Resumo
O mês de junho foi marcado por duas ocorrências em vigilância, relatadas nesta edição do Bepa, a sétima. A detecção de três casos de febre maculosa em Mauá, município da Grande São Paulo, mostrou que essa doença merece uma atenção especial dos serviços de saúde. Descrita pela primeira vez no Brasil em 1929, recebeu o nome de “typho exanthemático” paulista e foi resultado de um esforço de saúde pública digno da tradição de São Paulo. Os primeiros casos ocorreram na região próxima de onde está hoje instalada a sede da Secretaria de Estado da Saúde, a avenida Dr. Arnaldo, à época chamada de estrada municipal, que ligava o Hospital Emílio Ribas e o Cemitério do Araçá aos bairros, em início de ocupação, do Sumaré, Perdizes e Pompéia. Desde então, a febre maculosa tem sido uma doença rural ou de áreas de expansão urbana recente. É o caso de Mauá: ocupação irregular, proximidade da mata. O crescimento urbano desordenado determina um sem número de doenças, dengue e febre maculosa entre elas. A Secretaria da Saúde de São Paulo, já há algum tempo, vem dedicando especial atenção à febre maculosa. A introdução de métodos imunohistoquímicos para a confirmação diagnóstica é exemplo disso. O Instituto Adolfo Lutz, fazendo jus à tradição, vem melhorando, quantitativa e qualitativamente, sua capacidade diagnóstica. Já a implantação do Grog, Grupo Regional de Observação da Gripe, reflete outra preocupação, essa mundial. A influenza se apresenta, hoje, como um dos maiores riscos potenciais de pandemia. A memória da pandemia de 1918, a famosa Gripe Espanhola, retorna sempre aos pesadelos da saúde pública. A grande defesa contra os efeitos desastrosos de uma pandemia é o aprimoramento da vigilância. O Grog, um exemplo de parceria entre o serviço de saúde, a academia e a iniciativa privada, é a contribuição paulista ao esforço mundial em estar preparado para uma eventual pandemia.
Luiz Jacintho da Silva
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