Resumen
O reconhecimento do problema das hepatites virais, enquanto agravo de saúde e suas consequências individuais e coletivas, datam de séculos, no entanto a identificação de seus agentes causadores é relativamente recente, o primeiro a ser identificado foi o vírus da hepatite B em 1965, e os outros posteriormente. Enquanto problema de saúde pública no mundo e no Brasil as estimativas da OMS e do MS já apontavam milhões de infectados e milhares de casos de doenças e óbitos desde os anos 1980. Nos últimos 30 anos, significativos progressos foram realizados no que se refere a prevenção, controle, desenvolvimento de testes laboratoriais, vacinas e drogas terapêuticas. A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, reconhecendo a importância das hepatites virais no contexto da saúde pública brasileira, lançou em 2001, o Programa Estadual de Prevenção e Controle das Hepatites Virais. Este programa tem, colocando de uma forma sintética, os seguintes objetivos: Ampliar a detecção de casos de portadores de hepatites virais, reduzir o surgimento de novos casos, reduzir a taxa de mortalidade por hepatites virais crônicas B e C. O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de implantação da rede de diagnóstico do PEHV e seus componentes – Sorologia; Biópsia e Biologia Molecular. Este último componente é de especial importância devido ao processo de incorporação tecnológica. As perguntas avaliativas foram: 1. O PEHV implantou seu componente de diagnóstico laboratorial? 2. As intervenções realizadas alcançaram algum efeito na rede de diagnóstico? – Objetivo imediato. 3. Os efeitos sobre a rede de diagnóstico influenciaram os outros componentes do programa, especificamente Vigilância Epidemiológica e Assistência? – Objetivo mediato. 4. É possível identificar qual, ou quais, fatores de intervenção estão associados a estes efeitos? Esta pesquisa avaliativa, devido à complexidade do programa, utilizou uma abordagem por “Triangulação de Métodos” – Análise documental, entrevistas com atores-chave do processo e Análise de séries históricas de indicadores – utilizando o diagnóstico laboratorial como “Traçador” do PEHV. Para análise das séries históricas utilizou-se a metodologia de “séries temporais interrompidas” com regressão multivariada. Os resultados obtidos permitem as seguintes conclusões: 1. O PEHV implantou seu componente de diagnóstico laboratorial de forma clara e consistente. As intervenções efetivamente exerceram influência nos indicadores de laboratório. 2. O desempenho da rede de diagnóstico influencia os outros componentes do programa, o aumento de exames de sorologia corresponde a um aumento das notificações e o aumento dos exames de Biologia molecular corresponde ao aumento no acesso ao tratamento. 3. Embora algumas intervenções possam aparentar um maior peso nos efeitos observados, não é possível estabelecer um nexo causal específico e individualizado destas intervenções nestes efeitos. 4. A figura do “traçador”, mostrou‑se útil na condução das análises, porém, no nosso entender, os indicadores de laboratório não devem ser usados isoladamente para avaliações deste tipo. 5. A cobertura de biópsia de fígado revelou-se um ponto crítico do PEHV demandando ações específicas para seu equacionamento. 6. O modelo da busca de portadores de hepatites virais através do aumento da oferta de exames sorológicos deve ser revisto, de forma a aumentar sua eficiência.
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