Resumen
Em 29 de março de 2005, o Centro de Vigilância Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac” órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo realizará um encontro para comemorar seus 20 anos de existência. Um aniversário é, necessariamente, nostálgico. Os funcionários muitos dos quais assistiram ao nascimento da instituição poderão recordar etapas da evolução. As modificações de sua estrutura. Aincorporação de suas atividades às diretrizes do Sistema Único de Saúde. Adescentralização e municipalização das ações de vigilância epidemiológica.Acriação do CVE, em 1985, representou um grande passo para a consolidação do Sistema Estadual de Vigilância Epidemiológica, implantado em 1978. Mas, ao longo dos anos, a instituição provou ter outras virtudes. Manejou com proficiência os sistemas de informação, desenvolveu tecnologias de ensino. Os Treinamentos Básicos em Vigilância Epidemiológica (TBVE) foram responsáveis pela capacitação de centenas de profissionais funcionários do Estado ou dos municípios. ACentral de Vigilância Epidemiológica com atendimento telefônico gratuito e plantão médico 24 horas por dia estabeleceu um impressionante parâmetro de oportunidade na notificação de agravos.Outras características devem ser ressaltadas. O CVE demonstrou grande capacidade de adaptação a novos contextos da saúde coletiva. Teve participação ativa na introdução de novas vacinas. Integrou-se à preocupação global com as doenças de transmissão alimentar. Respondeu a uma importante demanda epidemiológica com a criação da Divisão de Hepatites Virais. ADivisão de Zoonoses conciliou o combate a dengue ao enfrentamento de doenças emergentes e re-emergentes, como leishmaniose visceral, hantavirose e febre maculosa. À vigilância das clássicas doenças de transmissão respiratória meningite, sarampo, varicela acrescentou-se o susto da síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e o grande temor de uma nova pandemia de influenza. Em meio a esses sobressaltos, sobrou energia para ações de vigilância e controle de doenças endêmicas: tuberculose, hanseníase e tracoma.Algumas conquistas recentes precisam ser lembradas. Desde 2004 o CVE desenvolve em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) um programa de treinamento em epidemiologia de campo (EPI-SUS/SP). Esse programa nos permitiu ter uma equipe permanentemente disponível para deslocamento e investigação epidemiológica in loco. Também em 2004 foi implantado um novo Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares. Atividades de capacitação foram refinadas tendo sido realizados, em 2005, os primeiros Treinamentos Avançados em Vigilância Epidemiológica (TAVEs). Finalmente, estão em andamento os últimos retoques no TBVE on-line, uma adaptação que permitirá a capacitação à distância, abrindo novas perspectivas de transferência de tecnologias.Os últimos 20 anos merecem uma grande comemoração. Mas é também a hora de voltarmos nosso olhar para os desafios do futuro. Como “conhecer, detectar, prever mudanças nos fatores condicionantes do processo saúde/doença” em um mundo onde as fronteiras políticas são cada vez mais insignificantes? Um mundo onde ocorrem mudanças radicais nas relações homem-ambiente, mas persistem grandes populações sem acesso a quaisquer benefícios do progresso? Como recomendar, nesse contexto, “medidas que levem à prevenção e ao controle” das doenças?Outros desafios são mais “domésticos”, mas nem por isso menos importantes. É necessário desenvolvimento de parâmetros para vigilância epidemiológica de doenças e agravos não transmissíveis. Aprática da epidemiologia ambiental deve ampliar-se, indo muito além das avaliações de risco em áreas contaminadas.Por fim, o CVE deve fortalecer parcerias com o Centro de Vigilância Sanitária. Esta não é apenas uma maneira de otimizar trabalho é uma etapa essencial da consolidação da vigilância em saúde no Estado de São Paulo.
Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza
Editor
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