DIAGNÓSTICO DE ENTEROVIRUS EM CASOS SUSPEITOS DE CONJUNTIVITES E SÍNDROMES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (2008-2009)

Resumo

O gênero Enterovirus Humano (EVH) pertence a família Picornaviridae e apresenta 65 sorotipos distintos, causadores de um largo espectro de enfermidades que acometem adultos e crianças. A maioria das infecções ocorre de forma assintomática, porém podem
ocorrer manifestações clínicas que incluem formas de brandas a graves, como paralisias e acometimento do Sistema Nervoso Central (SNC). O objetivo deste trabalho foi avaliar a positividade em casos suspeitos de Enterovirus como agente causal de meningites, encefalites, meningoencefalites e conjuntivites. As amostras clínicas líquor, fezes, secreção ocular (coletados na fase aguda da doença) e soros pareados (fase aguda e de convalescença) foram encaminhados ao Laboratório de Vírus Entéricos (LVE) do Instituto Adolfo Lutz para realização do diagnóstico laboratorial, no período compreendido entre Junho de 2008 e Junho de 2009. O isolamento foi realizado em culturas celulares e os vírus isolados foram identificados por imunofluorescência indireta e PCR. A confirmação do isolamento viral a partir de material fecal ocorreu após realização da pesquisa de anticorpos por soroneutralização. Neste período, o LVE analisou 30 casos suspeitos de encefalite, 24 de meningoencefalite, 72 de meningite viral e 23 de conjuntivite viral provenientes de municipios do Estado de São Paulo. Os casos com suspeita de encefalite analisados apresentaram 6,7% de positividade para EVH e os casos de meningoencefalites e meningites 4,2% e 11,1%, respectivamente. Não houve positividade para o gênero EVH nos casos suspeitos de conjuntivite. Os echovirus foram detectados em 81,8% dos vírus isolados em casos relacionados principalmente a meningites e meningoencefalites. Os resultados obtidos demonstram alta prevalência dos echovírus em síndromes do SNC no Estado de São Paulo. Ações de vigilância e diagnóstico laboratorial são fundamentais e auxíliam no monitoramento da circulação desses vírus em nosso meio, determinando ações de saúde pública e controle de surtos.