Resumo
Criptococose é micose sistêmica causada por levedura capsulada do gênero Cryptococcus que atualmente possui duas espécies patogênicas ao homem que apresentam cinco sorotipos: Cryptococcus neoformans (sorotipos A, D e AD) e C. gattii (sorotipo B e C). Em 2002, devido às diferenças fenotípicas, genotípicas e epidemiológicas, os taxonomistas estabeleceram a separação definitiva das variedades em duas espécies: C. neoformans e C. gattii. Cryptococcus neoformans é oportunista, associado a condições de imunossupressão celular, cosmopolita com distribuição mundial. É frequentemente isolado em fezes secas de aves e solo contaminado com estas fezes, porém seu “habitat” natural ainda não foi esclarecido. C. gattii é patógeno primário, de hospedeiro aparentemente imunocompetente, encontrado em regiões tropicais e subtropicais, porém relatos recentes sobre surto em Vancouver, Canadá, cidade de clima temperado, sugerem a adaptação de C. gattii a outros meios ambientas. Seu “habitat” natural está relacionado com árvores e madeira em decomposição. Laboratorialmente, as duas espécies podem ser diferenciadas pela utilização do meio de CGB ( L-canavanina, glicina e azul de bromotimol). O teste é de fácil execução, leitura e apresenta boa sensibilidade, porém o insumo para formulação deste meio é caro e sua preparação laboriosa. Para a identificação de leveduras, os laboratórios de rotina diagnóstica dispõem de “kits” comerciais para realizarem as provas bioquímicas e chegarem à espécie. Quando era emitido laudo C. neoformans estava implícito, para médicos e laboratoristas, que existiam duas variedades e se houvesse necessidade, por falha terapêutica ou para fins epidemiológicos, a cultura era enviada para Laboratórios de Pesquisa para diferenciação entre as duas variedades. Atualmente, com a separação em duas espécies, os “kits” comerciais não incorporaram esta mudança. O laudo C. neoformans continua sendo emitido, gerando dúvidas se este é de fato o verdadeiro agente etiológico da criptococose.

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