Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos enteropatógenos bacterianos isolados em
crianças menores de 5 anos durante casos de diarreia em instituições de 4 municípios do
Estado de São Paulo, durante 2015 e 2016. A coleta das fezes foi realizada em 107 crianças,
78 (72,9%) crianças com diarreia e 29 (27,1%) crianças sem diarreia. A metodologia foi
coprocultura, identificação bacteriana e teste de sensibilidade aos antimicrobianos. Quarenta
e seis das 107 (43%) amostras clínicas apresentaram crescimento de enteropatógenos.
Amostras de Escherichia coli enteropatogênicas (EPEC), Escherichia coli enteroagregativas
(EAEC) e Salmonella enterica subsp houtenae foram as mais frequentemente isoladas entre
as crianças. Do total de crianças estudadas, três delas apresentaram co-infecção por 2 agentes
etiológicos diferentes: EPEC/EAEC e Salmonella enterica subsp houtenae/EAEC. A maior
ocorrência entre os 49 agentes etiológicos isolados foi EPEC (24/49, 49%), seguido de EAEC
(14/49, 28,6%). Duas amostras de EPEC pertencentes ao sorotipo O109:H21 foram sensíveis
aos antimicrobianos testados, enquanto outras duas pertencentes ao sorotipo O156:H1 foram
resistentes a gentamicina e a amicacina e estreptomicina, respectivamente. Duas amostras
de EAEC pertencentes ao mesmo sorotipo O80:H10 e duas EAEC O15:H2 apresentaram
multirresistência, pelo menos, ao ácido nalidíxico, sulfametoxazol e tetraciclina. Podemos
sugerir que crianças frequentadoras de três instituições diferentes, que apresentaram
agregados de casos de diarreia sugestivo de surto, eram portadoras de clones bacterianos de
amostras de EPEC ou EAEC, por pertencerem ao mesmo sorotipo e com semelhante perfil de
sensibilidade. Nossos resultados são preocupantes e mostram que a vigilância epidemiológica
antimicrobiana constante deve ser garantida para o monitoramento do surgimento de clones
resistentes e para estabelecer estratégias para a prevenção e controle de surtos e epidemias.
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