ANÁLISE RETROSPECTIVA DO PADRÃO SORO-EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM SUSPEITA DE PARACOCCIDIOIDOMICOSE NO ESTADO DE SÃO PAULO

Resumo

Considerada a oitava causa de mortalidade entre as doenças crônicas, infecciosas e parasitárias no Brasil, a paracoccidioidomicose (PCM) é micose sistêmica, causada por Paracoccidioides brasiliensis. Atividades relacionadas ao manejo do solo contaminado com o fungo são os principais fatores de risco da infecção, caracterizando a PCM como doença ocupacional entre trabalhadores rurais em áreas endêmicas. O Estado de São Paulo apresenta alta prevalência da doença, contudo há dificuldades em se estabelecer a real incidência visto não ser de notificação compulsória. O diagnóstico sorológico é feito pela imunodifusão dupla (ID) e, mesmo não sendo o padrão ouro é de extrema importância por seu baixo custo operacional, fácil execução e menor tempo na obtenção de resultados. Além disso, permite o monitoramento da doença, avaliando a eficácia da terapia anti-fúngica bem como por oferecer subsídios para levantamentos soro epidemiológicos. A distribuição geográfica da PCM no Estado de São Paulo foi avaliada através de estudo retrospectivo utilizando dados secundários de análise sorológica, realizada por ID em amostras de soro de pacientes com suspeita de PCM, de janeiro de 1999 a maio de 2010. As cidades que apresentaram maior reatividade sorológica foram São João da Boa Vista (85%), Piracicaba (75%), Sorocaba (73%), Campinas(72%) e São Paulo (62%). O Estado de São Paulo apresenta clima tropical e subtropical, com temperaturas anuais entre 18 e 24°C, alta pluviosidade (900 a 1800 mm/ano), verões chuvosos e invernos suaves e grandes áreas compostas de solos ácidos. É uma das unidades que mais contribui para a produção agrícola nacional e, separadamente, o maior produtor de suco de laranja, o nono maior produtor de soja e cana e o quarto maior produtor de café. Os achados sugerem que as características climáticas associadas com o tipo de solo e de desenvolvimento primário podem contribuir para o potencial endêmico da PCM no Estado de São Paulo. Suporte Financeiro: Instituto Adolfo Lutz (Projeto CTC-IAL#107/97).