop. 2001;34(2):207-17.

Santos NJS, Tayra A, Silva SR, Buchalla CM, Laurenti R. A Aids no Estado de SãoPaulo. As mudanças no perfil da epidemia e perspectivas da vigilância epidemiológica. Rev Bras Epidemiol.

;5:286-308.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de DST e Aids. Diretrizes dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Manual. Brasília, 1999.

Erickson B, Wasserheit JN, Rompalo AM, Brathwaite W, Glasser D, Hook EW. Routine voluntary HIV screening in STD clinic clients: characterization of infected clients. Sex Transm Dis. 1990;17(4):194-9.

Centers for Diseases Control and Prevention -CDC. Anonymous or confidencial HIV counseling and voluntary testing in federally funded testing sites – United States, 1995-1997. MMWR. 1999;48(24):509-13.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Contribuição dos Centros de Testagem e Aconselhamento para universalizar o diagnóstico e garantir a equidade no acesso aos serviços/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde, 2008; p. 108.

Centers for Diseases Control and Prevention -CDC. Revised recommendations for HIV testing of adults, adolescents and pregnant women in health-care settings. MMWR. 2006;55(RR 14);1-17.

Obermeyer CM, Osborn M. The utilization of testing and counseling for HIV: a rewiew of the social and behavioral evidence. Am J Public Health. 2007;97(10):1762-74.

Barcellos NT, Fuchs SC, Fuchs FD. Prevalence of and risk factors for HIV infection in individuals testing for HIV at counseling centers in Brazil. Sexualy Transmited Diseases. 2003;30(2):166-73.

Basscichetto KC, Mesquita F, Zacaro C, Santos, EA, Oliveira SM, Veras MASM et al. Perfil epidemiológico dos usuários de um Centro de estagem e Aconselhamento para DST/HIV da rede municipal de São Paulo, com sorologia para o HIV. Rev Bras Epidemiol. 2004;7(3):302-10.

Araújo LC, Fernandes RCSC, Coelho MCP, Medina-Acosta E. Prevalência da infecção pelo HIV na demanda atendida no Centro de Testagem e Aconselhamento da cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 2001-2002. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2005;14(2):85-90.

Germano FN, Silva TMG, Mendoza-Sassi R, Martinez AMB. Alta prevalência de usuários que não retornam ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para o conhecimento do seu status sorológico – Rio Grande, RS, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2008;13(3):1033-40

Wolffenbüttel K. A organização tecnológica do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) no enfrentamento da epidemia de DST/Aids no Estado de São Paulo. [Dissertação de Mestrado].São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa; 2006.

Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST/Aids. Vigilância do HIV no Brasil. Novas diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde. Série Referência, n. 2. 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST/Aids. Sistema de informação dos centros de testagem e aconselhamento em Aids. SI-CTA versão 2.0. Manual de utilização. Brasília; 2005.

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Programa Estadual de DST/Aids. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Centros de Testagem e Aconselhamento – Análise dos atendimentos dos usuários de CTA no Estado de São Paulo, de 2000 a 2007. Boletim Epidemiológico –DST/Aids. Dezembro 2007; 1:26-37.

Brito VOC, Parra D, Facchini R, Buchalla CM. Infecção pelo HIV, hepatites B e C e sífilis em moradores de rua, São Paulo. Rev Saúde Pública. 2007;41(Supl. 2):47-56.

Araújo ML, Sales AAR, Diogenes MAR. Hepatites B e C em usuários do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Fortaleza – Ceará. J

Bras Doenças Sex Transm. 2006;18(3):161-7.

Le Vu S, Herida M, Pillonel J, Allemand M, Couturier S, Semaille C. Consultations de dépistage anonyme et gratuit (CDAG), bilan 2001 et 2002 d’activité dudépistage du VIH en France. BEH. 2004;17:65-8.

Centers for Diseases Control and Prevention -CDC. Voluntary HIV testing as part of routine medical care – Massachusetts, 2002. MMWR. 2004;53:523-6.

Pechansky F, Diemen LV, Kessier F, De Boni R, Surrat H, Inciardi J. Preditores de soropositividade para HIV em indivíduos não abusadores de drogas que buscam Centros de Testagem e Aconselhamento de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública. 2005;21(1):266-74.

Pechansky F, Kessier F, Diemen LV, Inciardi J, Surrat H. Uso de substâncias, situações de risco e soroprevalência em indivíduos que buscam testagem gratuita para HIV em Porto Alegre, Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2005;18(4/5):249-55.

Di Meo M, Grange F, Mulberg C, Guillaume JC. Caractéristiques et l´évolution des consultants, des facteurs de risque et des comportments dans um Centre d´Information et de Dépistage Anonyme et Gratuit du VIH. Ann Dermatol Venereol. 2004;131:165-70.

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Programa Estadual de DST/Aids. Divisão de Vigilância Epidemiológica. Boletim Epidemiológico – DST/Aids. CVE; ano XXVI, n0 1; dezembro de 2007.

Silva ACM, Baroni AA. Fatores de risco para infecção pelo HIV em pacientes com o vírus da hepatite C. Rev Saúde Pública 2006;40(3):482-8.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST/Aids. Boletim Epidemiológico DST/Aids. Dezembro de 2007; 1.

Beloqui JA. Risco relativo para Aids de homens homo/bissexuais em relação aos heterossexuais. Rev Saúde Pública. 2008;42(3):437-42.

Piot P, Islam MQ. Sexually transmited diseases in the 1990s. Global epidemiology and challenges for control. Sex Transm Dis. 1994;21(2 Suppl):S7-13.

Fleming DT, Levine WC, Trees DL, Tambe P, Toomey K, St Louis ME. Syphilis in Atlanta during an era of declining incidence. Sex Transm Dis. 2000;27(2):68-73.

Alter MJ. Epidemiology of viral hepatitis and HIV co-infection.Journal of Hepatology. 2006;44:S6-9.

Ghosn J, Deveau C, Goujard C, Garrique I, Saïchi N, Galimand J et al. Increase in hepatitis C vírus in HIV-1-infected patients followed up since primary infection. Sex Transm Inf. 2006;82:458-60.

Girardi E, Sabin CA, Monforte AA. Late diagnosis of HIV infection: Epidemiological features, consequences and strategies toencourage earlier testing. J Acquir Immune Defic Syndr. 2007;46(Suppl 1):S3-8.

Downloads

Publicado

2008-12-31

Como Citar

1.
Farias N, Vono Tancredi M, Wolffenbüttel K, Tayra Ângela. Características dos usuários e fatores associados à soropositividade para o HIV em usuários de Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) no Estado de São Paulo, 2000 a 2007. Bepa [Internet]. 31º de dezembro de 2008 [citado 28º de abril de 2024];5(60):9-18. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38657

Edição

Seção

Artigo Original