Reservatórios silvestres do vírus da raiva: um desafio para a saúde pública

Autores

  • Ivanete Kotait Instituto Pasteur – IP; Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD; Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – SES-SP
  • Maria Luiza Carrieri Instituto Pasteur
  • Pedro Carnieli Júnior Instituto Pasteur
  • Juliana Galera Castilho Instituto Pasteur
  • Rafael de Novaes Oliveira Instituto Pasteur
  • Carla Isabel Macedo Instituto Pasteur
  • Karin Corrêa Scheffer Ferreira Instituto Pasteur
  • Samira M. Achkar Instituto Pasteur

Palavras-chave:

raiva, reservatórios silvestres, morcegos, canídeos, vigilância epidemiológica

Resumo

Estima-se que 55.000 óbitos humanos sejam causados pela raiva transmitida pelo cão, anualmente, em especial na Ásia e África. Na América Latina, onde a raiva canina era endêmica até 1980, houve, recentemente, uma redução do número de casos em cães e, conseqüentemente, em humanos. Com o desenvolvimento do Plano de Ação para Eliminação da Raiva Urbana, a raiva em animais silvestres assumiu maior importância, especialmente porque nos anos 2004-2005 o morcego hematófago (Desmodus rotundus) passou a ser o principal transmissor da raiva humana no continente (68%). Além das três espécies de morcegos hematófagas nas quais há relatos de isolamento do vírus da raiva, 33 outras espécies de morcegos também já foram infectadas e identificadas com o mesmo vírus. Juntamente com os morcegos (Ordem Chiroptera), os canídeos (Ordem Carnivora) são considerados os principais reservatórios silvestres do vírus da raiva. No Nordeste do Brasil a doença tem sido cada vez mais freqüente em Cerdocyon thous (cachorro do mato) e há um outro ciclo epidemiológico da raiva em Callithrix jacchus (sagüi do tufo branco), espécie em que a distribuição da doença é desconhecida. Os autores descrevem características da doença em quirópteros e carnívoros, estratégias de controle e ressaltam a importância dos estudos antigênicos e genéticos como instrumento da vigilância epidemiológica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

Ito M, Arai TY, Itou T et al. Genetic characterization and geographic distribution of rabies virus isolates in Brazil: identification of two reservoirs, dogs and vampire bats.Virology 2001; 284, 214-222.

Favoretto SR, Carrieri ML, Cunha EMS et al. Antigenic typing of Brazilian rabies virus samples isolated from animals and humans, 1989-2000. Rev Inst Med Trop S Paulo 2002; 44: 91-5.

Warrell MJ & Warrell DA. Rabies and other lyssavirus diseases. Lancet 2004; 363(9413):959-69.

Rupprecht CE, Hanlon AC, Hemachudha T. Rabies re-examined. Lancet Infec Dis. 2002; 2 : 327-343.

World Health Organization, Expert Consultation on Rabies. 1° Report. (Technical Report Series, 931). 2004. World Health Organization, Geneva.

Plotkin AS. Rabies. Clin Infect Dis. 2000; 30:4-12.

Tordo N, Bahloul C, Jacob Y et al. Rabies: Epidemiological tendencies and Control Tools. In: Doted b, Schudel A, Pastoret PP. Lombard M (eds). First International Conference on Rabies in Europe. Dev.Biol (Basel), Karger, 2006; 125: 3-13.

Belotto A, Leanes LF, Schneider MC et al. Overview of rabies in the Americas. Virus Res. 2005; 111(1): 5-12.

Simmons, NB. Order Chiroptera. In: Wilson DE, Reeder DM. (eds). Mammal species of the world: A taxonomic and geographic reference.3.Ed. v.1. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005, p.312-529.

Peracchi AL, Lima IP, Reis NR et al. Orden Chiroptera. In: Reis, NR, Perachi AL, Pedro WA, Lima IP (eds). Mamíferos do Brasil, 1. Ed. Londrina, Paraná, 2006, p.153-230.

Carini A. Sur une grande épizootie de rage. Ann de L’Inst Pasteur 1911; 25: 843-46.

Castilho JG, Travassos Rosa ES, Mantilla A et al. Human rabies transmitted by vampire bats: antigenic and genetic characterization of rabies virus isolates from Ecuador and Brazil. In: Anais da XVII Reunión Internacional sobre avances en la investigación y control de la rabia en las Américas; 2006 oct. 15-20; Brasilia (DF). Brasil 2006.p.73.

Travassos Rosa ES, Kotait I, Barbosa TFS et al. Bat-transmitted Human Rabies Outbreaks, Brazilian Amazon. Emer Infect Dis. 2006; 8: 1197-1202.

Kotait I. Controle da raiva dos herbívoros-Vacinação. Past In Pasteur Informa 2001; 6 p.3.

Wunner WH. Rabies in Americas. Virus Res. 2005; 111: 1-4.

Childs JE. Epidemiology. In: Jackson AC, Wunner W. Rabies. San Diego: Academic Press; 2002. p.113-62.

Favi M, De Mattos CA, Yung V et al. First case of human rabies in Chile caused by an insectivorous bat virus variant. Emerg Infect Dis. 2002; 8(1): 79-81.

Cisterna D, Bonaventura R, Caillou S et al. Antigenic and molecular characterization of rabies virus in Argentina. Virus Res. 2005; 109(2): 139-47.

Souza MCAM. Infecção experimental de morcegos hematófagos Desmodus rotundus (E.Geoffroy) mantidos em cativeiro pela ingestão de sangue desfibrinado acrescentado de amostras de vírus da raiva. São Paulo; 2003 [Tese de doutorado – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

Scheffer KC. Pesquisa do vírus da raiva em quirópteros naturalmente infectados no Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil. São Paulo; 2005 [Dissertação de Mestrado – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP].

Carrieri ML, Favoretto SR, Carnieli Jr et al. Canine and feline rabies in the Espírito Santo do Pinhal city, São Paulo, transmitted by vampire bat. In: Virus: reviews and research/Sociedade Brasileira de Virologia; 2001 nov 25-28; Caldas Novas. Vol 6 supl 1.p.176.

Kotait I, Favoretto SR, Carrieri ML et al. Raiva humana causada pela variante-3 Desmodus rotundus – no Estado de São Paulo. In: Anais da XIII Reunión Internacional sobre avances en la investigación y control de la rabia en las Américas; 2002 nov 3-8; Cidade de Oaxaca (MX). Cidade de Oaxaca: 2002.p.35

Badilla X, Herra VP, Quirós L et al. Human rabies: a reemerging disease in Costa Rica? Emer Infect Dis. 2003; 9(6): 721-723.

Carnieli PJr, Brandao PE, Carrieri ML et al. Molecular epidemiology of rabies virus strains isolated from wild canids in Northeastern Brazil. Virus Res. 2006; 120(1-2): 113-120.

Bernardi F, Nadin-Davis SA, Wandeler AI et al. Antigenic and genetic characterization of rabies viruses isolated from domestic and wild animals of Brazil identifies the hoary fox as a rabies reservoir. J Gen Virol. 2005; 86: 3153-62.

Sato G, Kobayashi Y, Shoji Y et al. Molecular epidemiology of rabies from Maranhao and surrounding states in the northeastern region of Brazil. Arch Virol. 2006; 151(11): 2243-51.

Favoretto SR, De Mattos CC, Morais NB et al. Rabies in marmosets (Callithrix jacchus), Ceará, Brazil. Emerg Infect Dis. 2001; 7(6): 1062-1065.

Niezgoda M, Hanlon CA, Rupprecht CE. Animal rabies In: Jackson AC, Wunner W. Rabies. San Diego: Academic Press; 2002. p163-218.

Downloads

Publicado

2007-04-30

Como Citar

1.
Kotait I, Carrieri ML, Carnieli Júnior P, Galera Castilho J, de Novaes Oliveira R, Macedo CI, Corrêa Scheffer Ferreira K, M. Achkar S. Reservatórios silvestres do vírus da raiva: um desafio para a saúde pública . Bepa [Internet]. 30º de abril de 2007 [citado 29º de abril de 2024];4(40):2-8. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38754

Edição

Seção

Artigos de Revisão sistemática/metanálise

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>