Editorial
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1.
Carlos Levi G. Editorial. Bepa [Internet]. 2022 Aug. 2 [cited 2024 Nov. 23];15(177). Available from: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/37941

Abstract

O paradoxo da queda das coberturas vacinais no Brasil   A Organização Mundial da Saúde divulgou dados chamando a atenção para o reaparecimento   em grande escala do sarampo na Europa, com crescimento de 300% no ano de 2017, causando mais   de 20.000 adoecimentos e dezenas de mortes. Esse aumento foi explicado pela falta de vacinação   adequada.   Nosso país vive, neste momento, ameaça similar, com centenas de casos na região Norte, devidos   principalmente à crise da imigração venezuelana, mas com relatos de adoecimentos também em   outras áreas do país, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, oriundos de casos   índices de pessoas que haviam viajado para áreas endêmicas.   Esse tipo de situação, com o reaparecimento da doença considerada erradicada entre nós,   vem comprovar a necessidade de serem mantidos elevados índices de imunização, mesmo para   doenças aparentemente controladas. E, na análise da situação vacinal de nossa população infantil,   verifica-se que, apesar de todos os esforços de nosso Programa Nacional de Imunizações para a   manutenção dos altos índices de proteção de nossas crianças, eles têm caído nos últimos anos,   causando grave preocupação nos gestores de nossa saúde pública.   É difícil saber qual a causa principal dessa queda em nossas coberturas vacinais. Provavelmente   ela é devida a um conjunto de fatores: ação dos grupos contrários às vacinas, informações errôneas   causando temor de eventos adversos, crise econômica trazendo possíveis dificuldades para levar as   crianças numerosas vezes aos centros vacinais, esquecimento da gravidade de doenças já há muitos   anos e até décadas ausentes em nosso meio, eventuais faltas episódicas de algum imunizante,   inadequação de horários de atendimento aos locais de vacinação etc.   O que é indiscutível, no entanto, é a necessidade de revertermos essa situação que representa um   sério retrocesso para nossa saúde pública. Para isso, é necessário que todos nós, profissionais da   saúde atuantes na área das imunizações, nos empenhemos ao máximo no sentido de dar informações   corretas e em linguagem de fácil compreensão sobre os benefícios das vacinações, esclarecendo   inclusive sobre eventuais contraindicações e possíveis efeitos colaterais, que estimulemos ao   máximo os familiares a retornar aos centros de imunização mesmo quando algum contratempo   impeça a vacinação programada, e que ressaltemos a importância para a comunidade de que   a maioria esteja imunizada para proteger inclusive aqueles que, por um motivo qualquer, não   possam naquele momento se beneficiar da proteção vacinal.   Nosso Programa Nacional de Imunizações sempre foi orgulho para nosso país, com merecido   reconhecimento internacional. Não podemos permitir retrocessos nessa área tão importante para   a saúde de nossa população.  

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Copyright (c) 2022 Guido Carlos Levi

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