Paciente com paracoccidioidomicose disseminada evoluindo a óbito – relato de caso

Resumo

A paracoccidioidomicose (PCM), micose sistêmica, causada por fungos do gênero Paracoccidioides spp., foi elencada entre as dez principais causas de morte por doenças infecciosas predominantemente crônicas no Brasil. O diagnóstico é dependente da correlação dos sintomas com a identificação das estruturas patognomônicas do patógeno. Relatamos o caso de óbito por PCM, a fim de propagar conhecimento e auxiliar no prognóstico desta doença. As informações clínicas foram descritas e discutidas com base na literatura. Paciente do sexo masculino, 22 anos, residente no município de IARAS/SP, evoluiu a óbito em agosto de 2023 com suspeita clínica de infecção pelo vírus Monkeypox. A vigilância epidemiológica de Hortolândia encaminhou fragmentos de múltiplos órgãos para confirmação laboratorial. A análise histopatológica revelou pneumonia, hepatite, esplenite e dermatite granulomatosa associada a estruturas leveduriformes, birrefringentes, com brotamentos múltiplos compatíveis com Paracoccidioides spp. O marcador imuno-histoquímico policlonal anti Paracoccidioides brasiliensis resultou positivo no pulmão e a qPCR amplificou polimorfismos da região ITS2/28S, específicos do genoma de Paracoccidioides spp., no fígado, baço e pele. Apesar da paracoccidioidomicose ser responsável por aproximadamente 2,66 óbitos/1 milhão de habitantes em São Paulo, foi integrada na lista de doenças de notificação compulsória do estado apenas em abril de 2024. Sua sintomatologia é inespecífica, podendo ser confundida com outras doenças infectocontagiosas ou neoplasias. O exame histopatológico permite a visualização do fungo em colorações específicas, porém devido à similaridade morfológica entre as leveduras, nem sempre é possível distinguir o agente. Métodos moleculares capazes de detectar DNA fúngico têm grande potencial de melhorar o diagnóstico destas infecções, podendo guiar a terapêutica e reduzir tratamentos desnecessários. Além disso, a disseminação dos dados clínico-epidemiológicos e a capacitação dos profissionais da saúde são medidas necessárias para o diagnóstico e o estabelecimento de assistência integral ao paciente.