DIAGNÓSTICO IMUNOLOGICO NO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO DE PACIENTES COM TOXOPLASMOSE CEREBRAL E AIDS UTILIZANDO PROTEÍNAS EXCRETADAS/SECRETADAS DE Toxoplasma gondii

Abstract

A toxoplasmose é uma infecção cosmopolita e assintomática na maioria dos indivíduos.No entanto, a co-infecção toxoplasmose-AIDS causa a toxoplasmose cerebral (TC) com alta prevalência no Brasil.Os testes imunológicos no líquido cefalorraquidiano (LCR) não determinam casos de reativação e nem distinguem pacientes com TC dos assintomáticos.Estudos mostram que T. gondii  secreta uma grande variedade de proteínas, conhecidas como excretadas/secretadas (ESA), as quais conferem alta
imunogenicidade podendo ser detectadas logo no início da infecção.O presente trabalho visa determinar anticorpos anti-ESA em amostras de LCR e se estes poderiam ser marcadores da infecção ativa.Foram utilizados dois antígenos: 1- ESA, obtido de sobrenadantes de culturas de células VERO 48 horas após a infecção com T.gondii; e 2- Lisado bruto de taquizoítos, obtido de camundongos infectados.Analisamos 270 amostras de LCR de pacientes com AIDS divididos em 3 grupos conforme a presença ou não de toxoplasmose ativa sendo: Grupo I- 100 amostras de pacientes com TC confirmada pela PCR; Grupo II- 103 amostras de pacientes com outras neuroinfecções e positivo para toxoplasmose e Grupo III- 67 pacientes com outras neuroinfecções e sem toxoplasmose.As amostras foram ensaiadas por ELISA, cujos resultados foram expressos por absorbâncias relativas (D.O.amostra/D.O.cut-off) e por Imunoblot.Os resultados foram concordantes em ambos os ensaios. O antígeno ESA foi mais reativo nos LCRs do Grupo I com média de 8.8.No Grupo II a media foi de 2.8. O lisado bruto de taquizoítos apresentou similar reatividade nos LCRs dos Grupos I e II. (médias de 6.9 e 4.2 respectivamente).O Grupo III teve médias de 0.5 para ambos os antígenos. Estes dados mostram que lisado bruto de taquizoítos, largamente utilizado nos testes sorológicos convencionais, não foi capaz de diferenciar amostras de LCR de ambos os grupos. Em contraste, o antígeno ESA, comprovando ser um bom marcador imunológico, foi capaz de diferenciar pacientes com TC dos outros grupos.