Meningite primária por Pseudomonas aeruginosa. Recidiva e cura: dados sobre a frequência das meningites em São Paulo
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Como Citar

1.
Gomes L de S, Silva M de B e, Ribas JC, Carvalho LC. Meningite primária por Pseudomonas aeruginosa. Recidiva e cura: dados sobre a frequência das meningites em São Paulo. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 29º de janeiro de 1950 [citado 7º de novembro de 2024];10(1-2):71-6. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/33201

Resumo

A meningite causada pela Pseudomonas aeruginosa, relativamente pouco frequente, ocorre via de regra secundariamente, isto é, consequente a traumas diretos, otites, mastoidites ou outras infecções locais ou gerais. Muito mais rara, porém, é a meningite primária ocasionada pelo referido germe. Por essa razão, julgamos de interesse a apresentação do caso que observamos e que, em resumo, passamos a relatar: J. S. P., 22 anos, preto, operário. A 19-11-49 teve forte dor de cabeça e, dois dias depois, febre (39°,5C.) e dor na nuca, sendo removido para o Hospital Emílio Ribas. A punção revelou um líquido cefalorraquiano purulento que foi enviado ao Instituto "Adolfo Lutz" para exame bacteriológico. Foram injetadas por via intratecal 30 mil unidades de penicilina. O exame bacterioscópico do material revelou a presença de piócitos e de bacilos gram-negativos, A 24, foi repetida a punção, mantendo-se ainda o líquor purulento e com bacilos gram-negativos. Foi feita injeção de 100mg de estreptomicina. As culturas do 1.° e 2.° líquidos em caldo peptonado, ágar comum, ágar-ovo e ágar-sangue, revelaram desde logo a formação de um pigmento azul-esverdeado típico do bacilo piocíânico. A parte restante do líquido apresentou a mesma coloração, a partir de 24 horas de permanência na estufa a 37°C. Foram feitas mais três punções raquianas e três aplicações de estreptomicina (100mg cada) pela mesma via. Os exames bacteriológicos desses últimos materiais resultaram negativos. Foi dada alta ao doente em 2-12-49. Em 8-1-50 o doente deu novamente entrada no Hospital, apresentando a mesma sintomatologia anterior. O exame bacteriológico do líquor revelou novamente a presença do mesmo germe. Foi administrada por via intratecal, estreptomicina associada à penicilina, e mais sulfadiazina por via oral. Os exames sucessivos, feitos durante alguns dias no líquor, foram positivos até o terceiro material enviado. O quarto líquor resultou negativo, coincidindo com a completa regressão dos sintomas clínicos. Alta em 17-1-50. Durante a recidiva o doente foi acompanhado de perto por um de nós com o fito de investigar a origem da infecção meníngea. Embora negando qualquer passado mórbido intestinal, renal, e de ouvido, procedemos a exames culturais de urina e fezes, os quais resultaram negativos para Pseudomonas aeruginosa. Não foi possível o achado de nenhum foco infeccioso que desse origem à meningite em questão. O soro do doente aglutinou o germe isolado no título de 1:40, sendo negativa a prova feita com o líquido cefalorraquiano. A identificação do germe isolado foi feita pela capacidade de produção do pigmento característico e, também, pelas seguintes provas: movimento: positivo; gelatina: liquefação; indol: positivo; glicose: fermentação parcial; lactose, maltose, manitol e glicerol: nenhuma fermentação; caldo peptonado: formação de película superficial e de pigmento esverdeado; sangue: hemólise; V.P.: negativo; V.M.: negativo; patogenicidade para camundongo, rato e cobaio: positiva. Devemos assinalar que foi este o primeiro caso registrado no Instituto "Adolfo Lutz", parecendo-nos, pela bibliografia consultada, ser também o primeiro relatado entre nós. Aproveitando a apresentação deste caso e a fim de se ajuizar da frequência dos agentes etiológicos das meningites no Estado de São Paulo, juntamos alguns dados da subsecção de Meningite do Instituto "Adolfo Lutz", no período de 1945-1949. Num total de 2162 casos positivos para meningite, encontramos as seguintes percentagens: M. meningocócica: 68,59%; M. tuberculosa: 8,45%; M. pneumocócica: 7,62%; M. por Hemophilus influenzae: 6,61%. A restante percentagem de 8,72% de casos positivos fica distribuída, ainda por ordem de frequência, entre Streptococcus, Neisseria catarrhalis, Salmonella sp., Eberthella typhosa, Escherichia sp. e Pseudomonas aeruginosa.

https://doi.org/10.53393/rial.1950.10.33201
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Referências

1. SLUTSKY,N. e P. MATLIN - 1939- Pyocyaneus meningitis. Reviewof the literature and report of an original case. J. Arn. Med. Ass.113:1400-1401.

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Copyright (c) 1950 L. de Salles Gomes, M. de Brito e Silva, J. C. Ribas, Lydia C. Carvalho

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