Resumo
A leishmaniose visceral é uma doença parasitária de evolução crônica e acometimento sistêmico potencialmente fatal. Trata-se de uma zoonose preocupante para as autoridades de saúde pública por ser muito presente no Brasil, com destaque na Região Nordeste, devido sua elevada concentração de casos. O objetivo deste estudo foi identificar a incidência, número de casos por sexo, faixa etária e grau de escolaridade, coinfecção por HIV, tempo médio de internação, custo médio e mortalidade intra-hospitalar no período de 2012 a 2022, na Região Nordeste por meio de levantamento de dados secundários fornecidos publicamente pelo DATASUS. Houve uma queda no número de casos a partir de 2019, com diminuição em 2021 e aparente estabilização em 2022. Os estados mais afetados foram Maranhão (23,37%), Ceará (16,51%) e Bahia (12,51%). Observou-se maior incidência no sexo masculino, representando 67,10% do total, e na faixa etária de 40-59 anos, com 20,58%, maior prevalência em indivíduos com o ensino fundamental incompleto (57% dos casos), além de coinfecção por HIV em 10,69% dos casos. O tempo médio de internação foi de 13 dias, com custo médio de R$ 491,00 por internação e média da taxa de mortalidade intra-hospitalar de 3,41%, apresentando um panorama epidemiológico complexo e multifacetado.
Referências
1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. 1ª edição, 122p. 2014. [acesso 2023 Dez 24]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmaniose_visceral_1edicao.pdf
2. Aguiar PF, Rodrigues RK. Leishmaniose visceral no Brasil: artigo de revisão. RUC. 2017;19(1):192-204. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/2119
3. Cezar IS, Abreu JSD, Silva DKC, Meira CS. Aspectos epidemiológicos da leishmaniose visceral no estado da Bahia, Brasil. Res Soc Dev. 2021;10(14):e368101422122. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i14.22122
4. Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS. Leishmaniose visceral. [acesso 2023 Dez 24]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/leishmaniose/leishmaniose-visceral
5. Fonseca Júnior JD, Mazzinghy CL, França EC, Pinow ACS, Almeida KS. Leishmaniose visceral canina: revisão. PUBVET. 2021;15(03):1-8. https://doi.org/10.31533/pubvet.v15n03a779.1-8
6. Lima PV. Leishmaniose visceral no Nordeste brasileiro: aspectos espaço-temporal e variabilidade climática [tese de doutorado]. Natal (RN): Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2020. 102 p.
7. Ministério da Saúde (Brasil). DATASUS. Tecnologia da informação a serviço do SUS. Informações de Saúde. Tabnet. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2022 [acesso 2023 Dez 23]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/
8. Lima RG, Mendonça TM, Mendes TS, Menezes MVC. Perfil epidemiológico da leishmaniose visceral no Brasil, no período de 2010 a 2019. REAS. 2021;13(4):e6931. https://doi.org/10.25248/reas.e6931.2021
9. Sallas J, Elidio GA, Costacurta GF, Frank CHM, Rohlfs DB, Pacheco FC et al. Decréscimo nas notificações compulsórias registradas pela Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Brasil durante a pandemia da COVID-19: um estudo descritivo, 2017-2020. Epidemiol Serv Saúde. 2022;31(1):e2021303. https://doi.org/10.1590/S1679-49742022000100011
10. Paul A, Singh S. Visceral leishmaniasis in the COVID-19 pandemic era. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2023;117(2):67-71. https://doi.org/10.1093/trstmh/trac100
11. Maruf S, Sagar SK, Rashid MU, Uddin MR, Ghosh D, Ghosh P et al. Assessment of treatment outcomes of visceral leishmaniasis (VL) treated cases and impact of COVID-19 on VL management and control services in Bangladesh. J Infect Public Heal. 2023;16(11):1716-21. https://doi.org/10.1016/j.jiph.2023.09.003
12. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Panorama. Censo 2022. [acesso 2024 Jun 07]. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/
13. Silva DPC, Périco E, Silveira EF, Schröder NT. Spaciality of human visceral leishmaniasis in the state of Maranhão, Brazil. Rev Gest Soc Ambient. 2024;18(2):e04501. https://doi.org/10.24857/rgsa.v18n2-033
14. Dahal P, Singh-Phulgenda S, Olliaro PL, Guerin PJ. Gender disparity in cases enrolled in clinical trials of visceral leishmaniasis: A systematic review and meta-analysis. PLOS Neglected Tropical Diseases, 2021;15(3):e0009204. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0009204
15. Cloots K, Burza S, Malaviya P, Hasker E, Kansal S, Mollett G et al. Male predominance in reported visceral leishmaniasis cases: nature or nurture? A comparison of population-based with health facilityreported data. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2020;14(1):e0007995. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0007995
16. Miranda CSC, Souza BC, Filgueiras TCGM, Sousa AM, Peixoto MCS, Filgueiras TCGM et al. Visceral leishmaniasis and land use and cover in the Carajás Integration Region, Eastern Amazon, Brazil. Trop Med Infect Dis. 2022;7(10):255. https://doi.org/10.3390/tropicalmed7100255
17. Reis ES, Ribeiro CJN, Santos AD, Araújo DC, Bezerra-Santos M, Silva ER et al. Magnitude of visceral leishmaniasis and HIV coinfection and association with social determinants of health in the Northeast region of Brazil: a retrospective, spatiotemporal model (2010-2018). Parasitol Res. 2022;121:1021-31. https://doi.org/10.1007/s00436-022-07450-6
18. Burki T. Guidelines for visceral leishmaniasis and HIV co-infection. Lancet Infect Dis. 2022;22(8):1124-5. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(22)00461-3
19. Martins IML, Silva JS, Campos DKO, Oliveira RS, Silva PLN, Carvalho SFG et al. Visceral leishmaniasis: historical series of hospitalized patients and correlation with climate in an endemic area in Minas Gerais, Brazil. J Bras de Patol Med Lab. 2021;57:e2702021. https://doi.org/10.5935/1676-2444.20210045
20. Brito SPS, Lima MS, Ferreira AF, Ramos Jr. AN. Hospitalizações por doenças tropicais negligenciadas no Piauí, Nordeste do Brasil: custos, tendências temporais e padrões espaciais, 2001-2018. Cad Saúde Pública. 2022;38(8):e00281021. https://doi.org/10.1590/0102-311XPT281021
21. Murilo BMC, Andrade Júnior FP, Cordeiro LV, Barbosa VSA. Epidemiological aspects of visceral leishmaniasis in Rio Grande do Norte, Brazil. J Trop Pathol. 2023;52(1):51-65. https://doi.org/10.5216/rpt.v52i1.74030
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 Victor Hugo Ferraz da Silva, Leonardo Luiz de Freitas, Yago Abilio Silva Santos, Diego dos Passos Santiago, Aline Dalarme Gomes Galvão, Sara Maria da Cruz Lima, Beatriz Ferreira Couto, Alexandre Machado de Andrade