Contribuição para a história natural da criptococose: analisando espécimes vegetais e ar atmosférico de parques da cidade de São Paulo

Autores

  • Dulcilena de Matos Castro e Silva Pós-Graduação - Coordenadoria de Controle de Doenças
  • Marcia de Souza Carvalho Melhem (orientadora) Pós-Graduação - Coordenadoria de Controle de Doenças

Palavras-chave:

Cryptococcus, Plantas, Microbiologia do ar, Microbiologia ambiental

Resumo

 O papel principal que espécimes vegetais desempenham no ciclo de vida de fungos é fornecer matéria orgânica para   sua proliferação e, nesse habitat, já foram descritas diversas espécies que podem causar infecção humana. Desse   modo, é importante conhecer os nichos naturais de agentes com potencial patogênico, de modo a dar subsídios para   medidas de prevenção e profilaxia para diminuir o risco de exposição humana. Dentre as espécies oportunistas,   destacam-se membros do gênero Cryptococcus spp., que podem causar criptococose, uma das micoses sistêmicas   mais letais na atualidade. O objetivo deste trabalho foi investigar a presença de Cryptococcus em nichos ambientais   de parques da cidade de São Paulo, em particular, ocos de troncos de espécimes vegetais e ar atmosférico adjacente.   Além disso, foi avaliado um novo meio de cultura para isolamento desses agentes. O estudo foi realizado com   45 exemplares, englobando 25 distintas espécies vegetais, localizados em 5 parques nas 5 regiões da cidade. A   coleta, de material orgânico retirado de cada oco e ar adjacente ao espécime vegetal foi realizada trimestralmente,   durante o período de um ano. Dois meios de cultura foram utilizados para isolamento de colônias de Cryptococcus   spp., a saber: o meio clássico de Guizzotia abssynica (ágar niger) e um novo meio, denominado Dicloram Rosa   Bengala modificado (DRBCm), que mostrou melhor desempenho para isolamento desses agentes. Cento e vinte   e três isolados de Cryptococcus spp. foram obtidos de ocos vegetais (111; 90,2%) e ar atmosférico (12; 9,8%).   Vinte (44,5%; 20/45) exemplares pertencentes a 19 espécies vegetais foram positivos para Cryptococcus spp. As   espécies de Cryptococcus encontradas em ocos foram: C. neoformans (61,2%; 68/111), C. laurentii (30,6%; 34/111),   C. albidus (2,7%; 3/111) e C. terrestris (1,8%; 2/111). Sessenta e oito isolados de C. neoformans foram obtidos de   amostras de Hymenaea courbaril e a identificação molecular por PCR/RFLP indicou o tipo molecular VNI. Em   uma das amostras positivas para C. neoformans foi verificada, também, a presença concomitante de C. albidus. Em   3,6% (4/111) dos isolados de oco, a espécie de Cryptococcus não pode ser identificada pelos métodos empregados   no estudo. Os resultados das análises de ar atmosférico indicaram a ocorrência de: C. laurentii (66,8% 8/12),   C. albidus (8,3%; 1/12), C. humicola (8,3%; 1/12), C. flavescens (8,3%; 1/12). Em 1 (8,3%; 1/12) isolado a espécie   não pode ser identificada pelos métodos empregados. Quando comparadas as espécies de Cryptococcus encontradas   no oco de tronco e no ar adjacente, verificou-se que em 5 coletas (50%, 5/10) elas foram equivalentes. A espécie   C. laurentii foi verificada em todas essas 5 coletas, as quais foram realizadas em: G. japônica, M. nictitans, E.   speciosa, T. granulosa e L. japonicum. Foi relatado, de modo inédito, o encontro de espécies de Cryptococcus nas   seguintes espécimes vegetais: Vochysia tucanorum; Cedrela fissilis; Astronium flaxinifolium; Rapanea umbellata;   Gryobotria japônica; Machoenium nictitans; Spathodea campanulata; Plumeria rubr; Casuarina cunninghamiana   e Astronium flaxinifolium, ressaltando a amplitude de nichos ambientais desses agentes. Conclui-se que a   contaminação por Cryptococcus spp. é extensa em espécimes vegetais de parques da cidade de São Paulo, assim   como a possibilidade de dispersão aérea desses agentes. O encontro de C. neoformans do tipo molecular VNI em   matéria orgânica de Hymenaea courbaril (Jatobá) foi pioneiro, indicando mais uma fonte potencial de infecção para   o agente mais frequente de criptococose. O encontro de C. albidus junto a C. neoformans sugere a possibilidade de   um marcador epidemiológico para o maior agente da criptococose mundial. Os resultados deste estudo permitem   indicar um novo meio de cultura (DRBCm) para isolamento de Cryptococcus spp. a partir de amostras vegetais.   Os dados deste estudo, somados aos de futuras investigações, que complementem a monitoração da ocorrência de   agentes de criptococose em áreas de lazer da população urbana de São Paulo, constituem subsídios para medidas de   vigilância sanitária para redução do risco de exposição da população a esses agentes oportunistas.       

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Publicado

2015-08-31

Como Citar

1.
de Matos Castro e Silva D, de Souza Carvalho Melhem (orientadora) M. Contribuição para a história natural da criptococose: analisando espécimes vegetais e ar atmosférico de parques da cidade de São Paulo. Bepa [Internet]. 31º de agosto de 2015 [citado 5º de maio de 2024];12(139):15-6. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38167

Edição

Seção

Resumo de teses e dissertações

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