Impacto da pandemia de COVID-19 no consumo de proteína animal no Brasil: alterações alimentares e o papel da desinformação
PDF

Palavras-chave

SARS-CoV-2
Alimentos
Carnes
Insegurança Alimentar

Como Citar

1.
Felício-Ferreira LM, Morais BL de, Gonçalves F de F, Santos E de SM dos, Garcia-Gomes A dos S. Impacto da pandemia de COVID-19 no consumo de proteína animal no Brasil: alterações alimentares e o papel da desinformação. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 15º de julho de 2025 [citado 9º de agosto de 2025];84:1-19,e41441. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/41441

Resumo

O consumo de proteína animal no Brasil está presente em quase 100% dos lares, sendo o ovo a fonte mais consumida, seguido por frango e suíno. A pandemia causou o fechamento de estabelecimentos, impactando atividades frigoríficas o que, aliado ao aumento dos preços, reacendeu a procura por substitutos proteicos. Adicionalmente a insegurança sobre o consumo de proteína de origem animal, devido à suspeita de que os coronavírus humanos tenham se originado em animais, pode ter tido efeito no consumo de carnes. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da pandemia do COVID-19 no consumo de proteína animal no Brasil, comparando os anos de 2019 e 2021 utilizando um questionário on-line. Dos 191 indivíduos que responderam, 27,2% reduziram o consumo de proteína animal durante a pandemia, sendo que 48% desse grupo justificaram a mudança com medo de contrair o vírus. A análise dos dados destaca que as fake News e a desinformação sobre temas científicos podem impactar nas escolhas alimentares, reforçando a necessidade de uma comunicação clara e precisa sobre a segurança de alimentos e ciência no geral nos meios de comunicação em massa, bem como um combate mais enfático contra as fake News.

https://doi.org/10.53393/rial.2025.v.84.41441
PDF

Referências

1. Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Relatório Anual 2020. [acesso 2022 Out 04]. Disponível em: https://abpa-br.org/wp-content/uploads/2022/02/abpa-relatorio-anual-2020.pdf

2. Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Relatório Anual 2024. [acesso 2024 Ago 26]. Disponível em: https://abpa-br.org/wp-content/uploads/2024/04/ABPA-Relatorio-Anual-2024_capa_frango.pdf

3. Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Exportações de ovos exportam 9,4 mil toneladas em 2022. [acesso 2023 Mai 23]. Disponível em: https://abpa-br.org/mercados/exportacoes-de-ovos-exportam-94-mil-toneladas-em-2022/

4. Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA. Relatório Anual 2022. [acesso 2022 Out 04]. Disponível em: https://abpa-br.org/abpa-relatorio-anual/

5. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA. Boletim do Suíno. 2021;ano12(131). [acesso 2022 Out 26]. Disponível em: https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0031207001628779878.pdf

6. Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. Relatório AgroConab Mensal. Janeiro-Fevereiro 2022. [acesso 2022 Out 26]. Disponível em: https://antigo.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-domercado/historico-mensal-de-agroconab?start=30

7. Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. Relatório AgroConab Mensal. Março-Abril 2021. [acesso 2022 Out 26]. Disponível em: https://antigo.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-domercado/historico-mensal-de-agroconab?start=40

8. Ferreira R. Frigorífico encerra atividade em Ituiutaba; crise econômica pelo coronavírus é uma das alegações. Portal G1. 8 abr. 2020. [acesso 2022 Out 27]. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2020/04/08/frigorifico-encerra-atividade-emituiutaba-crise-economica-pelo-coronavirus-e-uma-das-alegacoes.ghtml

9. Globo Rural. Frigorífico fecha as portas e demite 413 funcionários em Goiás. 05 abr. 2021. [acesso 2022 Out 27]. Disponível em: https://globorural.globo.com/Noticias/Empresas-e-Negocios/noticia/2021/04/frigorifico-fechaportas-e-demite-413-funcionarios-em-goias.html

10. Exame. Entenda o boom do mercado de proteína plant-based. [acesso 2022 Out 27]. Disponível em: https://exame.com/negocios/boom-do-mercado-de-proteina-plant-based/

11. The Good Food Institute Brasil – GFI. 2022. 67% dos brasileiros reduziram o consumo de carne no último ano. [acesso 2023 Mai 23]. Disponível em: https://gfi.org.br/67-dos-brasileiros-reduziram-o-consumo-de-carne-no-ultimo-ano/

12. Malafaia GC, Biscola PHN, Dias FRT. Os impactos da COVID-19 para a cadeia produtiva da carne brasileira. EMBRAPA. Comunicado Técnico 154. Brasília – DF, abril, 2020. [acesso 2022 Out 26]. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/1121736

13. Organização Mundial de Saúde – OMS. Preliminary report for the scientific advisory group for the origins of novel pathogens (SAGO). [acesso 2022 Mai 27]. Disponível em: https://www.who.int/publications/m/item/scientific-advisory-group-on-the-origins-of-novelpathogens-report

14. Mena A, von Fricken ME, Anderson BD. The impact of highly pathogenic avian influenza H5N1 in the United States: a scoping review of past detections and present outbreaks. Viruses. 2025;17(3):307. https://doi.org/10.3390/v17030307

15. Cochran W G. Sampling Techniques. 1977, 3rd ed. New York: John Wiley & Sons.

16. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. População no censo 2022. [acesso 2025 Mai 20]. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/22005-censo-2022-o-retrato-atualizadodo-brasil.html

17. Schlindwein MM, Kassouf AL. Análise da influência de alguns fatores socioeconômicos e demográficos no consumo domiciliar de carnes no Brasil. Rev Econ Sociol Rural. 2006;44(3):549-72. https://doi.org/10.1590/S0103-20032006000300009

18. Matte A, Ceretta GS, Litre G, Vasconcelos Neto CFA. Mudanças alimentares no consumo de proteína animal durante a pandemia de Covid-19 na Região Sul Brasil. Redes. 2024;29(1):1-20. https://doi.org/10.17058/redes.v29i1.17909

19. Falleiros FT, Miguel WC, Gameiro AH. A desinformação como obstáculo ao consumo da carne suína in natura. Rio Branco, AC. Anais do 46º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. 2008. Brasília. Disponível em: https://ageconsearch.umn.edu/record/108574/?v=pdf

20. Castilho LS, Barros LF, Silva NMZ, Chaves ACL. Impacto da pandemia de COVID-19 sobre o consumo de carnes. PUC Minas, Sistema Integrado de Bibliotecas, 2021. Disponível em: https://bib.pucminas.br/pergamumweb/vinculos/0000ad/0000add8.pdf

21. Maynard DC, Anjos HA, Magalhães ACV, Grimes LN, Costa MGO, Santos RB. Consumo alimentar e ansiedade da população adulta durante a pandemia do COVID-19 no Brasil. Res, Soc Dev. 2020;9(11): e4279119905. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.9905

22. Würtz AML, Jakobsen MU, Bertoia ML, Hou T, Schmidt EB, Willett WC et al. Replacing the consumption of red meat with other major dietary protein sources and risk of type 2 diabetes mellitus: a prospective cohort study. Am J Clin Nutr. 2021;113:612 21. https://doi.org/10.1093/ajcn/nqaa284

23. Micha R, Peñalvo JL, Cudhea F, Imamura F, Rehm CD, Mozaffarian D. Association between dietary factors and mortality from heart disease, stroke, and type 2 diabetes in the United States. JAMA. 2017;317(9):912-24. https://doi.org/10.1001/jama.2017.0947

24. Andrade GC, Levy RB, Leite MA, Rauber F, Claro RM, Coutinho JG et al. Mudanças nos marcadores da alimentação durante a pandemia de covid-19 no Brasil. Rev Saúde Pública. 2023;57:54. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004659

25. Martini D, Godos J, Bonaccio M, Vitaglione P, Grosso G. Ultra-processed foods and nutritional dietary profile: a meta-analysis of nationally representative samples. Nutrients. 2021;13(10):3390. https://doi.org/10.3390/nu13103390

26. Steele EM, Rauber F, Costa CS, Leite MA, Gabe KT, Louzada MLC et al. Mudanças alimentares na coorte NutriNet Brasil durante a pandemia de covid-19. Rev Saúde Pública. 2020;54:91. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002950

27. Santos FS, Dias MD, Mintem GC, Oliveira IO, Gigante DP. Food processing and cardiometabolic risk factors: a systematic review. Rev Saúde Pública. 2020;54:70. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001704

28. Pagliai G, Dinu M, Madarena MP, Bonaccio M, Iacoviello L, Sofi F. Consumption of ultra-processed foods and health status: a systematic review and meta-analysis. Br J Nutr. 2021;125(3):308-18. https://doi.org/10.1017/S0007114520002688

29. White M, Nieto C, Barquera S. Good deeds and cheap marketing: the food industry in the time of COVID-19. Obesity. 2020;28(9):1578-9. https://doi.org/10.1002/oby.22910

30. Antúnez L, Alcaire F, Brunet G, Bove I, Ares G. COVID-washing of ultra-processed products: the content of digital marketing on Facebook during the COVID-19 pandemic in Uruguay. Public Health Nutr. 2021;24(5):1142-52. https://doi.org/10.1017/S1368980021000306

31. Campos JADB, Martins BG, Campos LA, Marôco J, Saadiq RA, Ruano R. Early psychological impact of the COVID-19 pandemic in Brazil: a national survey. J Clin Med. 2020;9(9):2976. https://doi.org/10.3390/jcm9092976

32. Serafim AP, Durães RSS, Rocca CCA, Gonçalves PD, Saffi F, Cappellozza A et al. Exploratory study on the psychological impact of COVID-19 on the general brazilian population. PLoS One. 2021;16(2):e0245868. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0245868

33. Jacka FN, Pasco JA, Mykletun A, Williams LJ, Hodge AM, O’Reilly SL et al. Association of western and traditional diets with depression and anxiety in women. Am J Psychiatry. 2010;167(3):305-11. https://doi.org/10.1176/appi.ajp.2009.09060881

34. Ball K, Lee C. Relationships between psychological stress, coping and disordered eating: a review. Psychol Health. 2000;14(6):1007-35. https://doi.org/10.1080/08870440008407364

35. Lemes NC, Moreno KGT, Luz VG, Rocha LM. O que aprendemos sobre consumo alimentar durante a pandemia de COVID-19 no Brasil? Segur Aliment Nutr. 2023;30(00):e023013. https://doi.org/10.20396/san.v30i00.8671092

36. Marty L, Lauzon-Guillain B, Labesse M, Nicklaus S. Food choice motives and the nutritional quality of diet during the COVID-19 lockdown in France. Appetite. 2021;157:105005. https://doi.org/10.1016/j.appet.2020.105005

37. Ministério da Saúde (BR). Recomendações de alimentação em tempos de pandemia de Covid-19 [acesso 2023 Mai 23]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/covid-19/publicacoes-tecnicas/recomendacoes/recomendacoes-de-alimentacao-em-tempos-de-pandemia-de-covid-19/view

38. Zago MA. O que envolve o consumo alimentar e como a pandemia por COVID-19 pode ter influenciado nesse aspecto da vida das pessoas. RACA. 2024;5(1):88-105. https://doi.org/10.35953/raca.v5i1.182

39. Kaspersky. Iceberg Digital. 62% dos brasileiros não sabem reconhecer uma notícia falsa. [acesso 2024 Ago 23]. Disponível em: https://www.kaspersky.com.br/about/press-releases/2020_62-dos-brasileiros-nao-sabem-reconheceruma-noticia-falsa

40. Lima ER, Silva TSS, Vilela ABA, Rodrigues VP, Boery RNSO. Implicações da pandemia de COVID-19 nos hábitos alimentares de brasileiros: revisão integrativa. Research, Society and Development. 2021;10(4):e29810414125. https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14125

41. Folha de São Paulo. Idosos e desinformação: uma combinação perigosa. [acesso 2023 Set 24]. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/03/idosos-e-desinformacao-uma-combinacaoperigosa.shtml

42. Zaracostas J. How to fight an infodemic. Lancet. 2020;395:676. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30461-X

43. West JD, Bergstrom CT. Misinformation in and about science. PNAS. 2021;118(15):e1912444117. https://doi.org/10.1073/pnas.1912444117

44. Brennen JS, Simon F, Philip NHPN, Nielsen RK. Types, sources, and claims of COVID-19 misinformation. RISJ Factsheet. Reuters Institute for the Study of Journalism. 2020. [acesso 2023 Set 24]. Disponível em: https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/types-sources-and-claims-covid-19-misinformation

45. Andrade C. The Limitations of Online Surveys. Indian J Psychol Med. 2020;42(6):575-6. https://doi.org/10.1177/0253717620957496

46. Boni RB. Web surveys in the time of COVID-19. Cad Saúde Pública. 2020;36(7):e00155820. https://doi.org/10.1590/0102-311X00155820

47. Chou WYS, Gaysynsky A,Vanderpool R. The COVID-19 misinfodemic: moving beyond fact-checking. Health Educ Behav. 2021;48(1):9-13. https://doi.org/10.1177/1090198120980675

48. Roozenbeek J, Schneider CR, Dryhurst S, Kerr J, Freeman ALJ, Recchia G et al. Susceptibility to misinformation about COVID-19 around the world. R Soc Open Sci. 2020;7:201199. https://doi.org/10.1098/rsos.201199

49. Zanata ET, Wanderley GPM, Branco IK, Pereira D, Kato LH, Maluf EMCP. Fake news: the impact of the internet on population health. Rev Assoc Med Bras. 2021;67(7):926-30. https://doi.org/10.1590/1806-9282.20201151

50. Ministério da Saúde. Brasil contra fake. 2023 [acesso 2023 Set 24]. Disponível em: https://www.gov.br/secom/pt-br/fatos/brasil-contra-fake

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2025 Lílian Motta Felício-Ferreira, Barbara Lourenço de Morais, Flávia de Frias Gonçalves, Eliana de Souza Marques dos Santos, Aline dos Santos Garcia-Gomes

Downloads

Não há dados estatísticos.