Resumo
Introdução: Estima-se que a população trans idosa também tenha crescido com base no aumento da população idosa acima de 60 anos segundo o IBGE em 2021. Além disso, pessoas trans e travestis possuem vivências diversificadas com relação à saúde sexual e aos recursos para modificação corporal. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre as principais demandas de saúde das pessoas trans idosas atendidas pelo ambulatório do Núcleo TransUnifesp (NTU), ressaltando-se os manejos específicos ofertados e elaborados a partir da prática de cuidado desenvolvida por uma equipe de saúde especializada. Resultados: Observou-se que 1,92% das 260 pessoas trans cadastradas no NTU tinham idade acima dos 60 anos. Dentre as principais demandas, destacamos: 1) a busca pelo acompanhamento especializado, 2) a necessidade de apoio psicossocial, 3) manter o uso de hormônios de maneira segura, 4) conseguir relatórios multiprofissionais para cirurgias, 5) laserterapia para epilação e, 6) ampliar o acompanhamento em saúde integral, tais como para prevenção de câncer de próstata e mama. Observamos também a necessidade de realizar acompanhamentos específicos com relação a hormonização para pessoas que realizaram ou não a gonadectomia, atentando para a promoção, prevenção e tratamento das condições ósseas e cardiometabólicas de pessoas trans agravadas com o envelhecimento. Além disso, verificamos a necessidade de valorizar o aspecto de que pessoas idosas podem ter uma vida sexual ativa, sendo necessário aprofundar esse conjunto de cuidados de promoção da saúde sexual e prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis, assim como assistir pessoas trans idosas que vivem com HIV, atentando-se para as interseccionalidades, como as condições sociais e o acesso a uma alimentação adequada. Conclusão: as pessoas trans idosas apresentam demandas específicas de cuidado, a partir das quais deve ser construída uma linha de cuidado transdisciplinar visando a um envelhecimento mais saudável e feliz.
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