Hanseníase e laboratório: uma interação desafiadora

Autores

  • Heloisa da Silveira Paro Pedro Instituto Adolfo Lutz – Centro de Laboratórios Regionais de São José do Rio Preto.
  • Susilene Maria Tonelli Nardi IInstituto Adolfo Lutz – Centro de Laboratórios Regionais de São José do Rio Preto.
  • Fernanda Modesto TolentinoI; Instituto Adolfo Lutz – Centro de Laboratórios Regionais de São José do Rio Preto.
  • Emilaine Ribeiro de Carvalho Instituto Adolfo Lutz – Centro de Laboratórios Regionais de São José do Rio Preto.
  • Janaína Olher Martins Montanha Instituto Adolfo Lutz - Centro de Laboratório Regional de Ribeirão Preto – VI
  • Marcus Alexandre Mendes Luz IIFaculdade de Medicina de São José do Rio Preto
  • Del’Arco Paschoal Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

Palavras-chave:

Hanseníase, Mycobacterium leprae, Diagnóstico laboratorial

Resumo

O M. leprae é o agente da hanseníase. Por ser um bacilo não cultivável em meios definidos, seu diagnóstico é essencialmente clínico. Pesquisas têm sido realizadas para desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e consequente detecção precoce da doença. O objetivo deste trabalho é investigar e apresentar o que há de atual nas pesquisas em relação ao diagnóstico laboratorial da hanseníase. Foi realizada revisão bibliográfica, que utilizou 57 artigos provindos da MEDLINE, PUBMED, LILACS, SciELO, PAHO e WHOLIS, com os unitermos: diagnóstico, hanseníase, Mycobacterium leprae, PGL-I, biópsia, diagnóstico molecular, PCR, sorologia e transmissão. Foi constatado que exames auxiliam no diagnóstico diferencial, mas não há um exame considerado padrão-ouro. Os testes clássicos como baciloscopia, biópsia e Mitsuda continuam sendo utilizados. O sorodiagnóstico, baseado na detecção de anticorpos IgM ao glicolipídio fenólico I (PGLI), foi explorado e vários testes desenvolvidos para diagnóstico. As técnicas moleculares que utilizam genes específicos do M. leprae como alvo são utilizadas para auxiliar em casos difíceis e são consideradas técnicas promissoras pela alta sensibilidade e especificidade, mas a maioria, ainda restritas à pesquisa, devido ao alto custo que inviabiliza sua utilização na rotina laboratorial. Novos métodos estão sendo testados, mas ainda são inviáveis pela tecnologia sofisticada e custo elevado ou por oferecerem valor prognóstico e não diagnóstico.   

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

Ministério da Saúde. Guia para o controle de hanseníase. 3. ed. Brasília (DF): Departamento de Atenção Básica; 2002.

Sales AM, Ponce de Leon A, Duppre NC, Hacker MA, Nery JAC, Sarno EN et al. Leprosy among patient contacts: a multilevel study of risk factors. PLoS Negl Trop Dis. 2011;5(3):e1013.

Martins MA. Qualidade de vida em portadores de hanseníase [dissertação de mestrado na Internet]. Campo Grande: Universidade Católica Dom Bosco; 2009. [acesso em 06 ago 2014]; Disponível em: http://www.livrosgratis.com.br/ arquivos_livros/cp090508.pdf

Araújo S. Epidemiologia molecular da hanseníase: sorologia anti PGL-I e PCR em swab nasal de pacientes com hanseníase e contatos domiciliares [dissertação de mestrado na Internet]. Uberlândia: Faculdade de Medicina da Universidade Federal; 2012 [citado 2012 set 3]. Disponível em: http:// www.bdtd.ufu.br/tde_arquivos/7/TDE-2012- 02-02T151726Z-2779/Publico/d.pdf

Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação epidemiológica da hanseníase no Brasil: análise de indicadores selecionados na última década e desafios para eliminação. Bol Epidem. 2013;44(11):1-12.

World Health Organization (WHO). Global leprosy situation. Wkly Epidemiol Rec. 2012;87(34):317-28.

Sobrinho RAS, Mathias TAF. Perspectivas de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no Estado do Paraná, Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(2):303- 14.

Sarno EN. A hanseníase no laboratório. Hist Ciênc Saúde - Manguinhos. 2003;10(Suppl 1):277-90.

Ministério da Saúde. Portaria nº 3.125, de 07 de outubro de 2010. Aprova as diretrizes para vigilância, atenção e controle da hanseníase. 198. Diário Oficial da União. 15 out 2010;Seção 1:55.

Barreto JA. Avaliação de pacientes com hanseníase na faixa virchowiana diagnosticados entre 1990 e 2000 tratados com poliquimioterapia 24 doses e seus comunicantes na fase de pós-eliminação em municípios de Santa Catarina [tese de doutorado na internet]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2011.

Scollard DM, Adams LB, Gillis TP, Krahenbuhl JL, Truman RW, Williams DL. The continuing challenges of leprosy. Clin Microbiol. 2006;19(2):338-81.

Eichelmann K, González González SE, Salas-Alanis JC, Ocampo-Candiani J. Leprosy. An Update: definition, pathogenesis, classification, diagnosis, and treatment. Actas dermo-sifiliogr. 2013;104(7):554-63.

Macieira S. Aspectos microbiológicos do Mycobacterium leprae. In: Opromolla DVA. Noções de Hansenologia. Bauru: Centro de Estudos Dr. Reynaldo Quagliato; 2000. p.13-8.

Martelli CMT et al. Endemias e epidemias brasileiras, desafios e perspectivas de investigação científica: hanseníase [periódico na Internet]. Rev Bras Epidemiol. 2002 [acesso em 15 out 2012]; 5(3):273-85. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415- 790X2002000300006&script=sci_arttext

Trabulsi LR, Althertum F. Microbiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 2008.

Mendonça VA, Costa RD, Brito-Melo GE, Antunes CM, Teixeira AL. Imunologia da hanseníase. An. Bras. Dermatol. 2008;83(4):343-50.

Araújo MG. Hanseníase no Brasil [periódico na Internet]. Rev. Soc. Bras. Med. Trop.; 2003 [acesso em 19 set 2012]; 36(3):373-82. Disponível em: http://www. scielo.br/pdf/rsbmt/v36n3/16339.pdf

Ridley DS, Jopling WH. Classification of leprosy according to immunity. A fivegroup system. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1966;34(3):255-73.

Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2010.

Bakker MI, Hatta M, Kwenang A, Faber WR, Van Beers SM, Klatser PR et al. Population survey to determine risk factors for Mycobacterium leprae transmission and infection. Int J Epidemiol. 2004;33(6):1329-36.

Boechat N, Pinheiro LCS. A hanseníase e sua quimioterapia [periódico na Internet]. Rev Virtual Quim.; 2012 [acesso em 14 out 2012];4(3):247-56. Disponível em: http:// www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/ viewFile/236/243

Opromolla DVA, Arruda OS, Fleury RN. Manutenção de tatus em cativeiro e resultados de inoculação do Mycobacterium leprae. Hansen Int. 1980;5(1):28-36.

Deps PD, Faria LV, Gonçalves VC, Silva DA, Ventura CG, Zandonade E. Aspectos epidemiológicos da transmissão da hanseníase em relação a exposição ao tatu [periódico na Internet]. Hansen Int.; 2003 [acesso em 15 out 2012];28(2):138-44. Disponível em: http://www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo. php?id=10638

Macedo RE, Ferreira ABR, De Oliveira JHMC, Neumann AS, Britto CPC, Levy CMDA et al. Triatomíneos possuem potencial como vetores da hanseníase [periódico na Internet]. Hansen Int.; 2011 [acesso em 20 out 2012];36(1):44. Disponível em: http://www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo. php?id=11347

Buhrer-Sékula S. Sorologia PGL-I na hanseníase. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2008;41(Supl.2):3-5.

Barreto JA, Nogueira MES, Diorio SM, Buhrer-Sékula S. Sorologia rápida para hanseníase (teste ML Flow) em pacientes dimorfos classificados como paucibacilares pelo numero de lesões cutâneas: uma ferramenta útil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2008;41(Supl.2):45-7.

Opromolla DVA. Noções de hansenologia. São Paulo: Centro de Estudos Dr. Reynaldo Quagliato; 2000.

Ura S, Barreto JA. Papel da biópsia cutânea no diagnóstico de hanseníase [periódico na internet]. Hansen Int.; 2004 [acesso em 06/08/2014];29(2):141-4. Disponível em: http://www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo. php?id=10689#

Pardillo FE, Fajardo TT, Abalos RM, Scollard D, Gelber RH. Methods for the classification of leprosy for treatment purposes. Clin Infect Dis. 2007;15;44(8):1096-9.

Pinquier L. Histopathology of leprosy. Ann Dermatol Venereol. 2011;138 (11):777-81.

Shivaswamy KN, Shyamprasad AL, Sumathy TK, Ranganathan C, Agarwal V. Clinico histopathological correlation in leprosy. Dermatol online j. 2012;18(9):2.

Velasco D, Lozano S, Villarrubia J. Leprosy diagnosed by bone marrow aspiration. Br. J. haematol. 2012;160(2):121.

Giridhar M, Arora G, Lajpal K, Singh Chahal K. Clinicohistopathological concordance in leprosy - a clinical, histopathological and bacteriological study of 100 cases. Indian J Lepr. 2012;84(3):217-25.

Medeiros MF, Jardim MR, Vital RT, Costa Nery JA, Sales AM, Moraes MO et al. An attempt to improve pure neural leprosy diagnosis using immunohistochemistry tests in peripheral nerve biopsy specimens. Appl Immunohistochem Mol Morphol. 2013 May 22. [Epub ahead of print]

Natrajan M, Katoch K, Katoch VM, Das R, Sharma VD. Histological diagnosis of early and suspicious leprosy by in situ PCR. Indian J Lepr. 2012;84(3):185-94.

Garbino JA, Jardim MR, Marques JR W, Antunes SL, Soares CT, Heise CO et al. Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Hanseníase Neural Primária. Fundação Oswaldo Cruz – Rio de Janeiro, Instituto Lauro de Souza Lima – Bauru – São Paulo. Fevereiro de 2011.

Lastória JC. A reação de Mitsuda seriada na identificação das formas reacionais tuberculoide e dimorfa da hanseníase [tese de doutorado na internet]. Botucatu: Faculdade de Medicina UNESP; 1990 [acesso em 20 set 2012]. Disponível em: http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/teses/ LASTORIA_JOEL_1/PDF/LASTORIA_ JOEL.pdf

Brenan PJ. Skin test development in leprosy: progress with first-generation skin test antigens, and an approach to the second generation. Lepr. Rev. 2000; 71(Supl):S50-4.

Bazan-Furini R, Motta AC, Simão JC, Tarquínio DC, Marques Junior W, Barbosa MH et al. Early detection of leprosy by examination of household contacts, determination of serum anti-PGL-1 antibodies and consanguinity. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 2011;106(5):536-40.

Amador MPSC, Cunha MHCM, Cruz CAV. Análise imunodiagnóstica do teste anti- PGL-I na diferenciação entre hanseníase clínica e reação hansênica pós-cura. Cad. Saúde Colet. 2007;15(3):357-68.

Geluk A, Van der Ploeg J, Teles RO, Franken KL, Prins C, Drijfhout JW et al. Rational combination of peptides derived from different Mycobacterium leprae proteins improves sensitivity for immunodiagnosis of M. leprae infection. Clin. Vaccine Immunol. 2008;15(3):522-33.

Stefani MMA. Desafios na era pós genômica para o desenvolvimento de testes laboratoriais para o diagnóstico da hanseníase. Rev Soc Bras Med. [periódico na Internet]. 2008 [acesso em 19 set 2013];41(Supl.2):89-94. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v41s2/ v41s2a18.pdf

Hungria EM, Oliveira RM, Souza AL, Costa MB, Souza VN, Silva EA et al. Seroreactivity to new Mycobacterium leprae protein antigens in different leprosy-endemic regions in Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 2012;107(Supl. 1):104-11.

Moura RS, Calado KL, Oliveira MLW, Bührer-Sékula S. Leprosy serology using PGL-I: a systematic review. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2008;41(Supl. 2):11-8.

Duthie MS, Truman RW, Goto W, O’Donnell J, Hay MN, Spencer JS et al. Insight toward early diagnosis of leprosy through analysis of the developing antibody responses of Mycobacterium leprae-infected armadillos. Clin. Vaccine Immunol. 2011;18(2):254-9.

Silva RC. Estudo do comportamento dos testes sorológicos ML FLOW e ELISA (PGL-I) em áreas endêmicas e não endêmicas de hanseníase [tese de doutorado na internet]. Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; 2008 [acesso em 22 nov 2012]. Disponível em: http:// www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/ bitstream/handle/1843/ECJS-7F3N7T/ rozana_castorina_silva.pdf?sequence=1

Oliveira MLW, Cavaliére FAM, Maceira JMP, Bührer-Sékula S. O uso da sorologia como ferramenta adicional no apoio ao diagnóstico de casos difíceis de hanseníase multibacilar: lições de uma unidade de referência. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2008;41(Supl.2):27-33.

Lobato J, Costa MP, Reis EM, Gonçalves MA, Spencer JS, Brennan PJ et al. Comparison of three immunological tests for leprosy diagnosis and detection of subclinical infection. Lepr. Rev. 2011;82(4):389-401.

Groathouse NA, Amin A, Marques MA, Spencer JS, Gelber R, Knudson DL et al. Use of protein microarrays to define the humoral immune response in leprosy patients and identification of disease-state-specific antigenic profiles. Infect. Immun. 2006;74(11):6458-66.

Cole ST, Eiglmeier K, Parkhill J, James KD, Thomson NR, Wheeler PR et al. Massive gene decay in the leprosy bacilus. Nature 2001;409(6823):1007-11.

Katoch VM, Lavania M, Chauhan DS, Sharma R, Hirawati, Katoch K. Recent advances in molecular biology of leprosy. Indian J Lepr. 2007;79(2-3):151-66.

Martinez AN, Ribeiro-Alves M, Sarno EN, Moraes MO. Evaluation of qPCR-based assays for leprosy diagnosis directly in clinical specimens. PLoS Negl Trop Dis. 2011;5(10):e1354. doi: 10.1371/journal. pntd.0001354. Epub 2011 Oct 11.

Goulart IM, Cardoso AM, Santos MS, Gonçalves MA, Pereira JE, Goulart LR. Detection of Mycobacterium leprae DNA in skin lesions of leprosy patients by PCR may be affected by amplicon size. Arch. Dermatol. Res. 2007; 299(5-6):267-71.

Martinez TS, Figueira MM, Costa AV, Gonçalves MA, Goulart LR, Goulart IMB. Oral mucosa as a source of Mycobacterium leprae infection and transmission, and implications of bacterial DNA detection and the immunological status. Clin. microbiol. infect. 2011;11(17):1653-8.

Almeida EC, Martinez AN, Maniero VC, Sales AM, Duppre NC, Sarno EN et al. Detection of Mycobacterium leprae DNA by polymerase chain reaction in the blood and nasal secretion of brazilian household contacts. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 2004;99(5):509-11.

Li W, Matsuoka M, Kai M, Thapa P, Khadge S, Hagge DA et al. Real-time Real-time PCR and high-resolution melt analysis for rapid detection of Mycobacterium leprae drug resistance mutations and strain types. J. Clin Microbiol. 2012; 50(3):742-53. doi: 10.1128/JCM.05183-11.

Young D. Leprosy: a post-elimination research agenda. Trends Micobiol. 1998;6(6):217-8.

Downloads

Publicado

2014-06-30

Como Citar

1.
da Silveira Paro Pedro H, Maria Tonelli Nardi S, Modesto TolentinoI; F, Ribeiro de Carvalho E, Olher Martins Montanha J, Alexandre Mendes Luz M, Paschoal D. Hanseníase e laboratório: uma interação desafiadora . Bepa [Internet]. 30º de junho de 2014 [citado 30º de abril de 2024];11(126):1-14. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38223

Edição

Seção

Artigo Original

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)