Resumen
Em 2011, a partir de rumor da presença de gatos com a zoonose esporotricose, iniciou-se uma investigação epidemiológica no Distrito Administrativo de Itaquera, município de São Paulo, para detecção de possível surto e definição de medidas de controle. Delimitou-se a área geográfica de trabalho para busca ativa de casos em animais e pessoas, coletando-se material para diagnóstico. Animais diagnosticados receberam tratamento e acompanhamento domiciliar periódico. Casos humanos suspeitos foram encaminhados para atendimento médico. Os proprietários foram orientados sobre a doença, a importância da domiciliação, cuidados para a medicação e manejo dos animais. Mutirões de esterilização foram realizados para diminuir a circulação de animais, a dispersão da doença e identificação de suspeitos. Informações para detecção de novos casos foram divulgadas entre médicos e veterinários da rede de saúde. Entre abril de 2011 a dezembro de 2013 foram detectados 114 gatos e um cão positivos e 13 pessoas com lesões sugestivas. Observou-se um decréscimo da incidência de casos humanos e felinos no período. A adesão e o comprometimento dos proprietários com o tratamento, propiciados pelo vínculo de confiança estabelecido com a equipe de Vigilância em Saúde, a esterilização de animais e o manejo adequado dos gatos evitaram o abandono e diminuíram a transmissão. Os resultados indicam que a estratégia adotada foi efetiva para a detecção e controle do surto e recuperação dos animais. A continuidade do monitoramento será fundamental para diagnóstico precoce e redução de casos em humanos e animais.
Citas
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Moore J, Davis D. Sporotrichosis following mouse bite with certain immunologic data. J Infect Dis. 1918;23:252-65. Agradecimentos: os autores agradecem à Eliane Pires (moradora que comunicou ao CCZ-SP sobre a presença de gatos com a doença na área estudada e contribuiu na busca de novos casos), Luana Silva Nascimento (agente de zoonoses do NVE-CCZ que acompanhava as visitas), Veronica Almeida de Paula Galdino da Silva, Mariana Batista Baptista (estagiárias de medicina veterinária do NVE/CCZ), Ricardo Dias Ergueles, Sandra Midori Araki, Sandra Regina Mieko Muayama (médicos veterinários da Coordenadoria Regional de Saúde Leste/ SUVIS Itaquera), Gizelda Katz (médica da GCCD), José Angelo Lauletta Lindoso, Luiza Keiko Oyafuso (médicos que atenderam os pacientes no IERR), Maria Lucia Encarnação Ricciardi (médica veterinária que informou sobre o rumor) e a todos os agentes de apoio/ zoonose da SUVIS Itaquera e do CCZ-SP, que contribuíram com a atividade do casa a casa ou no Setor do Gatil/CCZ.
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