Abstract
Este estudo tem como objetivo caracterizar um total de 290 cepas de Shigella spp. isoladas de casos esporádicos (238 cepas) e surtos (52 cepas) no Estado de São Paulo no período de 2000 a 2008. A identificação bioquímica e a sorotipagem foi realizada para
as cepas isoladas durante o ano de 2008 e também foi feita uma análise comparativa entre as cepas identificadas no período de estudo. Para uma amostragem de 128 cepas de Shigella spp. foi determinado o perfil de resistência aos antimicrobianos. Entre as 290 cepas estudadas, 99 (34%) foram identificadas como S. flexneri e 191 (66%) como S. sonnei, cuja freqüência anual de isolamento demonstrou um aumento gradativo. S. flexneri sorotipo 2 foi identificado com maior freqüência (54%) e para S. sonnei observou-se o predomínio do biótipo B1 (64%). Os resultados dos testes de susceptibilidade antimicrobiana demonstraram que do total das cepas analisadas, 15% de S. sonnei e 4% de S. flexneri foram sensíveis a todos os antimicrobianos. Todas as cepas foram sensíveis a amicacina, gentamicina, imipenem, ceftazidima, cefotaxima, cefepime, aztreonam e ciprofloxacina. Observou-se que 96,4% das cepas de S. flexneri e 85% das cepas de S. sonnei foram resistentes à pelo menos um antimicrobiano. As cepas de S. sonnei e S. flexneri apresentaram altos índices de resistência para Sulfametoxazoltrimetoprim, Ampicilina e Tetraciclina. Os resultados obtidos mostraram que as cepas de Shigella sonneii apresentaram multirresistência para dois até três antimicrobianos e para Shigella flexneri foi observada multirresistência de dois até quatro antimicrobianos. Estes dados demonstraram a importância do monitoramento das infecções gastrointestinais e a análise dos marcadores epidemiológicos que facilitam a detecção precoce de patógenos potencialmente virulentos como Shigella. A vigilância laboratorial da resistência antimicrobiana deve ser realizada para detecção de resistência aos antibióticos de uso na rotina clínica e para a detecção de clones multirresistentes circulantes.

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Copyright (c) 2009 Instituto Adolfo Lutz Journal