Resumen
A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) é um problema global de saúde pública e estima-se
que mais de dois bilhões de indivíduos estejam infectados por HBV em todo o mundo. Entre
eles, aproximadamente 240 milhões estão cronicamente infectados e 780 mil vêm a óbito em
consequência desta infecção. O diagnóstico laboratorial da hepatite B é realizado através da
pesquisa de antígenos e anticorpos no soro/plasma. A hepatite B oculta é definida pela presença
de HBV-DNA na ausência de antígeno de superfície (S), com ou sem anticorpos detectáveis.
Estudos apresentam valores variados de prevalência da infecção pelo HBV em pacientes
portadores do HIV, porém coinfecções HBV/HIV são bastante comuns devido a terem as mesmas
vias de transmissão, sendo frequentemente descritos casos de hepatite B oculta em portadores
do HIV. O objetivo deste estudo foi identificar a infecção pelo HBV em pacientes portadores
do HIV em um grupo de pacientes atendidos no SUS, assim como pesquisar a hepatite B oculta
e estimar a prevalência de coinfecções HBV/HIV neste grupo. Participaram do estudo 232
pacientes portadores do HIV, sendo 202 em tratamento com antirretrovirais e 30 virgens de
tratamento. As amostras de plasma foram submetidas a testes sorológicos (HBsAg, anti-HBs e
Anti-HBc) e PCR em Tempo Real para detecção e quantificação do HBV-DNA. Os resultados
demonstraram que 36,6% (85/232) dos pacientes apresentavam marcadores de exposição ao
HBV, dos quais 11,8% (10/85) apresentavam HBsAg e/ou HBV-DNA detectados. Esses valores
caracterizam prevalência de coinfecção HBV/HIV de 4,3% (10/232) no grupo estudado. Do total,
34,5% (80/232) dos participantes encontravam-se susceptíveis à infecção, pois não apresentaram
marcadores sorológicos para o HBV. Anti-HBs isolado foi positivo em 28,9% (67/232), o que
caracteriza imunização. Entre os pacientes virgens de tratamento, 10% (3/30) foram identificados
como portadores de hepatite B oculta, pois as amostras apresentaram HBV-DNA em baixas
concentrações e ausência de HBsAg. Os resultados apresentaram alta prevalência da hepatite B
em pacientes portadores do HIV e também demonstram a importância da associação de técnicas
laboratoriais no diagnóstico da hepatite B. A técnica de PCR em Tempo Real, foi uma importante
ferramenta utilizada no estudo, pois através dela foi possível o conhecimento de casos de
hepatite B não evidenciados pela sorologia. O diagnóstico da hepatite B em portadores do HIV,
principalmente os casos ocultos, pode auxiliar na administração da terapia, quando indicada,
além de identificar potenciais transmissores do HBV não detectados nos testes mais comuns de
laboratório. Nestes casos, o uso da PCR em Tempo Real como ferramenta de diagnóstico, pode
subsidiar ações de vigilância e controle da transmissão do HBV.
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