Singularização dos cuidados de pessoas trans durante o envelhecimento: sugestões de prevenção e controle de riscos e agravos

Autores/as

  • Ísis Gois Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia | Manaus, Amazonas, Brasil
  • Alícia Krüger Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia | Manaus, Amazonas, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9154-8412
  • João Guimarães Ferreira Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia | Manaus, Amazonas, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9085-1495
  • Camilo Sousa Miranda Lima Santa Casa de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas, São Paulo, São Paulo, Brasil
  • Isabela Luísa Gonçalves Correia Santa Casa de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas, São Paulo, São Paulo, Brasil
  • Matheus Brandão Vasco Universidade Federal de São Paulo https://orcid.org/0000-0002-0107-7531
  • Natalia Tenore Rocha Universidade Federal de São Paulo
  • Magnus R. Dias da Silva Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.57148/bepa.2023.v.20.38973

Resumen

Introdução: Estima-se que a população trans idosa também tenha crescido com base no aumento da população idosa acima de 60 anos segundo o IBGE em 2021. Além disso, pessoas trans e travestis possuem vivências diversificadas com relação à saúde sexual e aos recursos para modificação corporal. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre as principais demandas de saúde das pessoas trans idosas atendidas pelo ambulatório do Núcleo TransUnifesp (NTU), ressaltando-se os manejos específicos ofertados e elaborados a partir da prática de cuidado desenvolvida por uma equipe de saúde especializada. Resultados: Observou-se que 1,92% das 260 pessoas trans cadastradas no NTU tinham idade acima dos 60 anos. Dentre as principais demandas, destacamos: 1) a busca pelo acompanhamento especializado, 2) a necessidade de apoio psicossocial, 3) manter o uso de hormônios de maneira segura, 4) conseguir relatórios multiprofissionais para cirurgias, 5) laserterapia para epilação e, 6) ampliar o acompanhamento em saúde integral, tais como para prevenção de câncer de próstata e mama. Observamos também a necessidade de realizar acompanhamentos específicos com relação a hormonização para pessoas que realizaram ou não a gonadectomia, atentando para a promoção, prevenção e tratamento das condições ósseas e cardiometabólicas de pessoas trans agravadas com o envelhecimento. Além disso, verificamos a necessidade de valorizar o aspecto de que pessoas idosas podem ter uma vida sexual ativa, sendo necessário aprofundar esse conjunto de cuidados de promoção da saúde sexual e prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis, assim como assistir pessoas trans idosas que vivem com HIV, atentando-se para as interseccionalidades, como as condições sociais e o acesso a uma alimentação adequada. Conclusão: as pessoas trans idosas apresentam demandas específicas de cuidado, a partir das quais deve ser construída uma linha de cuidado transdisciplinar visando a um envelhecimento mais saudável e feliz.

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Publicado

2023-06-16

Cómo citar

1.
Gois Ísis, Krüger A, Ferreira JG, Lima CSM, Correia ILG, Vasco MB, Rocha NT, Dias da Silva MR. Singularização dos cuidados de pessoas trans durante o envelhecimento: sugestões de prevenção e controle de riscos e agravos. Bepa [Internet]. 16 de junio de 2023 [citado 22 de julio de 2024];20(220):1-22. Disponible en: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38973

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