Resumen
A hanseníase, ainda com taxa de detecção muito elevada no Brasil, caracteriza-se por alterações dos nervos periféricos e lesões de pele com distúrbio de sensibilidade, sendo a última um dos paradigmas para seu diagnóstico. Entretanto, o sintoma dor nesses pacientes tem sido relatado com crescente freqüência. A dor pode ser nociceptiva devido à inflamação dos tecidos (reação reversa e eritema nodoso leproso) e neuropática (por lesão anatômica e/ou funcional do sistema nervoso). Foram estudados 53 pacientes com queixas de dor para investigar suas características espaciais, temporais, descritivas, afetivas e avaliativas. Dentre eles, 73,6% já tinham completado o tratamento com PQT/OMS e 84,9% eram casos multibacilares. A localização espacial mais prevalente refere-se aos nervos ulnar e tibial. A dor em queimação é a descrição livre mais referida pelo pacientes (28,3%) e a adjetivação afetiva e avaliativa revela potencial de interferência na qualidade de vida. A dor nos portadores de hanseníase pode se apresentar, mesmo após a cura da doença, com características sensoriais, espaciais, temporais e afetivas bastante definidas e prejudiciais, que demandam controle e tratamento específico.
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