Benefícios e perigos do aproveitamento da casca de maracujá (passiflora edulis) como ingrediente na produção de alimentos
PDF

Palavras-chave

fibra alimentar
extrusão termoplástica
glicosídeos cianogênicos

Como Citar

1.
Nascimento EM da GC do, Ascheri JLR, Carvalho CWP de, Galdeano MC. Benefícios e perigos do aproveitamento da casca de maracujá (passiflora edulis) como ingrediente na produção de alimentos. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 22º de janeiro de 2013 [citado 26º de abril de 2024];72(1):1-9. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/32889

Resumo

A produção do maracujá amarelo cresce no Brasil e o descarte inadequado das cascas representa tanto um problema para o meio ambiente, como a perda de ingrediente rico em fibras. O seu uso é fonte de renda para o produtor rural. Esta revisão traz os estudos que têm sido realizados sobre o aproveitamento da casca do maracujá, considerando-se os aspectos nutricionais e, também, uma alternativa segura, em termos toxicológicos, para o aproveitamento desse resíduo. Muitos autores avaliaram a casca do maracujá e detectaram teores de fibra alimentar de 35 a 90%; e os benefícios do seu consumo foram identificados por meio de testes in vivo em ratos e em humanos. Em função de interesse, incentivou-se o desenvolvimento de produtos enriquecidos em fibra alimentar utilizando esse resíduo como componente da formulação. Há muito tempo foram identificados glicosídeos cianogênicos no maracujá, exceto nas sementes. Os efeitos tóxicos de alimentos com cianogênicos são observados em países africanos, onde é comum o consumo da mandioca brava sem o tratamento adequado. O processo de extrusão termoplástica tem sido estudado como ferramenta útil na redução de substâncias tóxicas e sua utilização será importante para processar as cascas e reduzir cianogênicos aos níveis aceitáveis pela legislação.

https://doi.org/10.18241/0073-98552013721536
PDF

Referências

1. Santos AAO, Santos AJAO, Alves AR, Santana FC, Silva JV, Marcellini PS, et al. Utilização de resíduos agroindustriais em processos biotecnológicos como perspectiva de redução do impacto ambiental. J Tech Manag Innov.2011;7(8):1-7.

2. ITAL. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Maracujá: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. Campinas; 1994.

3. Leoro MGV. Desenvolvimento de cereal matinal extrusado [dissertação de mestrado]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2007.

4. Santana MFS, Silva EFL. Elaboração de biscoitos com farinha de albedo de maracujá. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental. Embrapa Amazônia Oriental. (Comunicado Técnico, 194). CPATU (FL 10768 UMT); 2007.

5. Silva IQ, Oliveira BCF, Lopes AS, Pena RS. Obtenção de barra de cereais adicionada do resíduo industrial de maracujá. Alim Nutr.2009;20(2):321-9.

6. Santos AAO, Santos AJAO, Alves AR, Santana FC, Silva JV, Marcellini PS. Elaboração de biscoitos a partir da incorporação de produtos da mandioca e casca de maracujá (Passiflora edulisFlavicarpa) na farinha de trigo. Scient Plen.2011;7(8):1-7.

7. Oliveira LF, Nascimento MRF, Borges SV, Ribeiro PCN, Ruback VR. Aproveitamento alternativo da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa) para produção de doce em calda. Ciênc Tecnol Alim.2002;22(3):259-62.

8. Spanholi L, Oliveira VR. Utilização de farinha de albedo de maracujá (Passiflora edulis Flavicarpa Degener) no preparo de massa alimentícia. Alim Nutr.2009;20(4):599-603.

9. Matsuura FU. Estudo do albedo de maracujá e de seu aproveitamento em barra de cereais [tese de doutorado]. Campinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; 2005.

10. Meletti LMM. Avanços na cultura do maracujá no Brasil. Rev Bras Frutic.2011;Vol Esp:83-91.

11. Yapo BM, Koffi KL. Dietary fiber components in yellow passion fruit rind - a potential fiber source.J Agric Food Chem.2008;56:5880-3.

12. Córdova KRV, Gama TMMTB, Winter CMG, Neto GK, Freitas RJS. Características físico-químicas da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa Degener) obtida por secagem. Bol CEPPA.2005;23(2):221-30.

13. Gilciléia ID. Efeitos da temperatura de secagem nos teores de compostos cianogênicos totais e fibra alimentar de casca de maracujá [dissertação de mestrado]. Goiânia (GO): Universidade Federal de Goiás; 2011.

14. Marlett JA, Michael IM, Joanne LS. Position of the American Dietetic Association: health implications of dietary fiber. J Am Diet Assoc.2002;102.7: 93-1000.

15. Shils ME, Shike ROSS, Caballero B. Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 10ª ed. São Paulo: Manole; 2009.

16. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2001. Disponível em: [http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/05_1109_M.pdf].

17. Janebro DI, Queiroz MSR, Ramos AT, Sabaa-Sru AVO, Cunha MAL, Diniz MFFM. Efeito de farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa Deg.) nos níveis glicêmicos e lipídicos de pacientes diabéticos tipo 2. Rev Bras Farmacogn. 2008;

18 (Supl.): 724-32.18. Theuwissen E, Mensink RP. Water-soluble dietary fibers and cardiovascular disease. Physiol Behav.2008;94:285-92.

19. Silva DC, Freitas ALP, Pessoa CLOS, Paula RCM, Mesquita JX, Leal LKAM, et al. Pectin from Passiflora edulis shows anti-inflammatory actions well as hypoglycemic and hypotriglyceridemic properties in diabetic rats. J Med Food.2011;14(10):1118-26.

20. Ichimura T, Yamanaka A, Ichiba T, Toyokawa T, Kamada Y, TamamuraT, et al. Antihypertensive effect of an extract of Passiflora edulis rind in spontaneously hypertensive rats. Biosci Biotech Biochem.2006;70:718-21.

21. Kozakai T Yamanaka A, Ichiba T, Toyokawa T, Kamada Y, Tamamura T, et al. Luteolin inhibits endothelin-1 secretion in cultured endothelial cells. Biosci Biotech Biochem.2005;69(8):1613-5.

22. Margis R, Cosner AF, Silveira RDO. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Rev Psiquiat.2003;65-74.

23. Watson RR, Zibadi S, Rafatpanah, Jabbari F, Ghasemi R, Ghafari J, et al. Oral administration of the purple passion fruit peel extract reduces wheeze and cough and improves shortness of breath in adults with asthma. Nutr Res.2008;28:166-71.

24. Farid R, Rezaieyadzi Z, Mirfeizi Z, Mirheidari M, Mansouri H, Esmaelli H, et al. Oral intake of purple passion fruit peel extract reduces pain and stiffness and improves physical function in adult patients with knee osteoarthritis. Nutr Res.2010;30:601-6.

25. Instituto de Biociência. Ensino de Botânica - Curso de atualização de professores de Educação Básica: A Botânica No Cotidiano.São Paulo:USP; 2008.

26. Spencer KC, Seigler DS. Cyanogenesis of Passiflora. J Agric Food Chem. 1983; 31(4):794-6.

27. Lambert JL, Ramasamy J, Paukstelis JV. Stable reagents for the colorimetric determination of cyanide by modified Konig reactions. Anal Chem.1975;47(6).

28. AOAC (1984): Hydrocyanic acid in beans, alkaline titration method. In: Official Methods of Analysis of the Association of Analytical Chemists. Williams S (Ed) AOAC Inc., Arlington, VA, USA.

29. Chassagne D, Crouzet JC, Bayonove CL, Barimes RL, et al. Identification and quantification of passion fruit cyanogenic glycosides. J Agric Food Chem.1996;44(12):3817-20.

30. Bradbury MG, Egan SV, Bradbury JH. Picrate paper kits for determination of total cyanogens in cassava roots and all forms of cyanogens in cassava products. J Sci Food Agric.1999;79:593-601.

31. Burns AE, Bradbury JH, Cavagnaro TR, Gleadow RM. Analysis total cyanide content of cassava food products in Australia. J Food Composit Anal.2012;25(1):79-82.

32. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 53, 15 de junho de 2000. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para fixação de identidade e qualidade de mistura à base de farelo de cereais. Brasília, 2000. 12p.

33. Halstrom F, Moller KD. The content of cyanide in human organs from cases of poisoning with cyanide taken by mouth with a contribution to the toxicology of cyanides. Acta Pharmacol Toxicol.1945;1:18-28.

34. Cliff JA, Marti A, Molin HR. Mantakassa: An epidemic of spastic paraparesir associated with chronic cyanide intoxication in a cassava staple area of Mozambique. Part I: Epidemiological and clinical and laboratory findings in patients. WHOBull.1984;62:477-84.

35. Ministry of Health. Mantakassa: An epidemic of spastic paraparesis associated with chronic cyanide intoxication in a cassava staple area of Mozambique. Part II: Nutritional factors and hydrocyanic acid content of cassava products. WHO Bull.1984;62:485.

36. Adamolekun B. Neurological disorders associated with cassava diet: a review of putative etiological mechanisms. Metab Brain Dis.2011; 79-85.

37. Hipólito N, Cliff J. Konzo: from poverty, cassava, and cyanogen intake to toxico-nutritional neurological disease. PLoS Negl Trop Dis.2011;5(6):1-8.

38. Medeiros JS, Diniz MFFM, Sabaa-Srur AVO, Pessoa MB, Cardoso MAA, Carvalho DF et al. Ensaios toxicológicos clínicos da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis, F. Flavicarpa), como alimento com propriedade de saúde. Rev Bras Farmacogn.2009; 19(2A):394-9.

39. Maluf E, Barros HMT, Frochtengartin ML, Benti R, Leite JR. Assessment of the hypnotic/sedative effects and toxicity of Passiflora edulis aqueous extract in rodents and humans. Phytother Res.1991;5(6):262-6.

40. Sena LM. Atividade neurofarmacológica do pericarpo dos frutos de Passiflora edulis variedade Flavicarpa Degener (maracujá) em camundongos: envolvimento de flavonóides C-glicosídeos [tese de doutorado]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa Catarina; 2009.

41. Carvalho GQ, Alfenas RCG. Índice glicêmico: uma abordagem crítica acerca de sua utilização na prevenção e no tratamento de fatores de risco cardiovasculares. Rev Nutr.2008; 21(5):577-87.

42. Ando N, Postau C, Zambrano F, Rigo M, Wagner AS, Coutinho MR et al. Elaboração de cookie diet com farinha de casca de maracujá-amarelo. XVI Encontro Anual de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq), Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, PR. 2007.

43. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n°. 27, de 13 janeiro de 1998. Aprova o Regulamento Técnico referente à Informação Nutricional Complementar. Diário Oficial [da] República Federativa [do] Brasil. Brasília, DF, 16 de janeiro de 1998.

44. Nascimento EMGC, Carvalho CWP, Takeiti CV, Freitas DGC, Ascheri JLR et al. Use of sesame oil cake (Sesamum indicum L.) on corn expanded extrudates. Food Res Int.2012;45:434-44.

45. Mukhopadhyay N, Bandyopadhyay S. Extrusion cooking technology employed to reduce the anti-nutritional factor tannin in sesame (Sesamum indicum) meal. J Food Eng.2003;56:201-2.

46. Kelkar S, Siddig M, Harti JB, Dolan KD, Nyombaire G, Suniaga H. Use of low-temperature extrusion for reducing phytohemaglutininactivity(PHA) and oligosaccharides in beans (Phaseolus vulgaris L.) cv. Navy and Pinto. Food Chem.2012;133:1636-9.

47. Mulla MZ, Bharadwaj VR, Annapure US, Singhal RS. Effect of formulation and processing parameters on acrylamide formation: A case study on extrusion of blends of potato flour and semolina. LWT Food Sci Technol.2011;44:1643-8.

48. Ascheri JLR, Carvalho CWP, Machado AFF, Antonia SSIR, Mendonça S, Juan ARR, et al. Efeito de CaO (cálcio) no processamento da torta de pinhão manso (Jatrophacurcas L.) por extrusão. In: 2° Congresso Brasileiro de Pesquisas de Pinhão-Manso. Brasília, 2011.

49. El-Dash AA. Application and control of thermoplastic extrusion of cereals for food and industrial uses. In: Pomeranz Y, Munich L. Cereals: a renewable resource, theory and practice. Saint Paul: Am Assoc Cereal Chem.1981.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2013 Elisabete Maria da Graça Costa do Nascimento, José Luis Ramirez Ascheri, Carlos Wanderlei Piler de Carvalho, Melicia Cintia Galdeano

Downloads

Não há dados estatísticos.