Padronização e aplicação da técnica de isolamento do vírus da raiva em células de neuroblastoma de camundongo (N2A)

Autores

  • Juliana Galera Castilho Instituto Pasteur de São Paulo, Coordenadoria de Controle de Doenças, Secretaria de Estado da Saúde
  • Keila Iamamoto Instituto Pasteur
  • Jonas Yoshitaka de Oliveira Lima Instituto Pasteur
  • Karin Corrêa Scheffer Instituto Pasteur
  • Pedro Carnieli Junior Instituto Pasteur
  • Rafael de Novaes de Oliveira Instituto Pasteur
  • Carla Isabel Macedo Instituto Pasteur
  • Samira Maria Achkar Instituto Pasteur
  • Maria Luiza Carrieri Instituto Pasteur
  • Ivanete Kotait Instituto Pasteur

Palavras-chave:

raiva, cultura celular, neuroblastoma murino, morcegos

Resumo

O diagnóstico laboratorial da raiva é de suma importância para o controle e prevenção da doença, uma vez que os diagnósticos clínicos não são precisos. A imunofluorescência direta (IFD) é o teste mais utilizado e mesmo sendo altamente sensível, acurado e relativamente rápido, pode gerar resultados falsos negativos. Desta forma, recomenda-se o isolamento do vírus da raiva em camundongos (IVC) em amostras de Sistema Nervoso Central (SNC) de animais suspeitos de estarem infectados, teste que atualmente vem sendo substituído em vários laboratórios pelo isolamento viral em cultura de células (IVCC). O objetivo do presente estudo foi comparar a sensibilidade do teste de isolamento do vírus em cultura de células de neuroblastoma de camundongos (N2A), com o teste de IVC e com a IFD, bem como avaliar os resultados obtidos na rotina de diagnóstico do Instituto Pasteur, em relação à redução de custo, tempo e trabalho. Foram analisadas 105 amostras de SNC de diferentes espécies de animais pela IFD, pelo IVC e pelo IVCC: 50 de morcegos, 32 de cães, 13 de raposas e 10 de bovinos. Todas as amostras de morcegos e de bovinos apresentaram resultados concordantes para os três testes, enquanto que as de cães e raposas apresentaram concordância em somente 24 amostras (69%). Com base nestes resultados, a partir de 2004 estabeleceu-se que todas as amostras de morcegos enviadas ao Laboratório do Instituto Pasteur, após o diagnóstico por IFD, seriam submetidas ao IVCC, substituindo o uso de camundongos. No período de janeiro de 2004 a setembro de 2007, foram analisadas 11.298 amostras de morcegos. Um total de 67 amostras positivas por IFD e/ou IVCC foram também submetidas ao IVC e 61 amostras apresentaram resultados concordantes nos três testes, mostrando que o uso de células N2A é mais sensível para o isolamento de “vírus de rua” em uma rotina laboratorial para amostras de morcegos, sendo rápido e de menor custo do que o IVC.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

King AA. Cell culture of rabies virus. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1996. Geneva: World Health Organization. p. 114-130.

Webster WA, Casey GA. Virus isolation in neuroblastoma cell culture. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1996 Geneva: World Health Organization. p. 96-104

Goldwasser RA, Kissling RE. Fluorescent antibody staining of street and fixed rabies vaccine antigens. Proc Soc Exp Biol Med. 1958; 98: 219-223.

Meslin F-X, Kaplan MM. An overview of laboratory techniques in the diagnosis and prevention of rabies and in rabies research. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1996. Geneva: World Health Organization. p. 9-27.

Chhabra M, Mittal V, Jaiswal R, Malik S, Gupta M, Lal S. Development and evaluation of an in vitroisolation of street rabies virus in mouse neuroblastoma cells as compared to conventional tests used for diagnosis of rabies. Ind J of Med Microbiol. 2007; 25: 263-266.

Levaditi MC. Virus rabique et culture des cellules in vitro. C R Soc Biol. 1913; 75: 505.

Larghi OP, Nebel AE, Lazaro L, Savy VL. Sensitivity of BHK-21 cells supplemented with diethylamino ethyl-dextran for detection of street rabies virus in saliva simples. J Clin Microbiol.1975; 1: 243-245.

Smith AL, Tignor GH, Emmons RW, Woodie JD. Isolation of field rabies virus strains in CER and murine neuroblastoma cell cultures. Intervirology 1978; 9: 359-361.

Smith AL, Tignor GH, Mifini K, Motohaski T. Isolation and assay of rabies sero group viruses in CER cells. Intervirology 1977; 8: 92-99.

Rudd RJ e Trimarchi CV. Tissue culture technique for routine isolation of street strain rabies virus. J Clin Microbiol. 1987; 25: 1456-1458.

Tsiang H. An in vitro study of rabies pathogenesis. Bull Inst Pasteur 1985; 83: 41-56.

Tsiang H, Koulakoff A, Bizzini B, Berwald-Nether Y. J. Neuropathol Exp Neurol. 1983; 42: 439-452.

Umoh JU, Blenden DC. Comparasion of primary skunk brain and kidney and raccoon kidney cells with established cell lines for isolation and propagation of street rabies virus. Infect Immun.1983; 41: 1370-1372.

Dean DJ, Abelseth MK, Atanasiu P. Fluorescent antibody test. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1996. Geneva: World Health Organization. p. 88-95

Koprowski, H. The mouse inoculation test. In: Meslin F-X, Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1996 Geneva; World Health Organization. p. 80-87.

Dean DJ, Abelseth MK. The fluorescent antibody test. In: Kaplan MM, Koprowski H. Laboratory techniques in rabies 1973 Geneva, World Health Organization. p. 73-83

Rudd RJ, Trimarchi CV. Development and Evaluation of an in vitro virus isolation procedure as a replacement for the mouse inoculation test in rabies diagnosis. J Clin Microbiol. 1989; 27: 2522-28.

Chhabra M, Bhardwaj M, Ichhpujani RL, Lal S. Comparative evaluation of commonly used laboratory test for post mortem diagnosis of rabies. Ind J Path Microbiol. 2005; 48: 190-93.

Chitra L, Pandit V, Kalyanaraman VR. Use of murine neuroblastoma culture in rapid diagnosis of rabies. Ind J Med Res. 1988; 87: 113-16.

Webster WA. A tissue-culture infection test in routine rabies diagnosis. Can J Vet Rec.1987; 87: 113-16.

Carrieri ML, Peixoto ZM, Paciência ML, Kotait I, Germano PM. Laboratory diagnosis ofequine rabies and its implications for human post exposure prophylaxis. J Virol Methods 2006; 138: 1-9.

Kotait I et al. Reservatórios silvestres do vírus da raiva: um desafio para a saúde pública. Boletim Epidemiológico Paulista 2007; 4: 1-8.

Kotait I. Programa de prevenção e controle da raiva transmitida por morcegos em áreas urbanas. Boletim Epidemiológico Paulista 2006; 3 (36): on line.

Trimarchi CV, Nadin Davis SA. Diagnostic Evaluation. In: Jackson AC, Wunner WH. Rabies.San Diego, CA, USA. 2ed. p. 411-462.

Carrieri et al. Desmodus rotunduscomo transmissor da raiva canina e feline no Estado de São Paulo. In: Seminário Internacional de Raiva, 2000 ago; São Paulo: Anais. p.42.

Carrieri ML, De Matos CA, Carnieli JrP, De Matos C, Favoretto SR, Kotait I. Canine and feline rabies transmitted by variant 3-Desmodus rotundus in the State of São Paulo, Brazil. In: Seminário Internacional: Morcegos como transmissores da raiva. 2001 dez; São Paulo: Anais.

p.51.

Kotait I, Carrieri ML. Raiva. In: Trabulsi LR, Alterthum F. Microbiologia. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 651-57.

Peixoto ZMP, Cunha EMS, Sacramento D, Souza MCM, Queiroz da Silva LH, Germano PML, Kotait I. Rabies laboratory diagnosis: peculiar features of samples from equine origin. Braz J Microbiol. 2000; 31: 72-75.

Downloads

Publicado

2007-11-30

Como Citar

1.
Galera Castilho J, Iamamoto K, Yoshitaka de Oliveira Lima J, Corrêa Scheffer K, Carnieli Junior P, de Novaes de Oliveira R, Macedo CI, Achkar SM, Carrieri ML, Kotait I. Padronização e aplicação da técnica de isolamento do vírus da raiva em células de neuroblastoma de camundongo (N2A). Bepa [Internet]. 30º de novembro de 2007 [citado 29º de abril de 2024];4(47):12-8. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38728

Edição

Seção

Artigo Original

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>