DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DA DOENÇA DE CHAGAS
pdf

Palavras-chave

Doença de Chagas
diagnóstico parasitológico
Trypanosoma (Schizotripanum) cruzi
centenário da doença de Chagas

Como Citar

1.
Araújo M de FL de, Westphalen EVN, Bisugo M da C, Cunha EA, Westphalen S da R, Levy AM de A. DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DA DOENÇA DE CHAGAS. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 30º de dezembro de 2010 [citado 4º de maio de 2024];69:33-40. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/38536

Resumo

A infecção por Trypanosoma (Schizotripanum) cruzi não causa sinais patognomônicos e mais da metade dos infectados não manifesta os principais sintomas da doença de Chagas, seja ela cardiológica ou digestiva. Os primeiros métodos de diagnóstico desenvolvidos foram os métodos parasitológicos. Em 1909, Carlos Chagas baseou-se no achado do T. cruzi em uma criança, para afirmar que este agente era o responsável pelas manifestações clínicas descritas. Tratava-se de fase aguda da doença e a pesquisa direta de T. cruzi no sangue periférico continua, 100 anos após, sendo realizada da mesma forma. O xenodiagnóstico, descrito por Brumpt em 1914, passou a ser utilizado rotineiramente somente após sua padronização em 1974. Na fase crônica, na qual a parasitemia é baixa, estas metodologias apresentam alta especificidade e baixa sensibilidade, contribuindo para a exclusão de reações sorológicas cruzadas, avaliação de tratamento e isolamento e caracterização de cepas. Todovia, devido à baixa sensibilidade, um exame negativo não afasta a possibilidade de infecção. Por outro lado, um exame positivo é um diagnóstico de certeza indiscutível. Na década de 1990, a reação em cadeia da polimerase (PCR) passa a ser recomendada como teste confirmatório. A disponibilidade nos laboratórios, o custo operacional e financeiro limitam a utilização de várias provas diagnósticas nas duas fases da infecção. Sendo assim, há 100 anos, os exames parasitológicos continuam a colaborar com a elucidação de casos suspeitos desta importante tripanossomíase.

pdf

Referências

1. Chiari E, Galvão LMC. Diagnóstico parasitológico da doença de Chagas. In: Dias JCP, Coura JR. Clínica e terapêutica da doença de Chagas. Uma abordagem prática para o clínico geral. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1997: 85-97.

2. Ferreira AW, Ávila SLM. Doença de Chagas. In: Ferreira AW, Ávila SLM. Diagnóstico das principais doenças infecciosas e auto imunes. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan, 1996. 144-49.

3. Luquetti AO, Rassi A. Diagnóstico laboratorial da infecção pelo Trypanosoma cruzi. In: Brener Z, Andrade ZA, Barral-Netto M. Trypanosoma cruzi e doença de Chagas. Rio de Janeiro: Ed Guanabara Koogan, 2000. 2: 344-78.

4. Chagas C. Nova tripanozomiaze humana. Estudos sobre a morfologia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n.gen., n.sp. agente etiológico de nova entidade mórbida do homem. Mem Inst Osvaldo Cruz. 1909; 1:159-218.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Osvaldo Cruz. Doença de Chagas. [acesso 06 julho 2009]. Disponível em: http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=130.

6. Castro CN. Influência da parasitemia no quadro clínico da doença de Chagas. Rev Pat Trop. 1980; 9:73-136.

7. Chiari E, Brener Z. Contribuição ao diagnóstico parasitológico na doença de Chagas na sua fase crônica. Rev Inst Med Trop S Paulo. 8: 134-38.

8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde. Consenso Brasileiro em Doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop. 2005; 3-29.

9. Gurgel-Gonçalves R, Ramalho ED, Duarte MA, Palma ART, Abad-Franch F et al. Enzootic transmission os Trypanosoma cruzi and T. rangeli in the Federal District of Brazil. Rev Inst trop S. Paulo. 2004; 46 (6): 323-30.

10. Ramirez LE, Machado MI, Maywald PG, Matos A, Chiari E, Silva EL. Primeira evidência de Trypanosoma rangeli no sudeste do Brasil, região endêmica para doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop. 1998; 31(1): 99-102.

11. Amato-Neto V, Matsubara L, Lanura PN. Avaliação do sistema quantitative buffy coat (QBC) no diagnóstico laboratorial da infecção pelo Trypanossoma cruzi: estudo em modelo experimental murino. Rev Soc Bras Med Trop. 1996; 29: 59-61.

12. Ferreira CS, Bezerra RC, Pinheiro AA. Techinal report methylene blue stainingg for Trypanosoma cruzi trypomastigotes and epimastigotes. Rev Inst Med trop S Paulo. 2006; 48 (6): 347-49.

13. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde. Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN). Doença de Chagas Aguda. Manual prático de subsídio à notificação obrigatória no SINAN. [acesso em: 06 julho 2009]. Disponível em: http://bvsms.saude.gog.br/bvs/publicacoes/manual_chagas.pdf.

14. Azogue E, Darras C. Estúdio prospectivo de la enfermedad de Chagas em recién nacidos com infección placentária por Trypanossoma cruzi (Santa Cruz-Bolivia). Rev Soc Bras Med Trop. 1991; 24: 105-9.

15. Shikanai YMA, Brisola Marcondes C, Guedes LA, Siqueira GS, Barone AA et al. Possible oral transmission of acute Chagas’disease in Brazil. Rev Inst Med Trop S Paulo. 1991; 33:351-357.

16. Fragata Filho A A, Correia E B, Borges Filho R, Vasconcelos MO, Janczuk D, Martins C SS. Seqüência de transmissões não habituais da infecção chagásica em uma mesma família: transfusional para a mãe e congênita para o filho, de cepa de Trypanosoma cruzi resistente ao tratamento. Rev Soc Bras Med Trop. 2008; 41 (1) : 248-49.

17. Nóbrega AA, Garcia MH, Tatto E, Obara MT, Costa E. Oral transmission of chagas’ disease by consumption of açai palm fruit, Brazil. Emerg Infect Dis. 2009; 15 (4): 653-55.

18. Pereira KS, Schmidt FL, Guaraldo AM, Franco RM. Chagas’ disease as a foodborn illnes. J Food Prot. 2009; 72 (2): 441-46.

19. Luquetti AO, Gonçalves AV, Carneiro LB, Santos JF, Medeiros et al. Tentativa de correlação do xenodiagnóstico com o nível de parasitemia na fase crônica da doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop. 1994; 27 (2): 93.

20. Brumpt E. Le xénodiagnostic. Application au daignostic de quelques infections parasitaires et en particulier à la Trypanosomose de Chagas. Bull Soc Pat Exot. 1914; 7: 706-10.

21. Cerisola JA, Rohwedder R, Segura EL, Del Prado CE, Alvarez M, Martini GJW. El xenodiagnóstico. Buenos Aires. Imp Inst Nac Invest Cardiovasc. 1974; p.157.

22. Tolezano JE. Possibilidade de padronização de xenodiagnóstico. In: Ferreira AW, Tolezano JE, Wendel S, Okay TS. Controvérsias em Doença de Chagas. Instituto de Medicina Tropical. Centro de Estudos Samuel Pessoa São Paulo: Editora Segmento Farma, 2004. p 17-20.

23. Nunes EV, Campos R, Guilherme CS, Tolezano JE, Moreira AAB et al. O xenodiagnóstico da doença de Chagas: influência do sexo dos triatomíneos. Rev Soc Bras Med Trop. 1991; 24: 245-50.

24. Bronfen E, Alvarenga NJ. O xenodiagnóstico e os critérios para avaliar o nível de parasitemia do paciente chagásico crônico. Rev Bras Med Trop. 1991; 24: 37-42.

25. Borges-Pereira J, Junqueira AC, Santos LC, de-Castro JA, de-Araújo IB, Coura JR. Xenodiagnosis in chronic Chagas disease. I. The sensitivity of Panstrongylus megistus and Triatoma infestans. Rev Soc Bras Med Trop. 1996; 29: 341-77.

26. Moreira CJC, Perlowagora-Szumlewicz A. Attempts to improve xenodiagnosis: comparative test of sensibility using Rhodnius neglectus, Panstrogylus megistus, Triatoma vitticeps and Triatoma infestans in endemic areas of Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz.1997; 92: 91-6.

27. Borges-Pereira J, Willcox HPF, Marcondes CD, Coura JR. Parasitemia em pacientes chagásicos crônicos avaliada pelo índice de triatomíneos infectados no xenodiagnóstico. Rev Soc Bras Med Trop. 1989; 22:39-44.

28. Santos AH, Silva IG, Rassi A. Estudo comparativo entre o xenodiagnóstico natural e o artificial em chagásicos crônicos. Rev Soc Bras Med Trop. 1995; 28: 367-73.

29. Castro CN, Alves TM, Macedo VO. Importância da repetição do xenodiagnóstico para avaliação da parasitemia na fase crônica da doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop. 1983; 16:98-103.

30. Tolezano JE, Araújo MFL, Ribeiro SS, Ishida MMI. Efeitos do jejum e da temperatura em laboratório na infectividade de triatomíneos por T cruzi. Rev Inst Adolfo Lutz. 1983; 43 (1/2): 25-32.

31. Tolezano JE, Chieffi PP, Araújo MFL, Valentim AM, Ribeiro SS. Variáveis relacionadas ao desenvolvimento de Triatoma infestans Klug, 1834 em condições de laboratório. I Relação entre repastos sangüíneos e o desenvolvimento. Rev Inst Adolfo Lutz. 1984; 44 (1): 73-9.

32. Schenone H, Mercado AR, Castilho D. Estúdio comparativo de la sensibilidad y mortalidade de lãs ninfas III y IV de Triatoma infestans usadas en el xenodiagnóstico de pacientes crónicos. Bol chil parasitol. 2000; 55: 1-2.

33. Costa CHM, Costa MT, Weber JN, Gilks GF, Castro C, Marsden PD. Skin reactions to bug bites as a result of xenodiagnosis. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1981; 75: 405-8.

34. Dias JCP. Manifestações cutâneas na prática do xenodiagnóstico. Rev Bras Malariol Doenças Trop. 1968; 20: 247-57.

35. Pineda JP, Luquetti A, Castro C. Comparação entre o xenodiagnóstico clássico e o artificial na fase crônica da doença de Chagas. Rev Soc Bras Med Trop. 1998; 31: 473-80.

36. Castro C, Santos MCA., Silveira CA. Estudo comparativo entre o xenodiagnóstico artificial realizado imediatamente e quatro horas após a coleta de sangue. Rev Soc Bras Med Trop. [cited 2009 July 28]; 37(2):128-130. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003786822004000200002&lng=en.

37. Campos R, Amato Neto V, Matsubara L, Moreira AAB, Pinto PLS. Estudos sobre xenodiagnóstico “in vitro”: I. Escolha de anticoagulante e de membrana. Rev Hosp Clin Fac Med Univ S Paulo. 1988; 43: 101-3.

38. Isac E. Influência da heparina e do citrato de sódio no xenodiagnóstico artificial. Rev Pat Trop. 1994; 23: 121-43.

39. Silva IGS, Azevedo YB, Rassi A, Galvão ACR, Silva APR. Correlação existente entre a quantidade de sangue usada no xenodiagnóstico artificial e sua positividade. Rev Soc Bras Med Trop. 1998; 31(1): 240-1.

40. Tolezano JE, Taniguchi HH, Araújo MFL, Westphalen EVN, Barbosa JAR et al. Dinâmica da circulação de Leishmania e Trypanosoma no ambiente florestado natural na ilha de São Sebastião (Ilhabela), São Paulo, Brasil. Bol Inst Adolfo Lutz. 2004; ½: 22-3.

41. Silva IGS, Luquetti AO, Silva HHG. Importância do método de obtenção das dejeções dos triatomíneos na avaliação da susceptibilidade triatomínica para Trypanosoma cruzi. Rev Soc Bras Med Trop. 1993; 26: 19-24.

42. Cerisola JA, Del Prado CE, Rohwedder R, Bozzini JP. Blatochritidia triatominae n.sp.found in Triatoma infestans from Argentina. J Protozol. 1971; 18: 503-6.

43. Rocha e Silva OE, Germano PDB, Corrêa RR, Andrade JCR. Observações sobre o encontro de tripanossomatídeos do gênero Blastocrithidia, infetando naturalmente triatomíneos em insetário e no campo. Rev Saúde Pública. 1977. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101977000100008&lng=en.

44. Chiari E. Parasitological diagnosis. In: S Wendel, Z Brener, ME Camargo, A Rassi editors. Chagas’ disease (American trypanosomiasis): Its impacto in transfusion and clinical medicine. Editora Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, São Paulo. 153-64.

45. Portela-Lindoso AAB, Shikanai-Yasuda MA. Doença de Chagas crônica: do xenodiagnóstico e hemocultura à reação em cadeia da polimesase. Rev Saúde Pública. 2003; 37 (1): 105-15.

46. Galvão LMC, Cançado JR, Rezende DF, Krettli A. Hemocultures from chronic chagasic patients using EDTA or heparin as anticoagulants. Braz J Med Biol Res. 1989; 22: 841-3.

47. Bronfen E, Rocha FSA, Machado GBN, Perillo MM, Romanha AJ, Chiari E. Isolamento de amostras de Trypanosoma cruzi por xenodiagnóstico e hemocultura de pacientes na fase crônica da doença de Chagas. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1989; 84: 237-240.

48. Minter-Goeldbloed E. The primary isolation by haemoculture of Trypanosoma (Schizotrypanum) cruzi from animals and man. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1978; 72: 22-30.

49 Bisugo MC, Nunes EV, Araújo MFL. Cunha EA, Oliveira Junior OC, Guilherme CS et al. Isolamento de Trypanosoma cruzi, por xenocultura, após aplicação de xenodiagnóstico in vivo e/ou in vitro em pacientes na fase crônica da doença de Chagas e na co-infecção pelo HIV. Rev Inst Inst Adolof Lutz. 1998; 57: 89-96.

50. Wincker P, Britto C, Pereira JB, Cardoso MA, Oelemann W, Morel CM. Use of simplified polymerase chain reaction procedure to detect Trypanosoma cruzi in blood samples from chronic chagasic patients in rural endemic areas. Am J Trop Med Hyg. 1994; 51: 771-77.

51. Russomando G, Rojas-de-Arias A, Almiron M, Figueredo A, Fwerreira ME, Morita K. Trypanosoma cruzi: polymerase chain reaction-based detection in dried feces of Triatoma infestans. Exp Parasitol. 1996; 83: 62-6.

52. Junqueira ACV, Chiari E, Wincker P. Comparison of the polymerase chain reaction with two classical parasitological methods for diagnosis of Chagas’disease patients in a north-eastern endemic region of Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg. 1996; 90:129-132.

53. Okay TS. Posição atual da reação da polimerase em cadeia (PCR) quanto ao diagnóstico e ao controle do tratamento etiológico da doença de Chagas. In: AW Ferreira, JE Tolezano, S Wendel , TS Okay. Controvérsias em Doença de Chagas. Instituto de Medicina Tropical. Centro de Estudos Samuel Pessoa São Paulo: Editora Segmento Farma, 2004. 15-16.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2010 Maria de Fátima Lereno de Araújo, Elizabeth Visone Nunes Westphalen, Márcia da Conceição Bisugo, Elaine Aparecida Cunha, Sansão da Rocha Westphalen, Antonio Marcos de Aparecida Levy

Downloads

Não há dados estatísticos.