Sobre algumas lucites por sensibilizadores vegetais
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Como Citar

1.
Rossetti N. Sobre algumas lucites por sensibilizadores vegetais. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 23º de janeiro de 1947 [citado 8º de maio de 2024];7(1-2):60-74. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/33172

Resumo

figueira ou com seus frutos, dando especial relevo à pigmentação que disso resulta. A hipercromia é posta em destaque como sinal diagnóstico fundamental, não só por se apresentar, às vezes, como único sintoma de fotossensibilização como, também, pela cor e forma que lhe são próprias. A cor pardo-bronze tem matiz caraterístico; a forma sobreleva, ainda mais, em importância. Tratam-se, na maioria dos casos, de manchas que não são inexpressivamente redondas, ovaladas ou irregulares. Pelo contrário, sua forma sugere, logo à primeira vista, a imagem de líquido que tivesse escorrido sobre a pele deixando, ao secar, a sua marca. As manchas maiores têm bordas onduladas que se desfazem, às vezes, em filetes serpeantes, dirigidos no sentido da declividade, entrecruzando-se de modo a delimitar ilhotas de pele normal. Outras manchas tomam o aspeto de salpicos, de gotas escorridas e mesmo de impressão digital. Todas revelam a preexistência da ação externa de uma substância líquida. A colaboração da luz como elemento desencadeador é indispensável, como o demonstrou Kitchevatz, porquanto a substância da figueira representa, nesses casos, o elemento fotocatalizador. O autor refere nove observações próprias fazendo, de algumas, exposição minuciosa do quadro clínico e das circunstâncias que permitiram a realização do fenômeno, sobretudo no que diz respeito ao tempo decorrido entre o contato com o líquido e o aparecimento das lesões. Verifica-se que a ação fotossensibilizadora permanece latente longo tempo, o que permite o aparecimento da dermatose à primeira insolação, mesmo quando se realiza muitos dias após o contato. Outrossim, o autor faz notar que a lavagem da região imediatamente após o contato não impede o aparecimento das lesões, ao contrário do que afirmou Straton. Em três dos casos observados pelo autor a fitofotodermatose apareceu após insolação apesar de ter sido a pele lavada depois do contato com o látex da figueira. A divergência com a afirmação de Straton talvez esteja na dependência da intensidade maior ou menor do contato. Finaliza o autor lembrando a hipótese de Kuske sobre a possibilidade de terem todas as fotodermites, devidas à ação sensibilizadora exógeno-percutânea de substâncias vegetais, uma única etiologia. Seria todas causadas por um mesmo grupo de substâncias químicas presente nas plantas capazes de fotossensibilização; segundo Kuske, o das furocumarinas. Aos investigadores com possibilidade de trabalhar com substâncias de origem vegetais quimicamente puras fica o encargo de dizer a palavra decisiva a respeito.

https://doi.org/10.53393/rial.1947.7.33172
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