AUMENTO DE CASOS DE COQUELUCHE DIAGNOSTICADOS LABORATORIALMENTE: UM EFEITO DIRETO DA INTRODUÇÃO DA METODOLOGIA DE PCR EM TEMPO REAL OU UMA TENDÊNCIA MUNDIAL?

Resumo

Apesar da vacinação em larga escala, a coqueluche está reemergindo mundialmente e apresenta ciclos hiperendêmicos a cada três ou cinco anos. No Estado de São Paulo houve um grande aumento no número de casos nos últimos dois anos. Pouco antes, o IAL havia introduzido a metodologia de PCR em Tempo Real (PCR-TR) no diagnóstico paralelamente à cultura de secreção de nasofaringe. O objetivo deste trabalho foi analisar o aumento dos casos da doença frente à introdução desta nova metodologia. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo das amostras suspeitas de coqueluche recebidas no IAL-CLR-Campinas desde a introdução da PCR-TR (outubro/2009) até junho/2012, comparando-se com um período anterior, de janeiro/2000 a setembro/2009. Os dados foram retirados do Sistema de Informação e Gestão Hospitalar (SIGH) e livros de registro do setor de Bacteriologia do CLR-Campinas. As técnicas de cultura e PCR-TR seguiram metodologias padronizadas pelo IAL. Resultados: No período anterior à introdução da PCR-TR foram realizadas 710 culturas, sendo 58 (8,2%) positivas para Bordetella pertussis. Após este período,das 1521 amostras recebidas, 254 (16,7%) foram positivas, sendo 91 (35,8%) na cultura e PCR-RT, 18 (7,1%) só na cultura, e 145 (57,1%) somente na PCR-RT. Dentre estas últimas, 68 (46,9%) tiveram a cultura interrompida antes do tempo de cultivo padronizado devido ao alto grau de contaminação nas placas. Conclusão: O método de PCR-TR apresenta alto grau de sensibilidade e especificidade e sofre menos interferência da qualidade da coleta do que o de cultura. Entretanto, o aumento dos casos positivos não pode ser atribuído somente à introdução desta metodologia, visto que a porcentagem de culturas positivas também aumentou e que o número total de amostras recebidas neste período (1/3 do anterior) foi duas vezes maior, coincidindo provavelmente com uma reemergênciada doença que pode ser atribuída a vários fatores como: perda gradual da imunidade adquirida; aumento do número de portadores assintomáticos; aumento da taxa de notificação; seleção natural de variantes resistentes à vacina.