Resumo
Como conseqüência da explosão do consumo dos alimentos para praticantes de atividade física (APAF) e suplementos vitamínicos e/ou minerais (SVM), o mercado mundial de APAF e SVM movimentou 46 bilhões de dólares em 2001. As Portarias n° 222 e n° 32, de 1998, da legislação brasileira, regulamentam esses produtos, fixando a identidade e qualidade, excluindo estimulantes, hormônios, fitoterápicos e outras consideradas como doping pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O crescimento do consumo ocorreu devido à inclusão de extratos vegetais, melatonina e precursores de testosterona, além dos nutrientes, permitidos pelo Dietary Supplement Health and Education. O apelo da publicidade, com fotografias exibindo corpos musculosos de atletas renomados, o culto exagerado ao corpo, conhecido como vigorexia, e o livre acesso aos APAF e SVM, via internet, resultaram na popularização do uso dessas formulações por atletas amadores. Denúncias efetuadas pela imprensa de que anabolizantes eram comercializados veiculados em APAF e SVM ou em drogas de uso veterinário têm promovido inspeções e apreensões, em lojas e academias, pela Anvisa, pelos serviços de vigilância sanitária e pelas polícias Civil e Federal. O objetivo deste trabalho foi pesquisar e identificar anabolizantes não declarados nos rótulos dos produtos apreendidos pelos órgãos fiscalizadores. Das 111 amostras analisadas, 25,5% apresentaram substâncias esteroidais anabolizantes; desse total, 7% foram identificadas como sais de testosterona e 18,5% não foram identificadas pela indisponibilidade de outros padrões. Essas ações laboratoriais dão suporteà vigilância sanitária e à farmacovigilância quanto ao controle do risco sanitário associado ao consumo de APAF e SVM contendo anabolizantes.
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