Surto de esporotricose em gatos – investigação e ações de controle, município de São Paulo/SP

Autores

  • Elisabete Aparecida da Silva Secretaria Municipal de Saúde
  • Fernanda Bernardi Secretaria Municipal de Saúde
  • Maria Cristina Novo Campo Mendes Secretaria Municipal de Saúde
  • Noemia Tucunduva Paranhos Secretaria Municipal de Saúde
  • Leda Maria Ponti Schoendorfer Secretaria Municipal de Saúde
  • Neide Ortencio Garcia Secretaria Municipal de Saúde
  • Hildebrando Montenegro Secretaria Municipal de Saúde
  • Maria Adelaide Galvão Dias Secretaria Municipal de Saúde
  • David Augusto Fantini Secretaria Municipal de Saúde
  • Vivian Ailt Cardoso Secretaria Municipal de Saúde

Palavras-chave:

Esporotricose, Zoonoses, Vigilância, Surto, Gatos, Itaquera-São Paulo

Resumo

 Em 2011, a partir de rumor da presença de gatos com a zoonose esporotricose, iniciou-se uma investigação epidemiológica no Distrito Administrativo de Itaquera, município de São Paulo, para detecção de possível surto e definição de medidas de controle. Delimitou-se a área geográfica de trabalho para busca ativa de casos em animais e pessoas, coletando-se material para diagnóstico. Animais diagnosticados receberam tratamento e acompanhamento domiciliar periódico. Casos humanos suspeitos foram encaminhados para atendimento médico. Os proprietários foram orientados sobre a doença, a importância da domiciliação, cuidados para a medicação e manejo dos animais. Mutirões de esterilização foram realizados para diminuir a circulação de animais, a dispersão da doença e identificação de suspeitos. Informações para detecção de novos casos foram divulgadas entre médicos e veterinários da rede de saúde. Entre abril de 2011 a dezembro de 2013 foram detectados 114 gatos e um cão positivos e 13 pessoas com lesões sugestivas. Observou-se um decréscimo da incidência de casos humanos e felinos no período. A adesão e o comprometimento dos proprietários com o tratamento, propiciados pelo vínculo de confiança estabelecido com a equipe de Vigilância em Saúde, a esterilização de animais e o manejo adequado dos gatos evitaram o abandono e diminuíram a transmissão. Os resultados indicam que a estratégia adotada foi efetiva para a detecção e controle do surto e recuperação dos animais. A continuidade do monitoramento será fundamental para diagnóstico precoce e redução de casos em humanos e animais.

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Moore J, Davis D. Sporotrichosis following mouse bite with certain immunologic data. J Infect Dis. 1918;23:252-65. Agradecimentos: os autores agradecem à Eliane Pires (moradora que comunicou ao CCZ-SP sobre a presença de gatos com a doença na área estudada e contribuiu na busca de novos casos), Luana Silva Nascimento (agente de zoonoses do NVE-CCZ que acompanhava as visitas), Veronica Almeida de Paula Galdino da Silva, Mariana Batista Baptista (estagiárias de medicina veterinária do NVE/CCZ), Ricardo Dias Ergueles, Sandra Midori Araki, Sandra Regina Mieko Muayama (médicos veterinários da Coordenadoria Regional de Saúde Leste/ SUVIS Itaquera), Gizelda Katz (médica da GCCD), José Angelo Lauletta Lindoso, Luiza Keiko Oyafuso (médicos que atenderam os pacientes no IERR), Maria Lucia Encarnação Ricciardi (médica veterinária que informou sobre o rumor) e a todos os agentes de apoio/ zoonose da SUVIS Itaquera e do CCZ-SP, que contribuíram com a atividade do casa a casa ou no Setor do Gatil/CCZ.

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Publicado

2015-02-27

Como Citar

1.
Aparecida da Silva E, Bernardi F, Novo Campo Mendes MC, Tucunduva Paranhos N, Ponti Schoendorfer LM, Ortencio Garcia N, Montenegro H, Galvão Dias MA, Fantini DA, Ailt Cardoso V. Surto de esporotricose em gatos – investigação e ações de controle, município de São Paulo/SP . Bepa [Internet]. 27º de fevereiro de 2015 [citado 15º de maio de 2024];12(133):1-16. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38191

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